Crioestaminal
O parto é um momento único para o bebé, no qual podem colher-se dois tipos de células estaminais – as do sangue e as do tecido do cordão umbilical – de forma simples e totalmente indolor para a mãe e para o bebé.
Através da criopreservação, estas células podem ser armazenadas por longos períodos, de forma a estarem disponíveis a qualquer momento, para eventuais tratamentos. De modo a guardar as células estaminais, o sangue e o tecido do cordão umbilical devem ser colhidos no momento do parto e a criopreservação deve ser feita dentro das primeiras 72h.
A criopreservação consiste em conservar as células por longos períodos, a baixas temperaturas (-196º C), sem que estas percam a sua viabilidade, podendo ser facilmente descongeladas para utilização em caso de necessidade, para o tratamento de várias doenças.
Atualmente, as células estaminais do sangue e do tecido do cordão umbilical são armazenadas durante 25 anos, pois é este o período em que, de acordo com os últimos estudos publicados, a viabilidade celular é assegurada.
A importância das células estaminais do cordão umbilical
Até ao nascimento, o cordão umbilical é o elo de ligação entre o feto e a placenta e permite que o sangue da mãe forneça nutrientes e oxigénio ao feto, necessários ao seu desenvolvimento.
Após o nascimento, o sangue do cordão umbilical pode ser colhido com o objetivo de guardar as células estaminais nele contidas. O sangue do cordão umbilical é rico em células estaminais capazes de gerar todas as células do sangue: glóbulos brancos, glóbulos vermelhos e plaquetas.
Há mais de 30 anos que o sangue do cordão umbilical é utilizado em transplantes, cujo objetivo é substituir a medula óssea doente ou deficitária de um indivíduo, por células estaminais saudáveis, permitindo a sua regeneração.
Em todo o mundo, já foram realizados mais de 60.000 transplantes, em adultos e crianças, com células estaminais do sangue do cordão umbilical para o tratamento de mais de 90 doenças.
Para além do sangue, também o tecido do cordão umbilical é rico em células estaminais. O tecido do cordão umbilical é uma fonte de células estaminais mesenquimais, que têm a particularidade de poderem dar origem a cartilagem, osso e músculo, entre outros tecidos, o que lhes permite promover a regeneração de tecidos danificados tendo, além disso, a capacidade de regular o sistema imunitário. Estas características conferem-lhes um enorme potencial para o tratamento de diversas doenças, nomeadamente doenças de caráter autoimune.
Quando colher as células estaminais do sangue do cordão umbilical?
O sangue do cordão umbilical apenas pode ser colhido no momento do nascimento.
Após o nascimento, o cordão umbilical é clampado e cortado. Isto pode ser feito imediatamente após o nascimento ou segundos depois.
Geralmente, considera-se clampagem tardia aquela que é realizada 30 ou mais segundos após o nascimento. O tempo de espera ideal para realizar a clampagem do cordão não é consensual e várias entidades emitiram pareceres acerca do tempo de clampagem do cordão umbilical. A Organização Mundial de Saúde (OMS) defende que este procedimento não deve ser feito antes de decorrido um minuto após o nascimento e o Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas (ACOG) recomenda aguardar pelo menos 30-60 segundos após o nascimento para realizar este procedimento.
Quais as vantagens da clampagem tardia do cordão umbilical?
A clampagem tardia do cordão umbilical pode ajudar a evitar problemas como a anemia – já que aumenta as reservas de ferro do bebé até aos 6 meses após o nascimento. No caso de bebés prematuros, estudos revelam uma redução na taxa de hemorragia intraventricular cerebral e menor necessidade de transfusões de sangue quando a clampagem tardia do cordão umbilical é praticada.
Os benefícios são reconhecidos, mas alerta-se também para a possibilidade de complicações resultantes de uma clampagem tardia do cordão, que pode conduzir a policitemia (aumento considerável dos níveis de hemoglobina no sangue) ou a icterícia, que exige fototerapia e prolongamento do internamento em hospital.
É possível fazer a colheita de sangue do cordão umbilical e a clampagem tardia do cordão umbilical?
Sim. O importante é respeitar criteriosamente os tempos. Por isso, após a clampagem do cordão umbilical, pode fazer-se a colheita do sangue do cordão umbilical para criopreservação das células estaminais, em segurança. A colheita deve iniciar-se imediatamente após a clampagem de modo a ser colhido o maior volume de sangue possível.
Regra geral, quanto maior o volume de sangue, maior o número de células colhidas e armazenadas, o que pode significar uma maior probabilidade de sucesso em caso de transplante. A colheita do tecido do cordão umbilical é independente da colheita de sangue, podendo ser realizada a qualquer momento, sem implicações para o tecido colhido.
Sejam quais forem as decisões tomadas, antes do momento do parto, os pais devem já ter definido o seu plano de parto e incluí-las no mesmo. Caso queiram optar pela clampagem tardia e fazer a criopreservação de células do sangue do cordão umbilical, essas decisões devem ser comunicadas à equipa médica responsável pelo parto.
Saiba mais aqui sobre as células estaminais do sangue e do tecido do cordão umbilical.
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