Está satisfeito com os resultados da novela?

É uma novela que está a correr bem. Vai a meio, numa fase que estabilizou em termos de audiências e gosto muito disso. Não gosto de picos, de produtos que sobem e descem à medida que a novela vai avançando. Tal como já aconteceu com "Flor do Mar" e com "Fascínios", tem um milhão e meio em média espectadores. Existe um público fiel que está a acompanhar a história e isso é bom para todos nós.As gravações têm sido cansativas?

Não. O ritmo do trabalho é que a meio do dia pesa um bocadinho mais. Começámos a trabalhar em Dezembro, eu já tinha os Vampiros, por isso, comecei a trabalhar em Outubro, sem pausas. Mas não é cansativo porque gosto muito do que faço.E está a gostar da sua personagem?

É uma personagem um bocadinho mais complexa do que as que estou habituado a fazer. Agora, de repente, resolveram que o homem ("Miguel Vasconcelos") até outro nome tem e tudo aquilo que ele construiu desmoronou-se.O "Eduardo" (José Carlos Pereira) vai morrer e as coisas vão ficar muito difíceis para o "Miguel"?

A minha personagem vai sentir-se muito culpada pela morte do Eduardo. Ele era como se fosse meu filho e não o ajudei. Mas as novelas são mesmo assim. Não tenho preconceito nenhum em relação a novelas, gosto tanto de fazer televisão, como cinema ou teatro. Gosto, sobretudo, de ser actor, de comunicar com as equipas, com o público, de poder dizer algo. Sei que é mundo de fantasia e imaginação em que é fácil viciar-me e sentir-me bem e confortável. Às vezes, dou por mim em casa a pôr-me no papel do personagem.É fácil despir-se do papel fora das gravações?

Tem que haver um distanciamento. O actor tem de tratar a personagem como um cavalo, em que o cavalo é a personagem e o cavaleiro é o actor. Isto é, as rédeas têm de ser puxadas por mim. Não gosto de misturar a ficção com a realidade. Apenas faço o exercício de pensar "o meu filho Martinho só me dá problemas. Nem parece que é meu filho, será que é mesmo?". É este tipo de exercício que acho engraçado fazer. É um jogo.Em Setúbal parece estar como peixe na água.

A Eunice Muñoz costuma dizer que eu gosto muito de tocar nas pessoas e é verdade. Gosto de tocar nas pessoas, de as cumprimentar, faz parte da minha natureza, não crio nenhuma barreira. Sempre que posso, dou um segundo de atenção às pessoas que há tantos anos acompanham o meu trabalho. Sinto-me como peixe na água em qualquer sítio.Mas aqui nota-se que existe um carinho especial, até o chamam na rua por "Miguel".

Pois é. E às vezes até gritam "Dr. Miguel" e eu respondo "Engenheiro, por favor" (risos). Agora vai ser engraçado quando eu lhes disser que, afinal, me chamo Júlio (risos).O que vai acontecer à personagem?

Gostava muito que a história não me trouxesse desgostos. Não queria mesmo casar com a Benedita. Devia acabar ou com outra pessoa ou em paz sozinho num sítio qualquer. Mas não sei. Ainda há muita coisa para acontecer. Esta novela nunca empacotou chouriços, há sempre algo de novo a acontecer. É uma novela que as pessoas começaram a ver, gostaram e depois foram-se entranhando. Ficou como um vício bom.Está a gravar uma novela apaixonante. E na vida real com está o seu coração?

Está bem! Fiz um electrocardiagrama há pouco tempo (risos). Agora a sério, o meu coração está muito bem e estou muito feliz.(Texto: Inês Costa)

(Fotos: Bruno Raposo/SapoFama)