Para as jovens mães que cuidam pela primeira vez de um recém-nascido, a frase «ainda sou do tempo...» pode ter dois sentidos.

Uma grande ajuda ou uma verdadeira dor de cabeça.

A maior parte das avós faz questão de ajudar a cuidar do mais novo elemento da família, só que por vezes este gesto confunde ainda mais as mães inexperientes. Entre as recomendações do pediatra e as dicas das avós, o que fazer?

A saber viver recuperou as principais regras, dicas e mezinhas e submeteu-as à análise do pediatra Paulo Oom.

A chupeta

A utilização da chupeta continua a dividir opiniões. Deverá ser dada aos bebés logo na primeira semana de vida ou apenas para dormir? Perante a regra antiga que proíbe o seu uso durante o período em que a mãe estiver a amamentar, pois a criança poderá não querer mamar.

Paulo Oom assegura que «a chupeta pode ser dada ao bebé a partir do momento em que a amamentação estiver estabelecida, em regra ao fim de alguns dias de vida. É um objeto apaziguador que acalma o bebé com a sucção».

Os micróbios

Esterilizar o biberão, a chucha e outros utensílios do bebé até que este complete um ano é, para a maioria dos pais, uma etapa obrigatória. Na opinião do pediatra, «a esterilização foi uma forma essencial de evitar as doenças infeciosas quando as condições de higiene e tratamento de águas não eram as ideais».

«Nos tempos que correm, nas cidades do mundo ocidental, a esterilização da água, tetinas e biberões não é necessária em qualquer idade. Basta lavar cuidadosamente como qualquer utensílio, seja louça ou roupa», refere ainda.

Dormir sozinho

A partir de quando deve o bebé mudar-se para o seu próprio quarto?

Muitos apontam os nove meses como a data-limite.

Segundo o pediatra, «O bebé deve dormir no quarto dos pais até fazer a noite completa ou próximo disso por uma questão de comodidade».

Já por razões de segurança, deverá dormir no mesmo quarto «pelo menos até aos quatro meses». O risco de morte súbita gera muitas preocupações, mas a ideia que dormir de barriga para cima é perigoso, na opinião de Paulo Oom, «não faz sentido». «A única posição considerada perigosa é a de barriga para baixo, que está relacionada com uma maior incidência da síndrome de morte súbita», salienta.

Sair à rua

Durante o primeiro mês, tente ignorar os olhares reprovadores das avós quando a virem a agasalhar o bebé e preparar o carrinho para sair à rua. Principalmente se estiver mesmo a precisar de descontrair e apanhar ar.

«Se possível o bebé deve ficar em casa no primeiro mês, o que não deve impedir a mãe de sair à rua. Costumo dizer que o bebé vai passear no parque não porque ele precisa, mas porque a mãe precisa», sublinha.

Seja em casa ou na rua, evite agasalhá-lo demasiado, para que não transpire. Vista-o de acordo com a estação do ano e não avalie a temperatura do bebé pelas mãos ou pés já que, por norma, estão mais frios do que o resto do corpo.

Os primeiros passos

Diz a tradição que, a partir dos seis meses, não se deve manter um bebé de pé (apoiado pela mãe) pois há o risco de este ficar com as pernas tortas. Para o pediatra Paulo Oom, este gesto «desde que feito ocasionalmente, como geralmente é o caso, não tem influência nas pernas da criança».

O mesmo não se pode dizer do uso de andarilhos «que podem deformar as pernas do bebé», sabia alerta o especialista.

O choro e o colo

Perante uma crise de choro do bebé, ignore as recomendações que dizem que é benéfico para o seu desenvolvimento.

«Não tem qualquer interesse o chorar para desenvolver os pulmões», defende Paulo Oom.

«Se o bebé chora deve ser consolado ao fim de alguns minutos, se ainda não aprendeu a consolar-se sozinho», acrescenta ainda. O mesmo se aplica à ideia que defende não dar colo aos mais pequenos para que não fiquem mal habituados. «Nem oito nem oitenta. O bebé aprende também por hábito, logo deve ter colo quanto baste», realça o pediatra.

O banho

Ao contrário do que se pensa, o banho diário do bebé não é obrigatório, podendo ser realizado apenas dia sim, dia não (sobretudo se este tiver pele seca). A água deve estar à temperatura do corpo (37 graus) e, após a lavagem, a pele do bebé deve bem limpa e hidratada, prestando-se atenção às dobras na zona do pescoço, braços e pernas.

Tratar do cordão umbilical pode ser motivo de preocupação. O senso comum manda tapá-lo com gaze depois de desinfetar, o que para o pediatra «devia ser proibido. Depois de desinfetar, o cordão deve ficar ao ar pois isso ajuda a cicatrização».

Texto: Sónia Ramalho com Paulo Oom (pediatra)