Já não existem dúvidas de que, de facto, o exercício é realmente benéfico para o desenvolvimento das crianças a diversos níveis e essencial na prevenção de doenças como obesidade infantil, diabetes ou hipertensão. Mas será que existem realmente melhorias a nível cognitivo e melhorias na aprendizagem associadas ao exercício?

Existe ainda pouca informação/investigação sobre os efeitos que o exercício tem ao nível do desenvolvimento cognitivo das crianças; é uma área ainda muito cinzenta, o que se deve em grande parte à falta de estudos científicos e à indefinição nos resultados obtidos nos estudo já realizados. Assim sendo, não é possível estabelecer uma relação direta e concreta no que toca à duração ou número de vezes por semana, necessárias para que haja efeitos notórios ou, em última análise, se os efeitos se mantêm mesmo após a cessação da atividade física.

A prova disso mesmo está nas revisões de vários artigos realizadas tanto pela American College of Sports Medicine como pelo Journal of Science and Medicine in Sport que concluiu que, “a atividade física poderá ter efeitos benéficos no desenvolvimento cognitivo durante a infância” e que “melhorias nas funções executivas estão geralmente associadas a sessões agudas de exercício bem como melhorias no desempenho escolar” mas que, no entanto, “devido à falta de informação e fraca qualidade da investigação atual é necessária investigação futura para reforçar os resultados”, corroborando a informação já obtida por Tomporowski. Já Chaddock-Heyman são mais específicos e apontam para diferenças no tamanho do cérebro das crianças, sendo que as mais ativas fisicamente têm áreas maiores do que as fisicamente menos ativas, mais especificamente ao nível dos núcleos da base e do hipocampo (áreas com forte impacto no controlo cognitivo e memória).

Assim, com base na investigação atual, é possível depreender que, de facto, existe alguma evidência que aponta no sentido da existência de melhorias a nível cognitivo das crianças, principalmente no que toca a funções executivas, ou seja, funções mais ligadas ao controlo emocional, memória de trabalho e flexibilidade cognitiva sendo que, desportos coletivos e de cooperação poderão ter um maior impacto devido à sua complexidade.

Apesar de não ser possível identificar com clareza quais os efeitos do exercício físico no desempenho cognitivo da criança, a qual a sua extensão, podemos afirmar que parece provocar um impacto positivo no desenvolvimento das crianças sendo, por isso, benéfico para as mesmas.

Francisco Santos

Personal Trainer Holmes Place