A capacidade de comunicação encontra-se presente desde o nascimento. O bebé nos primeiros meses de vida já consegue comunicar. Numa fase inicial, a comunicação tem a função de satisfazer as necessidades básicas do bebé e é feita essencialmente através do choro, que pode ser diferenciado consoante as diferentes intenções (fome, sono, dor, fralda suja…). Com o passar do tempo os pais conseguem interpretar os diferentes tipos de choro e responder às necessidades do bebé.

Para além da satisfação de necessidades básicas, o bebé comunica para partilhar a interação com os outros. É capaz de iniciar, manter e responder às interações através do olhar, do sorriso e das expressões faciais. Revela-se um comunicador competente, ao conseguir captar a atenção e resposta dos interlocutores, guiando as trocas comunicativas.

Neste sentido, desde muito cedo podem ser encontrados sinais indicativos da presença de dificuldades na comunicação e interação social, aos quais deve ser prestada atenção:
• Não reagir a estímulos sonoros ou visuais, demonstrando uma atitude tendencialmente mais passiva;
• Não estabelecer contacto visual para regular a interação com o outro;
• Não direcionar a atenção, não olhando para um objeto quando alguém aponta;
• Não sorrir, de forma a mostrar agrado e reciprocidade na interação;
• Não reagir ao nome, não olhando para a pessoa que o chama;
• Não compreender instruções simples, como por exemplo “dá a bola”;
• Não produzir vocalizações ou deixar de as produzir;
• Não apresentar iniciativa comunicativa, não procurando o outro para a interação;
• Não apontar, para mostrar algo ou fazer pedidos;
• Não demonstrar interesse por brincadeiras de “faz-de-conta”, fazer “cucu” ou cócegas;
• Não dizer as primeiras palavras com cerca de 1 ano de idade.

É importante ter em consideração os sinais existentes, de forma a que seja possível realizar uma avaliação atempadamente. Uma avaliação especializada irá permitir formalizar um diagnóstico precoce para que seja possível um maior conhecimento das caraterísticas e necessidades da criança. A partir desta avaliação será possível delinear um plano de intervenção terapêutica com a família e com os elementos educativos. Quanto mais precocemente forem identificadas as dificuldades, maior a probabilidade de serem alcançadas evoluções com a contribuição de todos os que interagem com a criança.

Considerando a importância da comunicação desde o nascimento, no caso de existirem dúvidas relativamente ao desenvolvimento da comunicação, é fundamental consultar um terapeuta da fala, uma vez que este é o profissional responsável pelo “desenvolvimento de actividades no âmbito da prevenção, avaliação e tratamento das perturbações da comunicação humana, englobando não só todas as funções associadas à compreensão e expressão da linguagem oral e escrita mas também outras formas de comunicação não verbal.” (Decreto-lei nº 564/99 de 21 de Dezembro).
Assim que os sinais de alerta sejam identificados, nunca é cedo demais para procurar um Terapeuta da Fala.

Texto de: Ana Paris Leal/Ana Rita Santos/Ângela Marina de Jesus
Terapeutas da Fala – Núcleo das Perturbações do Espetro do Autismo e Défices Cognitivos

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