Foi o vencedor do programa 'MasterChef Celebridades', da TVI, e, conta-nos em entrevista, pretende dedicar-se mais aos pratos bons e saudáveis, "sem fugir dos ingredientes e pratos tradicionais".
Afonso Vilela tem um especial cuidado com a sua alimentação, mas também não deixa de lado o exercício físico. Cresceu num ginásio e um dia sem treinar é como "faltar uma refeição".
Mas não fica por aqui. Conhecer Portugal é o que faz sempre que pode, e é no seu blog que mostra as maravilhas do nosso país.
Além do mundo das artes, tem também dotes na cozinha, tendo sido o vencedor do 'MasterChef Celebridades'. De onde vem essa veia de cozinheiro?
Sempre cozinhei. Já estive um pouco mais ligado à restauração. Tive dois restaurantes que sempre funcionaram e foram um sucesso. Foi pena serem coisas temporárias. Mas sempre foi uma das minhas paixões e quando se corre por gosto não cansa. Adoro cozinha, as horas que lá passo. No 'MasterChef’ tivemos períodos de 10/12 horas sempre de pé a cozinhar, não me cansa. Tenciono continuar a investir e espero conseguir dedicar-me um pouco mais.
Qual o balanço que faz desta experiência?
Gostei muito do 'MasterChef’. Também foi um bocado juntar duas áreas que gosto, a cozinha com a televisão. Apesar de ser um semi-profissional das duas, foi-me difícil mentalizar como é que isto se fazia, porque quando comecei o 'MasterChef’, era eu só quase como cozinheiro e só a meio é que comecei a fazer a gestão do papel de cozinheiro e ator. Foi uma experiência fantástica. Quando acabamos sentimo-nos todos um bocadinho órfãos [do género]: ‘O que é que fazemos agora. Afinal a vida não é só isto’. Tenho-me aplicado um bocadinho. Aproveitei as portas que o 'MasterChef’ me abriu. Logo a seguir ao programa estive cerca de dois meses a aplicar-me a fundo na cozinha, a ‘estagiar’ numa série de cozinhas na capital e na Invicta. Espero agora ter um bocadinho de tempo para pôr uma série de projetos em prática.
Quais os segredos para ser um bom cozinheiro?
Acima de tudo é gostar. A maioria das pessoas que trabalha numa cozinha e que o faz por obrigação, chega a casa e já não cozinha nada. Come o que tiver à frente. Se for congelado e de plástico ainda melhor porque dá menos trabalho. Mas acho que isto passa tudo por gosto, sensibilidade. E eu tenho os dois.
Um dos lugares onde como melhor é em casa. Custa-me um pouco às vezes sair e não comer tão bem
A alimentação é um ponto de especial cuidado na sua vida?
Sim, para já porque gosto de comer bem. Quando começamos a falar de restaurantes, as pessoas às vezes perguntam-me se já fui a este ou aquele, mas na maior parte das vezes nem os conheço. Um dos lugares onde como melhor é em casa. Custa-me um pouco às vezes sair e não comer tão bem como em casa. Comecei a ter mais cuidados com a alimentação a partir dos 30/35. Hoje em dia tenho cuidado, mas também não prescindo de grande coisa porque, acima de tudo, também gosto de comer. Tento fazer uma cozinha boa, saborosa, saudável, sem fugir muito aos nossos ingredientes e pratos tradicionais.
Os portugueses vivem muito focados em Lisboa e no Porto e esquecem-se do resto do país que é maravilhoso
Acaba de lançar um novo projeto, o blogue 'VIL'. Como e quando é que surgiu esta ideia?
O blog é um projeto que ganhou forma agora, mas já é muito antigo. Também visava um pouco não juntar todas as áreas, mas dá-las a conhecer. Esta experiência, tem-me permitido conhecer o nosso país muito a fundo, com todas as suas tradições. Adoro desporto, tudo o que é parques/reservas naturais por este país fora. Sempre que posso, experimento as especialidades regionais. Senti acima de tudo que o blog é um meio para poder divulgar toda esta experiência acerca do nosso país que a maior parte das pessoas não tem. Os portugueses não conhecem muito bem o país que têm. Vivem muito focados em Lisboa e no Porto e esquecem-se do resto do país que é maravilhoso.
O que traz de diferente à blogosfera?
Acima de tudo, acho que é dar a conhecer em primeira mão uma coisa realmente pessoal, da minha experiência, não só enquanto modelo, mas enquanto viajante dentro de Portugal. Como desportista da parte de desporto de aventura, costumo dizer que ando sempre nas melhores paisagens de Portugal. E, obviamente, a seguir às paisagens tento sempre ir aos melhores tascos. Acho que apresentarmos isso na primeira pessoa aos meus ‘clientes’ do blog é uma coisa muito benéfica. Não são meramente sugestões do Tripadvisor. São coisas pessoais, eu estive lá, experimentei...
Se deixar de treinar um dia, vou-me deitar à noite e parece que me esqueci de uma refeição
Como acaba de referir, um dos temas abordados no blog é o desporto de aventura, uma das suas áreas de eleição. De que forma é que a atividade física influencia a vida de uma pessoa?
É imprescindível. Cresci num ginásio, não me lembro de quando é que vi televisão pela primeira vez, mas se deixar de treinar um dia, de ter algum tipo de atividade física, vou-me deitar à noite e parece que me esqueci de uma refeição. Todos nós temos vidas muito sedentárias, muito sentadas, com os computadores, carros e isso tudo. Não fomos feitos para isto. O corpo humano ainda não está preparado evolutivamente para passar muitas horas imóvel. Ainda somos caçadores e é imprescindível que tenhamos alguma atividade física durante o nosso dia a dia. Nem que seja subir e descer escadas todos os dias.
O desporto outdoor teve um boom gigantesco no mundo todo e nós, em Portugal, somos uma espécie de parque desportivo em miniatura. A variedade de paisagens que temos de norte a sul é impressionante. A maior parte das pessoas chega aqui de férias e vai para o Algarve, mas podia experimentar outros locais. Mesmo as reportagens de verão são todas no mesmo lugar. Só agora, há pouco tempo, é que se começou a falar um bocadinho do Gerês, mas espero que se comece a falar mais de uma série de lugares fantásticos que temos em Portugal. Existe um circuito que já está um bocadinho viciado em termos turísticos e de lazer, e que deveria ser alterado, do mesmo modo que o boom turístico deveria ser descentralizado. Lisboa e Porto são magníficos para receber os turistas, mas devíamos começar a enviá-los mais para dentro. Espalhar um bocadinho mais. As cidades estão a começar a ficar saturadas e nós temos muito mais para oferecer.
O conceito de fã e de vedeta é muito relativo. Somos um país muito pequeno e acho que todas as nossas caras conhecidas e mediáticas são, regra geral, pessoas acessíveis
Hoje em dia são muitas as figura públicas que têm um blog. Acha que esta ferramenta é uma espécie de reinvenção para manter o contacto com os fãs? Já não chega ter só contas nas redes sociais?
Acima de tudo é uma ferramenta de trabalho muito útil. Não tenho ainda essa experiência a nível do blog, é uma coisa recente, mas tenho inúmeros pedidos de pessoas que fazem contacto para saber onde é determinado percurso de circuito desportivo. Não tenho ninguém que me mande uma mensagem a dizer que gosta muito de mim. Isso não existe. Isto é uma coisa bastante profissional nesse aspeto. Se me dá uma maior proximidade dos fãs isso não sei porque eu nesse aspeto sou uma pessoa muito acessível. Aqui em Lisboa ando de transportes, de comboio, metro, autocarro... Falo com toda a gente. Não vejo o blog tanto como uma necessidade de aproximação aos fãs porque nós vivemos num país com 10 milhões de pessoas e o conceito de fã e de vedeta é uma coisa muito relativa. Somos um país muito pequeno e acho que, acima de tudo, todas as nossas caras conhecidas e mediáticas são, regra geral, pessoas acessíveis.
Em relação à sua vida pessoal... Como é o Afonso Vilela como pai?
Sou uma pessoa muito coerente. Neste momento já estou numa fase avançada de paternidade. Não é que alguma vez vá deixar de ser pai, mas a grande parte do trabalho, a mais importante, já foi feita. Neste momento temos de deixar as pessoas voarem um bocadinho.
Mais do que esta presença diária que podemos e devemos ter com os nossos filhos, importa a qualidade do tempo que temos com eles
Quais os principais conselhos que deu à sua filha?
Mais do que conselhos é a qualidade do tempo que passamos com os nossos filhos, que é uma coisa muito importante. Durante os primeiros oito, dez anos, praticamente não viajei. Foi uma restrição que pus a mim mesmo, que foi estar próximo. Percebo agora o quão útil isto foi. É um conselho que dou a todos os pais. Mais do que esta presença diária que podemos e devemos ter com os nossos filhos, é a qualidade do tempo que temos com eles.
A maioria dos pais que se dispõe a passar tempo com os filhos muitas vezes chega saturada de circuitos de trabalho e de família, sociais. Vejo-os muitas vezes a empurrar os miúdos para telemóveis, televisões, iPads... isso é muito mau em termos educativos. Sempre puxei as coisas para o meu lado. Um bocadinho de passeios pela natureza, desporto, aventura, coisas que aproximem as pessoas. Não é por acaso que muitas das atividades que faço em termos desportivos são usadas como team building.
Se a sua filha tivesse decidido seguir carreira de modelo, agradar-lhe-ia?
É um problema dela, não é meu.
Qual o conselho que quer deixar aos jovens que sonham um dia 'brilhar' no mundo da moda?
A moda em geral é um bocadinho encarada como os rapazes que querem ser futebolistas. Os miúdos que querem jogar futebol geralmente veem a carreira de futebolista como um meio para alcançar os seus fins e objetivos de dinheiro, fama, reconhecimento… um meio um bocadinho mais fácil em que não vão ter de estudar. A maioria dos jovens que quer seguir a parte de moda e ator também têm um bocadinho essa ideia. Na realidade é exatamente o oposto. Não se chega a lugares cimeiros e não se cimenta uma carreira sem muito trabalho, esforço e, acima de tudo, sem formação.
A parte de ator é cada vez mais exigente. É preciso estudar, ter formação constante ao longo do ano. A parte da moda tem outros requisitos. O que digo sempre, a todos os jovens que queiram seguir estas carreiras, é que não deixem de estudar, mesmo que não estejam nestas áreas específicas. Isto é um enriquecimento e se o largam em jovens, vai ser difícil recuperá-lo.
*Pode ler a primeira parte desta entrevista aqui.
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