Está ansiosa?
Estou ansiosa que esta canalhice acabe. Já está na hora.Esteve de acordo com o lançamento do site "Provas da Verdade", feito por seu pai?
Está na hora de nos expressarmos e mostrarmos tudo o que sabemos. Por mais que seja por fases, porque não dá para colocar ali o processo todo, as pessoas querem saber. Pelo que tenho observado, as pessoas vão diariamente fazer novas perguntas e têm necessidade de saber certas coisas que não foram publicadas. O meu pai está a ter o cuidado de responder a todos e está a conseguir pôr todas as partes do processo, incluindo as que estão contra ele. De forma alguma o meu pai tenta defender o lado dele. Quer mostrar o processo na sua plenitude e revelar como as coisas estão a funcionar.A leitura da sentença é já no dia 9 de Julho. O que é que as pessoas lhe dizem na rua?
Da minha família toda fui das mais sortudas. Desde há sete anos para cá sinto que os portugueses têm um carinho especial por mim. Nunca fui alvo de palavras feias. Cada vez mais sinto esse carinho das pessoas e, depois das entrevistas que o meu pai deu, surgiram no Facebook duas comunidades de apoio, das quais a família não faz parte. Isto dá-nos muita força. Está preparada para a eventualidade de seu pai ser condenado?
Não penso nisso. Desde que nascemos aprendemos a lidar com o sim e com o não. Acontece em tudo na nossa vida, mas quando a verdade é só uma temos que acreditar nela. As pessoas têm que viver pela verdade e eu acredito na verdade do meu pai. É por isto que lutamos diariamente. Vamos esperar, sabendo que ele pode ser dado como culpado ou inocente. Desde há sete anos para cá nunca pus em causa a sua inocência. São sete anos de tormento e não vai ser no último mês que vou pensar que ele pode ser culpado.Se for absolvido, será que seu pai vai conseguir voltar a ter uma vida normal?
Eu acho que nada disto estragou a carreira dele. Desde que o meu pai saiu do estabelecimento prisional, nunca lhe faltaram propostas de trabalho. Agora, ele é um homem que dedica as 24 horas do dia a tentar provar a sua inocência e se não trabalha é porque não quer. Tem direito a uma vida nova, como todos os que saem da prisão, culpados ou inocentes. Aqueles que cometem crimes também têm direito à sua reinserção social. No caso do meu pai é a mesma coisa. Ele fez muito, toda a gente sabe da sua vida pública e por isso tem o direito a continuar a sua vida.E se for dado como inocente, o que gostaria de fazer com o pai no dia da sentença?
Já pensei em tudo. Dia 9 de Julho é uma sexta-feira e já me passou muita coisa pela cabeça. Porém, não quero planear nada porque ao chegar esse momento as coisas podem não acontecer. Como se diz no Brasil: "Deixa rolar!"Levar o pai para o Brasil é uma hipótese?
Não posso responder por ele, mas daqui a um ano venho definitivamente para Portugal. Ele saberá o que quer fazer.A sua filha ficou no Brasil?
Desta vez ficou. Eu sei que os jornalistas não nos vão largar nesta altura e eu quero deixar a minha filha fora disto. Tem 4 anos e nesta altura seria complicado. Ficou com a minha mãe e com o pai dela.(Entrevista: Joana Côrte-Real)
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