As viagens de avião são, geralmente, seguras para a mãe e para o feto. «Em voos domésticos, as companhias aéreas permitem, habitualmente, que as grávidas viajem até às 36 semanas de gestação. Para voos internacionais, o limite é de 35 semanas e, de preferência, com uma nota do obstetra atestando que não existe problema em viajar», explica o infeciologista Jorge Atouguia. Além disso, «é obrigatório fazer consulta do viajante, porque pode necessitar de vacinas e de medicações especiais que podem ter implicações na gravidez», refere.

«Se necessário, o especialista em medicina do viajante e o obstetra deverão contactar-se para decidir sobre os aspetos técnicos das medidas preventivas», acrescenta o especialista. Jorge Atouguia sublinha ainda que «a grávida não deve fazer vacinas vivas atenuadas, como a da febre amarela. Assim, destinos em que esta vacina seja obrigatória estão desaconselhados a grávidas que a tenham de fazer. No caso das mulheres que a fizeram antes de engravidar, não há problema», assegura o especialista.

Mesmo nos casos em que os destinos não impliquem grandes precauções, o bom senso deve sempre imperar. «Porque, idealmente, a grávida não deve adoecer, todos os destinos onde exista um risco elevado de contrair alguma doença devem ser evitados, assim como aqueles onde possam existir traumatismos possíveis para o bebé (viagens longas por estradas degradadas, por exemplo)», sublinha Jorge Atouguia, habituado a repetir este conselho em muitas das suas consultas com grávidas.

Os conselhos do especialista

- Todas as medidas para evitar a doença num viajante saudável e num determinado destino exigem, numa grávida, muito mais atenção e esforço para as cumprir.

- Antes de viajar, deve informar-se junto do seu obstetra sobre as atitudes a ter perante dores e hemorragias, os principais sinais de alerta a ter em conta.

- Deve levar um kit de farmácia receitada pelo obstetra e questioná-lo sobre o que fazer em caso de doença.

- Se houver risco de traumatismo repetido (devido a más estradas, por exemplo), e sobretudo em períodos mais avançados da gravidez, deve levar uma cinta de apoio lombar.

Cuidados a ter em destinos tropicais

«Se esteve em locais de risco e teve algum sintoma durante a viagem, deve consultar o seu obstetra. Se esteve em regiões tropicais, sobretudo zonas endémicas de malária, deve consultar um especialista em medicina do viajante ou medicina tropical, perante qualquer sintoma anormal», recomenda Jorge Atouguia. Se está grávida leve consigo informação relativa à gravidez, nomeadamente o boletim de saúde da grávida, ecografias e resultados de análises. Deste modo, se houver algum problema ou se surgir alguma complicação poderá, mais facilmente, solucionar o assunto.

Texto: Lia Pereira com Jorge Atouguia (infeciologista)