O que espera da nova novela da SIC, "Podia Acabar o Mundo"?
Espero que o público goste tanto deste projecto como estamos a gostar de fazê-la. O nosso objectivo é muito ambicioso. Queremos criar uma identidade de ficção que seja claramente associada à SIC. No mercado português, a ficção da TVI é claramente associada à imagem da estação. Se ligarmos a televisão e virmos uma novela, sabemos que é da TVI. Queremos criar o mesmo com a ficção da SIC.
Será fácil?
É muito ambicioso. Trata-se de criar a marca da SIC. As novelas são produtos difíceis de diferenciar, porque se destinam a grupos muito específicos. Queremos agarrar o público que vê novelas e aquele que normalmente não as vê.
Também vai participar como actor. Foi uma ideia sua entrar na novela?
Não, de todo. Foi uma necessidade. Não negociei isso. Tenho alguns convites para trabalhar como actor em cinema e em teatro, o que me preenche. Neste caso, não era eu o actor pensado para o papel. Estava a organizar todo o trabalho e não me passava pela cabeça representar. Mas não conseguimos arranjar um actor para esta personagem. Acabou por sobrar para mim.
Com este investimento nas novelas portuguesas, o que vai acontecer às brasileiras?
Acho que há espaço para todos. É uma questão de gerir os horários. Temos contrato com a rede Globo até 2012 e temos a possibilidade não apenas de passar as novelas, mas também de fazer parcerias. Neste momento, temos quatro actores portugueses a gravar no Rio de Janeiro. É uma situação que vai repetir-se.
Vai haver mais contratações de pessoal para novelas portuguesas?
Claro que sim. Temos de fazê-lo para as próximas produções.
Que actores gostaria de ter a trabalhar na SIC?
Há "n" actores que estão no mercado e que sabem que eu gostaria de trabalhar com eles. Mas também há outros actores no mercado com quem eu não quero trabalhar e que acham que eu quero trabalhar com eles!
Houve muitas notícias a falar do assédio da SIC a actores da TVI.
Há muita coisa que só se passa nas revistas e não na televisão. Há pessoas que têm reservas em trabalhar connosco, mas depois de verem esta nova produção, vão mudar de ideias... Somos uma alternativa consistente.
Como vai ser a sua personagem?
Vou fazer o papel do advogado Eduardo, um verdadeiro "filho da mãe". Faz a vida negra aos protagonistas, com um objectivo muito determinado. É um vilão que gosta de ser vilão.
Vai ser pai pela terceira vez. Com tantas funções, consegue desfrutar da paternidade?
Essa questão da vida familiar é sempre difícil de gerir quando se tem um trabalho tão intenso como o meu. Mas até agora tenho conseguido bem e não há motivos para duvidar que não consiga daqui para a frente.
Lançou também o livro "O Último Navegador", recentemente. Como têm corrido as vendas?
Ainda não sei dizer. Este é o meu primeiro romance e não conheço bem os circuitos destas coisas. Só devo saber dos números mais para a frente. Os primeiros sinais são animadores.
Porquê um romance nesta altura?
Comecei a escrever aos 19 anos, sobretudo poesia. Depois a minha vida como actor nunca me deixou muito espaço para escrever. Há muito tempo, desde os 17 anos, queria escrever um romance sobre Portugal. Em 2000, estava de férias na Índia e encontrei a estrutura narrativa deste livro. Escrevi logo dez páginas. Há ano e meio tive um convite para escrever o livro, porque a editora leu uma entrevista minha a dizer que eu gostava de escrever um romance. Durante um ano, agarrei na ideia que me perseguia e escrevi. Foram muitas horas de trabalho.
Gostava de escrever uma novela para a SIC?
Não ponho de parte essa ideia.
Já tem algo pensado?
Tenho muitas ideias.
O seu livro poderia ser transformado em série?
Não sei como. Porque a história fala de um Portugal que existe em 2044 e que tem uma nova capital, chamada Lusitânia. Não há como adaptar isto. Só em Hollywood. Se eles quiserem comprar a ideia, estou aberto... (risos)