A criança entra na escolaridade obrigatória aos seis anos, num espaço coletivo de outras crianças e adultos. Lá estará um professor para a receber e a partir daí passaremos a ouvi-la dizer com toda a convicção “ o meu professor” e “a minha sala “, que, entrelaçados, são os pilares da sua vida escolar durante quatro anos. E o recreio claro. Esse recreio de que os alunos de 15 anos elegem como o que de mais atrativo tem a escola. Antes muito pobres, os espaços de recreio têm vindo a ser apetrechados com materiais que permitem diversidade de jogos e brincadeiras. Uns maiores do que outros, uns construídos há muitos anos, outros mais recentes.
O recreio ao ar livre é um dos grandes palcos de aprendizagem, é um espaço educativo para a criança fazer brincadeiras que são experiências importantes para desenvolver a criança e o aluno. Porque se quer que uma e outra coexistam, pacificamente.
O que se pode fazer naquele espaço? Muita coisa ou nem por isso? Tem estímulos variados, alguns desafiadores? Tem árvores? Poderá sentir ali as árvores, observá-las, receber as suas energias abraçando-as? E haverá espaços libertos de equipamentos para se fazerem brincadeiras à vontade? Darão para correr, saltar, jogar, inventar? Espaços assim darão certamente para a criança brincar sozinha quando lhe agradar. Para estar com os amigos do costume. Para estar com colegas que não são da turma e fazer novos amigos. Para juntar o jogo livre e a atividade física e com eles fazer escolhas, tomar decisões, viver emoções de ganhar e perder, ajudar a resolver problemas quando há conflitos ou a evitá-los, gastar energias para voltar a concentrar-se nas aulas seguintes. Vivencia e APRENDE, claro está! Coisas que até estão no programa, imagine-se.
Com tantas horas na escola, o que importa saber é que importância dão a estes espaços a escola, o agrupamento, as autarquias e também, e verdadeiramente, os pais. Sim, os pais, porque o seu filho não nasceu aluno. São-lhe dadas condições para se fazer aluno. Que aluno se quer fazer dele? Convém pensar nisso. Os espaços de intervalo e de recreio contam. E muito.
E agora, como eu, você vai sorrir ao imaginar o quadro que presenciei há dias. Uma mãe com um bebé ao colo, colocou-o no chão, numa parte do recreio espaçosa, enquanto esperava pelo irmão. O bebé desata a correr e volta para junto da mãe, e faz nova corrida e volta, repete várias vezes e ri, ri, ri… de felicidade, claro. A liberdade e a felicidade mesmo ali.
Maria de Lurdes Monteiro
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