A Organização Mundial de Saúde (OMS) é clara: as crianças devem ingerir, pelo menos, 400gr por dia entre fruta e vegetais. Contudo, um estudo recente da Associação Portuguesa de Dietistas (APD), que quis perceber até que ponto os pais davam todas as vitaminas necessárias aos seus filhos, entre os 4 e os 10 anos, chegou a conclusões preocupantes. Entre elas, que há pouca insistência e falta de criatividade nas receitas, que existe uma fácil desistência da oferta de legumes nas refeições das crianças quando elas os recusam e que 20% das mães inclui vegetais nas refeições apenas 1 a 2 vezes por semana.

Zélia Santos, presidente da APD, explica que o ideal será dar à criança “uma peça de fruta ao pequeno-almoço, juntamente com leite, pão ou cereais; outra peça a meio da manhã; o almoço deve ser composto por um prato de sopa de legumes seguido do prato principal, que deverá ter também uma porção de legumes; novamente uma peça de fruta durante a tarde e; ao jantar, repetir a fórmula do almoço.”

E desengane-se quem acha que comer legumes na sopa é suficiente. “É importante que o prato da criança seja sempre composto por uma porção de vegetais (80gr); uma porção de massa, arroz, leguminosas secas ou batatas (fontes de hidratos de carbono) e peixe ou carne, fonte de proteínas de alto valor biológico. A sopa ajuda, mas para serem consumidas as 400gr de fruta e legumes por dia, os legumes só na sopa não são suficientes” – explica a mesma responsável.

A escola é fundamental na saúde alimentar das crianças

Zélia Santos defende que “os refeitórios e cantinas escolares são, sem dúvida, um espaço a investir na aplicação dos conceitos de alimentação saudável, bem como no ambiente envolvente associado ao ato da refeição, sendo o local prioritário a disseminar conceitos de educação para a saúde, em concreto na saúde alimentar.” Esclarece, ainda, que “existem orientações por parte da Direção Geral de Educação no sentido de fomentar e aplicar os princípios de uma alimentação saudável, orientações estas que contemplam uma vasta lista de alimentos permitidos por grupos, frequência e variedade, capitações, sazonalidade de produtos hortícolas e frutas, componentes da ementa, bem como orientações para a monitorização.”

Seja como for, e por mais saudáveis e variadas que sejam as ementas escolares das crianças, para ir ao encontro das quantidades de fruta e vegetais que a OMS recomenda, é importante que os pais os contemplem também ao jantar. No estudo realizado pela APD percebeu-se que muitos dos pais, por saberem que as refeições escolares continham vegetais, acabavam por dispensá-los ao jantar.

“Não quero comer. Eu não gosto disso!”

A partir de uma determinada idade das crianças, esta deve ser das frases mais ouvidas pelos pais durante as refeições. Por mais que não gostem, seja aborrecido e muitas vezes dê azo a birras, os pais não se podem esquecer que a criança ainda se está a habituar aos paladares e, no caso concreto dos vegetais, como eles são, na sua maioria, amargos, não são dos alimentos mais fáceis de gostar. No entanto, isso não significa que se deva desistir de os dar. Pelo contrário! A presidente da APD é perentória em dizer se deve “insistir com o mesmo alimento à mesa pelo menos 10 vezes, antes de tecer alguma conclusão sobre as preferências da criança.”

Sofia Patrício

 

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