Um inquérito feito a 7.000 crianças com seis, oito e dez anos pela entidade britânica Childrens Society mostra que a maior causa de infelicidade dos mais pequenos é a sua aparência, sendo as raparigas as mais afetadas. Os investigadores atribuem responsabilidades à sociedade consumista e superficial em que vivemos, onde a aparência tem extrema importância, e à precoce sexualização das crianças nos media e nos anúncios.

A baixa autoestima e dificuldades nas escolas são os restantes problemas mais referidos pelos mais pequenos. De acordo com a maioria dos especialistas, apenas a partir dos oito anos é que podemos falar de uma verdadeira perceção de autoestima por parte da criança. Inicia-se aí, com maior amplitude, um processo de aprendizagem que pais, familiares e educadores devem acompanhar, incentivar e influenciar positivamente.

3 conselhos que ajudam a elevar a autoestima de uma criança

Habituadas a lidar com crianças com uma imagem menos positiva de si, a terapeuta familiar Audrey Akoun e a psicóloga clínica Isabelle Pailleau apontam três estratégias a que pode recorrer para ajudar o seu filho:

1. Reconheça o valor e as competências da criança

Muitos pais evitam os elogios para que o filho não se torne numa pessoa convencida. Para as especialistas, o problema não está nos elogios mas, sim, no modo como são feitos. Elogiar a criança por tudo e por nada é um erro a evitar a todo o custo. Se ele não tem talento para as artes, de nada serve dizer que será um futuro Picasso. Mas também não o felicite apenas em ocasiões excecionais. Valorize os seus (pequenos) feitos e conquistas diariamente. De forma equilibrada e sem exageros.

2. Estimule a curiosidade da criança

Os mais pequenos são naturalmente curiosos, tendo o hábito de fazer muitas perguntas. Nestas situações, quando confrontado com um «Porque é que», seja paciente e procure dar à criança explicações simples e sucintas e evitando respostas como «Porque sim». Segundo as especialistas, esse tipo de respostas desencoraja e desincentiva as crianças a saber mais, levando muitas também a pensar que as suas interrogações são insignificantes.

3. Faça a criança ver que errar também é uma forma de aprender

Os pais querem sempre o melhor para os filhos e muitos vão ao ponto de levar a obsessão pelo perfeccionismo ao máximo. Não se enerve. Se a criança não consegue acertar nas contas dos trabalhos de casa à primeira ou se demora mais do que a média para atar os atacadores das sapatilhas, não a pressione demasiado. O melhor é ajudá-la nessas tarefas, sem nunca se exaltar, explicando-lhe que, se for fazendo várias tentativas, com o passar do tempo será bem sucedida.