Há pouco, publiquei um post no blogue no qual refiro que sinto saudades de ter uma "leveza" na cabeça (e no coração), algo que tinha antes de ser mãe. Com isto quis dizer que sentia saudades de ter uma pausa, até mais psicológica do que propriamente física, e de me conseguir desconectar de tudo (e todos). Uma saudade nostálgica mas em que nada voltava atrás.

Não sei se foi quando o meu primeiro filho nasceu ou pouco antes que alguém me disse (penso que terá sido a minha mãe) que depois de termos filhos nunca mais dormíamos da mesma forma. Na realidade e sem saber, a minha mãe previu o meu futuro, pois realmente desde então e até aos 3 anos do miúdo muito pouco dormimos. Mas aquilo a que ela se estava a referir era a preocupação que temos na cabeça (e no coração) mal eles nascem até, bem, penso que será até sempre. Portanto, nesta perspetiva, o Dia da Criança são todos os momentos desde o dia primeiro (se bem que podem argumentar que começam logo com o primeiro dia da gravidez).

Inútil é explicar esta minha teoria ao meu filho, que desde a véspera só falava no Dia do Filho. Dia do Filho, pois, se há um Dia da Mãe, em que ele fez um surpresa, se há um Dia do Pai, em que também fez um surpresa, logo haverá também o Dia do Filho, em que ele, filho, terá uma surpresa.

O que é certo é que nos preocupamos. Com eles, se comem e se dormem, se fazem cocó e se arrotam, se vão para a creche e se têm roupa, se estão quentes ou com frio, se brincam, se tomam os medicamentos, se fazem os trabalhos de casa, se tem atividades e amigos, se crescem, se engordam (ou emagrecem), se isto ou se aquilo. Mas, como mães e pais que somos, começamos também a preocupar-nos com os filhos dos nossos amigos, pois de uma certa forma também são um pouco nossos. E sentimos as suas mágoas e as suas alegrias, ficamos ligados a eles, enquanto assistimos e contribuímos para o seu crescimento. E, como mães e pais que somos, com coração mais mole e grande, sentimos as dores das notícias tristes, sobre maldades a crianças que nem sequer conhecemos. Preocupamo-nos com desconhecidos, dos quais nada sabemos, nem conhecemos, apenas por serem crianças.

Sim, o Dia da Criança, da nossa criança, da criança dos nossos amigos ou irmãos, da criança que (infelizmente) aparece no jornal ou na televisão, são todos os momentos em que pensamos nelas.

Marta Andrade Maia
My baby blue blog