Nos últimos anos, muito se tem falado de inteligência emocional (IE). Autores como John Mayer, Peter Salovey ou Daniel Goleman lançaram este conceito para a ribalta e, desde aí, tem-se assistido a um crescimento do interesse e da investigação nesta área.
Mas, afinal, o que é a IE e porque é tão importante? A inteligência emocional pode ser entendida como a capacidade de identificar (em nós mesmos e nos outros) e gerir as emoções. É a capacidade para responder às emoções de forma empática, cooperativa e ajustada.
Esta capacidade permite-nos, por exemplo, desenvolver e manter relações sociais saudáveis, gerir impulsos, persistir num objetivo (mesmo que frustrados) e alcançar o bem-estar emocional.
As numerosas investigações mostram que pessoas com maior capacidade de identificação e gestão emocionais são mais eficazes a lidar com as adversidades e, consequentemente, revelam um maior nível de bem-estar psicológico (e.g. menor nível de ansiedade ou conflitos interpessoais).
Tal como é válido para todas as competências, quanto mais cedo se cultivar, promover, e desenvolver a inteligência emocional nas crianças, mais eficazes elas serão a gerir as suas emoções.
É importante perceber que uma criança emocionalmente inteligente não é uma criança que não chora, não se irrita, não se sente ansiosa... mas sim uma criança que terá a capacidade de reconhecer essas emoções em si e, consequentemente, geri-las de forma mais hábil. Uma criança emocionalmente inteligente estará mais disponível para receber as suas emoções, aprendendo e aperfeiçoando formas de lidar com elas (quer as mais agradáveis, quer as menos agradáveis) em si e nos outros. Uma criança emocionalmente inteligente será mais empática e assertiva nas suas relações sociais.
Não há duvida de que a inteligência emocional é uma poderosa aliada da saúde mental das nossas crianças. Quanto mais desenvolvermos nelas esta capacidade, maior será o impacto positivo no seu bem-estar social, académico e psicológico.
Por esta altura, já deve ter surgido na sua cabeça a pergunta chave: “mas afinal, como desenvolver a inteligência emocional nos meus filhos?”... Talvez não fique surpreendido se lhe disser que... começa CONSIGO!
Para sermos educadores emocionais, temos que começar por saber gerir as nossas próprias emoções. Já reparou como o/ seu/sua filho/filha, às vezes, faz/diz algo que você não ensinou ativamente?! É exatamente assim.... A aprendizagem também acontece por observação do comportamento e a gestão das emoções também se ensina dessa forma.
Se você perceber o que o ativa emocionalmente, sobretudo quando confrontado com determinadas emoções do seu filho, estará já a melhorar a sua eficácia a gerir e a ensinar a gerir as emoções dos seus filhos.
Se for eficaz na sua própria gestão emocional, então saberá reconhecer e aceitar as emoções dos seus filhos, ajudando-os na expressão emocional, que é, seguramente, um dos pilares da inteligência emocional.
Maria João Silva - Psicóloga Clínica & Psicoterapeuta PIN (Progresso Infantil) Coordenadora Internacional SMA (Selective Mutism Association)
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