Com apenas 17 anos, Michael Andrew Fox decidiu abandonar os estudos de forma a perseguir o seu sonho: ser ator. Com a ajuda do pai, mudou-se de Vancouver para Los Angeles onde, com a ajuda de um agente, foi conseguindo participações em diversos filmes e séries de televisão. Em 1980 consegue, por um golpe de sorte, aquele que se viria a tornar num dos papéis mais marcantes da sua carreira na sitcom americana Family Ties (1982) onde interpretava o jovem republicano Alex P. Keaton.

A série, que depressa se tornou num êxito televisivo, fez de Michael J. Fox um dos atores mais bem-sucedidos e acarinhados dos anos 1980. Foi também durante esta época que o ator canadiano protagonizou os filmes Teen Wolf (1985) e Back to the Future (1985) que foram um sucesso de bilheteira.

Foi durante as filmagens de Family Ties que conheceu a atriz Tracy Pollan que anos mais tarde se viria a tornar na sua futura mulher e mãe dos seus quatro filhos. Com uma carreira de sucesso e um casamento feliz, a vida corria de feição ao ator até que, durante a rodagem do filme Doc Hollywood (1990), surgiram os primeiros tremores. “O primeiro sintoma que tive foi em novembro de 1990. Tinha o dedo mindinho dormente e pensei que me tinha magoado no ombro ou no braço”, explicou o ator ao canal Biography sobre o momento em que percebeu que algo de errado se passava.

Após consultar um médico, não queria acreditar no diagnóstico: apenas com 29 anos tinha-lhe sido diagnosticada a doença de Parkinson. “Eu pensei que eles estavam loucos. Não só por ser novo mas porque tinha uma vida ótima. Pensei que se tratava de um erro. Mas depois de procurar uma segunda e terceira opiniões percebi que era verdade”, afirmou durante uma entrevista concedida à estação televisiva CNN em 2010.

Apesar de ter continuado a trabalhar, a verdade é que os primeiros anos não foram fáceis para o jovem ator. Após passar por um longo período de negação e optar por ocultar a doença dos amigos e colegas de profissão, procurou refúgio no álcool.

“A minha primeira reação foi começar a beber excessivamente. Antes costumava beber para celebrar e agora estava a beber sozinho. Todos os dias”, disse a propósito desse período da sua vida que foi ultrapassado com a ajuda da mulher, psicoterapia e do programa de tratamento e recuperação Alcoólicos Anónimos. Dois anos após regressar à televisão com a série Spin City (1996) e devido à progressão da doença, decidiu revelar ao mundo o segredo que manteve durante sete anos da sua vida.

Em 2000 abandonou a carreira de ator para se dedicar de corpo e alma à “The Michael J. Fox Foundation for Parkinson’s Research”, uma organização não lucrativa cujo objetivo é encontrar uma cura para a doença que confessa que encara como uma “dádiva” uma vez que o ajudou a tornar-se “numa pessoa com mais compaixão, mais curiosa e que arrisca mais”.

“Toda a gente tem a sua versão e experiencia a doença de maneira diferente. Certos fármacos funcionam de maneira diferente em cada pessoa e outros não funcionam. É importante encontrar o cocktail perfeito e acho que consegui", falou durante o talk-show Ellen a propósito da doença que, só nos Estados Unidos, afeta um milhão de pessoas e em Portugal cerca de 18 mil pessoas.

Recorde-se que ao longo dos últimos 17 anos, a “The Michael J. Fox Foundation for Parkinson’s Research”, que se define como “a maior fundação não lucrativa a nível mundial focada no desenvolvimento de um medicamento para o Parkinson”, já investiu 660 milhões de euros na investigação da doença.

Apesar das limitações físicas da doença, Michael J. Fox explica que graças à medicação consegue levar uma vida perfeitamente normal. Joga golf, hóquei, toca guitarra e consegue passar tempo de qualidade com os filhos. “Os meus sintomas visíveis causam distração mas nenhum deles causa dor", explicou o ator numa entrevista para a AARP The Magazine. "A única dor que sinto é nos meus pés, que por vezes ficam encolhidos devido às caibras que tenho enquanto durmo, por isso tenho sempre um par de sapatos bastante duros aos pés da cama.”