1.    A fertilidade feminina é determinada essencialmente por factores genéticos e pela quantidade de óvulos com que cada mulher nasce

As mulheres nascem com cerca de 2 milhões de óvulos nos seus ovários. Por cada ovulação ocorrida durante a sua vida reprodutiva, cerca de 1000 desses óvulos passam por um processo de morte celular programada. Certos comportamentos de risco, como o consumo de drogas ou tratamentos como a quimioterapia podem acelerar este processo de morte celular e tornar mais provável a ocorrência de menopausa precoce. O número de óvulos com que as mulheres nascem determina também o tempo durante o qual uma mulher se mantém fértil.

 

2.    Ciclos menstruais regulares são sinal de ovulação normal

 

A maioria das mulheres tem ciclos regulares e previsíveis, com uma duração constante e que normalmente se situa entre os 24 e 35 dias. Há no entanto doenças, como o síndroma dos ovários poliquísticos, que se caracterizam pela existência de ciclos anovulatórios, isto é, em que não ocorre a libertação de um óvulo a partir dos ovários.

 

3.    O controlo da temperatura basal não é a forma ideal de identificar o momento da ovulação

 

Um dos métodos mais antigos para identificar o momento da ovulação envolve a medição por via retal da temperatura do corpo de manhã, antes de se fazer qualquer esforço (temperatura basal). Teoricamente um pico na temperatura basal é um sinal que está a ser produzida progesterona, o que significaria a existência de uma ovulação recente. Contudo, como esta temperatura só sobe após a ocorrência da ovulação, é difícil a programação das relações sexuais para o momento ideal. Um método mais rigoroso para identificar a ocorrência da ovulação será a utilização de kits que detetam a presença na urina da hormona que desencadeia a ovulação, a chamada hormona luteinizante (LH).

 

4.    A maioria das mulheres com obstrução das trompas desconhece que este problema poderá ter tido origem numa infeção pélvica

 

Cerca de 10% dos casos de infertilidade são devidos a problemas nas trompas que consistem na respetiva obstrução total ou parcial, com consequente perda de funcionalidade. A principal causa destes problemas nas trompas é uma doença sexualmente transmissível causada por uma bactéria chamada Chlamydia trachomatis. As infeções por esta bactéria são normalmente silenciosas, causando tão poucos sintomas que podem passar completamente despercebidas. Normalmente os casos de obstrução de trompas são de mulheres que tiveram relações sexuais desprotegidas em idades mais jovens e só descobrem este problema anos mais tarde, quando tentam engravidar e não conseguem.

É por este motivo que nas consultas de Medicina da Reprodução é frequentemente solicitado um exame chamado histerossalpingossonografia, que consiste na administração de um produto de contraste no útero, tirando-se de seguida uma radiografia que permite verificar se a funcionalidade das trompas.

 

5.    Na maioria dos casos o stress não causa infertilidade

 

Exceto em casos raros de stress extremo, físico e emocional, nas mulheres o stress só raramente altera a ovulação. O mito urbano de que a concepção é mais provável quando se está de férias está provavelmente menos relacionado com o relaxamento do que com a disponibilidade e timing das relações sexuais.

 

6.    Após os 42 anos a maioria das mulheres é infértil, mesmo que continue a menstruar regularmente

 

Embora cada caso seja um caso, mesmo com tratamentos de fecundação in vitro as taxas de conceção com óvulos próprios são bastante baixas após os 42 anos. A maioria das mulheres que engravidam nesta idade ou mais tarde recorre a tratamentos com doação de óvulos de mulheres mais jovens, cuja probabilidade de sucesso é extremamente elevada.

 

7.    O facto de já ter engravidado anteriormente não garante que consiga engravidar novamente

 

São múltiplos os casos de infertilidade secundária, em que casais que não tiveram qualquer dificuldade na obtenção de uma primeira gravidez não conseguem ter um segundo filho. Estes problemas podem acontecer devido a múltiplos fatores, como o aumento da idade da mulher ou a diminuição da qualidade do esperma do homem (causada por causas como a exposição a agentes tóxicos, consumo de medicamentos, álcool, tabaco ou drogas, etc.).

 

8.    Na maioria das vezes, a dieta tem pouco ou nada a ver com a fertilidade

 

Apesar de ser popular a relação da comida com a fertilidade, existem poucos dados científicos que comprovem uma estreita relação entre o que se come e a fertilidade de cada pessoa. Está no entanto claramente demonstrado que a obesidade está associada a uma diminuição na fertilidade, principalmente nas mulheres. Por vezes basta uma diminuição de 10% no peso corporal para que uma mulher passe a ovular normalmente!