O que anda a fazer?
A fazer os meus espectáculos e a preparar a nova série do "5 Para a Meia-Noite" que arranca brevemente.
Percebe-se o quanto se diverte a fazer o "5 Para a Meia-Noite". O programa é a sua cara?
Totalmente. Almejei fazer um talk-show deste género durante vários anos. Nunca me diverti tanto num projecto de televisão.
O que respondia a um homem que lhe dissesse na rua, "eu amo você"?
Ohhh! Não gosto nada! Bela merda dizer ‘eu amo você!'...
O programa é um sucesso de audiências, de tal forma que até tiveram em estúdio os líderes dos partidos na última campanha eleitoral. Alguma vez imaginou que isso pudesse acontecer?
Claro! Até porque fui eu que desafiei a RTP para que isso acontecesse. Convidei durante vários meses todos os líderes e quando o Pedro Passos Coelho aceitou vir ao meu programa achámos de imediato que conseguiríamos ter todos.
Os portugueses estão mais abertos ao humor?
Sempre estiveram e os tempos de crise ajudam a que se tenha mais vontade de rir, e, infelizmente, pode parecer uma contradição, mais motivos para rir.
Acha que o país perdeu a graça?
Não, de todo. O país tem sempre vontade de rir.
O que o faz rir?
O inesperado. Quando uma situação me faz cócegas no cérebro.
E chorar?
A felicidade dos outros. Curiosamente choro mais depressa pela felicidade que pela tristeza.
A sua imaginação não tem limites?
A imaginação é a única coisa que não tem limites, é preciso é que se concretizem as coisas de forma a fazer jus à frase "when the others say why, i say why not?"
Quem gostaria de entrevistar?
Jerry Seinfeld.
Prepara as entrevistas sozinho?
No caso do "5 Para a Meia-Noite" temos uma equipa de pesquisa e depois é tudo feito com o meu colaborador e amigo de todos os projectos, José Mascarenhas.
Depois de Paula Bobone, que partiu os pratos durante uma entrevista, quem o surpreendeu mais até hoje?
O Pedro Passos Coelho ao empunhar uma t-shirt que lhe dei e a dizer que ia chegar a casa com ela e esperar que a mulher dissesse: ‘é tudo à grande!'...
Normalmente nunca se desconcerta durante as entrevistas. Já se desmanchou a rir com alguém?
Muitas vezes. Lembro-me sempre de um programa que fazia na SIC, o ‘K7 Pirata', onde o meu personagem era sisudo e nunca se ria. Ora, acontece que estou a entrevistar o Herman e ele diz-me que é cabo-verdiano. Foi inesperado e desmanchei-me a rir.
Qual foi a pergunta mais embaraçosa que fez até hoje?
Fiz várias ao Carlos Cruz, pelo tema que é. E também ao dr. Isaltino Morais, presidente da Câmara de Oeiras, onde acordámos não falar do processo em que ele é acusado de corrupção, e às tantas eu pergunto: "Dr. Isaltino, está acusado de corrupção num processo, a sentença é de perda de mandato, restituição de 463 mil euros ao Estado e pena de sete anos de prisão. A pergunta é: Gosta mais da maçã nacional ou da estrangeira?" Ele olhou para mim, pasmo, respondeu à pergunta e, no final, com um ar sereno perguntou: temos de falar do processo, não temos? Vamos a isso!
E a si, qual foi a pergunta mais embaraçosa que lhe fizeram?
Uma vez, durante um sketch, abordei uma rapariga na rua a quem disse, ‘eu amo você'. Ela olhou para mim e disse: ‘Amas ou mamas?'...
É um grande malandro, ou porta-se bem na intimidade?
Todos nós temos os dois lados!
As pessoas contam-lhe anedotas na rua?
Sim, e pedem para eu contar. Acontece amiúde ir na rua e dizerem-me: ‘Nilton conta aí uma anedota!'
A vida é para viver à grande?
Viver à grande e só fazermos o que nos apetece.
Qual é o seu maior sonho?
Continuar a fazer apenas o que me apetece.