Rami Malek passou 50 horas a experimentar roupas para encarnar Freddie Mercury no filme "Bohemian rhapsody", que ontem estreou em Portugal. "Atirei-me de cabeça. Comecei a ter aulas de canto e de piano. Vi tudo o que era possível sobre o homem", admitiu o ator norte-americano de ascendência egípcia e grega de 37 anos, em entrevista. "Estou a lidar com a vida de um homem e com um legado como não existe outro", justifica.
Para que a sua recriação do antigo vocalista dos Queen fosse perfeita, Rami Malek contou com o apoio e com o talento de Julian Day, o figurinista escolhido pela produção do filme. "Ele é muito icónico", elogiou o criativo em entrevista à revista Elle. Além de lhe permitir o acesso aos arquivos provados da banda, Brian May, o guitarrista do grupo, convidou-o ir a sua casa para ver alguma da indumentária que ainda mantém.
"Tínhamos entre 30 a 40 figurinos"
Apesar de ter usado roupas das décadas de 1970 e 1980, a maioria provenientes de lojas vintage de Londres e de Paris, muitas das que se veem no grande ecrã foram concebidas propositadamente por Julian Day. "Eu criei 20 a 30 peças, que foram ajustadas à silhueta do Rami", revela Julian Day. "Tínhamos entre 30 a 40 figurinos", desvenda ainda o criador. Um dos mais simples foi paradoxalmente um dos mais desafiantes.
"O visual para a parte do filme que retrata a atuação no [espetáculo] Live Aid é um dos mais básicos mas também [foi] um dos mais difíceis de recriar", assume. "A Adidas fez as sapatilhas que ele calçava [na altura] e a Wrangler recriou as calças de ganga. O cinto e a braçadeira foram feitos por uma pessoa que conhecia a que fez os originais", revela. Mais difícil foi conseguir um blusão de cabedal que assentasse a 100%.
A explicação é simples. "O Rami tem uma estrutura diferente da do Freddie e o blusão tinha de lhe assentar bem. No dia antes da gravação [dessa cena], ele ligou-me a dizer que tinham estado a rever imagens do concerto e que, à frente, havia qualquer coisa que não estava bem. Eu fui ver e encurtei-o meio centímetro, uma diferença mínima, mas foi o suficiente para ficar com a forma exata e dar maior confiança ao Rami", diz.
Apesar de aparentemente simples, a mudança obrigou os costureiros que trabalham com Julian Day a fazer horas extra. "Fizemos 20 blusões para os duplos e para as cenas mais acrobáticas e tivemos de os mudar todos no dia antes da filmagem da cena da atuação no Live Aid", recorda o figurinista. Um esforço acrescido que acabaria por ser compensado. "A maior honra que poderia receber por desempenhar o papel de alguém como o Freddie Mercury é receber a aceitação dos seus lendários colegas de banda", afirmou já publicamente Rami Malek.
"Eu não me queria limitar a copiar os seus gestos e os seus trejeitos. Procurei, por isso, descobrir o homem por detrás da estrela", admitiu em entrevista ao jornal francês Le Figaro. "Descobri, por exemplo, que a sua dentição o deixava desconfortável", afirma o ator, que, durante a rodagem do filme, teve sempre a preocupação maior de mostrar "um Freddie Mercury mais humano e mais frágil", como o americano o descreve.
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