Sofre de ansiedade, uma situação que se agravou quando se viu envolvida em polémica depois de desfilar em biquíni para uma marca. Em entrevista à revista Prevenir, a atriz Jessica Athayde explica o que mudou a partir do momento em que deixou de ter problemas em assumir-se como é e fala dos benefícios do estilo de vida saudável que adotou. Veja também a galeria de imagens da produção fotográfica que fez para a capa da publicação.
Da alimentação ao autoconhecimento, a atriz acredita que ninguém muda sem dores de crescimento, mas fala com orgulho do estilo de vida que hoje segue. Mais saudável, sereno e consciente.
Conta no seu primeiro livro «Não Queiras Ser Perfeita», publicado por A Esfera dos Livros, que há mais de seis anos decidiu fazer as pazes com o seu corpo e reaprender tudo o que sabia sobre alimentação, exercício físico e saúde emocional. Como resume a filosofia de vida que adotou desde então?
Não sou fundamentalista em relação à alimentação. Acho que todos nós somos diferentes. Não critico quem quer comer apenas carne, quem come só peixe, quem é vegan e/ou quem é vegetariano. Eu gosto de todo o tipo de comida e tenho uma alimentação diversificada.
Como carne, apesar de não fazer parte da minha alimentação diária, até porque tem que ver com a minha preocupação com o ambiente. Mas não sou obcecada em relação a isso. Todos nós temos de encontrar aquilo que nos faz bem e que, acima de tudo, nos faz sentir bem.
O que mais a surpreendeu em relação ao que desde então tem vindo a perceber acerca de si e do seu corpo?
Percebi a importância que uma alimentação equilibrada tem para o meu corpo. Noto uma grande diferença no rendimento do meu dia, na energia que tenho, na forma como durmo. Se comer bem, se meditar, se fizer exercício e se andar mais calma, tenho mais frutos.
Foi difícil este processo de mudança?
Dores de crescimento existem sempre, apesar de estarmos constantemente a aprender e de podermos mudar seja em que idade for...
Como encontrou o equilíbrio entre cuidar de si sem querer ser perfeita?
O equilíbrio surgiu com a aceitação do meu próprio corpo e com a constatação de que há coisas que eu gosto demasiado para abdicar delas. Eu sei que, se deixar de comer certas coisas, vou perder peso e que, se beber mais água, vou ter uma pele melhor e não me vou sentir tão cansada. Mas há dias em que não me apetece só beber água e que me apetece comer um chocolate.
Existem muitas mulheres que sentem amor/ódio pelo seu peso, como a Jessica sentiu. O que lhes diria para alcançarem esse equilíbrio e bem-estar consigo mesmas?
Só se consegue fazer mudanças quando se sente que há alguma coisa que falta na nossa vida ou que algo realmente não está bem. A aprendizagem interior é essencial. Depois, a forma como superamos aquilo que queremos alterar varia de pessoa para pessoa. Há quem prefira fazer psicoterapia, experimentar terapias alternativas, ler sobre o assunto…
Trocou a junk food pelos superalimentos. Em que mais inovou na forma como se alimenta?
Descobri os sumos verdes, numa altura em que ainda não era moda usá-los para emagrecer. Ainda hoje, faço-os, não com o intuito de perder peso, mas sim para nutrir o meu corpo e hidratá-lo de uma forma mais forte e mais rápida. É mais fácil colocar vários alimentos dentro de uma liquidificadora do que prepará-los individualmente.
Veja na página seguinte: O tipo de exercício que Jessica Athayde faz
Que tipo de exercício pratica?
Nos últimos tempos, tenho privilegiado o trabalho muscular, até porque não tenho muita facilidade em ganhar massa muscular. Tento praticar dia sim, dia não. Mas, mesmo nos dias em que não vou ao ginásio, acabo sempre por fazer qualquer coisa, nem que seja passear junto ao rio com os meus cães [o boxer Júlio e a cadela chiwawa Bali], que me tiram da cama todos os dias, faça chuva ou faça sol. É muito bom ter esta rotina, especialmente quando fico mais tempo sem gravar, é uma motivação.
Não esconde que sofre de ansiedade. Em que medida o exercício físico a ajuda a controlar essa ansiedade?
Muitas vezes, a ansiedade prende-se com o facto de se ter demasiada energia contida e a prática do exercício físico é uma ótima forma de a gastar. É essencial e aconselho-o a toda a gente.
Que outras formas encontrou para controlar a ansiedade?
A meditação ajuda bastante, embora não a pratique tanto quanto gostaria. Levou-me a descobrir que tenho a capacidade de ir buscar a calma sozinha. Mas cada um deve encontrar aquilo que gosta de fazer. E de ter um tempo só para si, para ver a sua série favorita, para ler um livro ou fazer qualquer outra coisa sem que sinta que está a ser julgado seja por quem for. Eu faço questão de ter esses momentos.
O seu segundo livro, «O Meu Oriente», publicado pela editora A Esfera dos Livros, é dedicado a algo que lhe dá prazer. Viajar…
Adoro viajar! E uma das coisas que aprendi foi a não deixar de o fazer por falta de companhia. É difícil ter pessoas que tenham os mesmos horários que eu, que estejam economicamente disponíveis ou cujas férias coincidam com as minhas. Durante muito tempo, eu não conseguia viajar sozinha. Até que comprei um bilhete e decidi que era o momento de experimentar.
Primeiro fui para Bali, mas acabei por ficar lá com amigos. E, depois, segui sozinha para a Tailândia. Mas, no fundo, nunca estamos sós. Acaba-se sempre por conhecer outras pessoas que estão também a viajar sozinhas. É algo muito natural…
O que mais gosta no facto de viajar sozinha?
Gosto da liberdade que se tem. Não ter de discutir com ninguém sobre o que fazer a seguir ou onde jantar… Pode parecer um pouco egoísta, mas as nossas vidas já são tão condicionadas com horários e com trabalho que sabe bem essa liberdade… Além de que o tempo que passamos connosco mesmos é uma boa oportunidade para pensarmos em muitas coisas.
No seu blogue, lançou um desafio às suas seguidoras, para lhe contarem o que as faz felizes, o que as enche de orgulho. E à Jessica, o que a faz feliz atualmente?
O que me deixa feliz? Posso dizer que é ter saúde e ter trabalho!
E do que se orgulha?
Tenho orgulho em mim. Tenho orgulho no caminho que estou a fazer, porque estou a ir na direção que quero ir. Obviamente que, às vezes, há desvios típicos que todos cometemos, mas acho que estou a conseguir seguir a linha por onde quero ir enquanto pessoa.
Texto: Catarina Caldeira Baguinho com Luis Batista Gonçalves (edição digital) e Carlos Ramos (fotografia)
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