Não confie cegamente nas aplicações que supostamente previnem a gravidez. Muitas mulheres que o fizeram foram obrigadas a lidar com uma gravidez inesperada. O uso de apps com esta finalidade cresce por toda a Europa, embora apenas uma, a sueca Natural Cycles, esteja certificada.
Os números são bastante elucidativos: em 2017 houve 200 mil mulheres a recorrerem a este método. Ainda assim, os dados sobre o seu sucesso estão longe de ser consensuais. No início de 2018, mesmo a certificada aplicação sueca teve de lidar com notícias pouco simpáticas: um hospital participou 37 casos de gravidez indesejada às autoridades. Todas estas mulheres utilizavam a Natural Cycles.
Sarah Hardman, diretora da unidade clínica da Faculdade de Saúde Sexual e Reprodutiva, da Universidade de Edimburgo, revelou recentemente ao diário The Guardian a sua preocupação com esta tendência. «Ainda não podemos assegurar qual a taxa de sucesso destas aplicações junto das utilizadoras. Mas, antes de aderirem, as mulheres devem estudar bem este método. É novo e não se compara a nada do que existia anteriormente.»
A oferta cresce e cada marca vai promovendo as suas potencialidades. A Natural Cycles exige que as utilizadoras insiram a sua temperatura todas as manhãs. A seguir faz um cálculo do ciclo menstrual e informa-as de quando podem fazer sexo sem proteção. Já a norte-americana Kindara permite às mulheres acompanharem todo o processo reprodutivo: da temperatura do corpo ao aspeto do muco cervical. A Ovia, por seu turno, é capaz de monitorizar o humor. Qualquer uma delas identifica o período de ovulação e o de maior fertilidade.
A pretensão de monitorizar os ciclos férteis não é nova, tendo começado nos anos de 1930 com os ginecologistas Hermann Knaus e Kyusaku Ogino. Foram estes os dois médicos que revelaram que a ovulação ocorre a meio do ciclo menstrual. Tal descoberta levou ao desenvolvimento de diversas práticas contracetivas, nomeadamente os métodos de avaliação diária de temperatura.
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