"A mão que ainda há dias me apertava, hoje já sem força lá acenou para dizer adeus e partiu": foi desta forma que Mário Augusto começou por relatar a morte da mãe, através de uma emocionante homenagem nas redes sociais.

"É um estranho esvoaçar que cumpre os ciclos da vida. Chegam uns num choro de descoberta, partem outros que viveram muito e que nos fazem chorar, mesmo sabendo que assim é e sempre foi", desabafa.

"Era a mãe presente que nunca percebeu no que eu me metia quando fiz a opções profissionais que sempre apoiou. A mãe como as boas mães que não se deitava ou adormecia enquanto eu não chegasse da noitada e sempre acreditava em mim... mesmo sabendo que às vezes eram mentiritas que ela topava a léguas", recorda, evidenciando o apoio incondicional que recebeu da progenitora ao longo da vida.

"Há um dia em que percebemos verdadeiramente que os pais também envelhecem e partem. Foi hoje. Na verdade, aos nossos olhos sempre foram mais velhos, mas há aquele momento em que reparamos em alguém muito frágil porque o tempo, essa engrenagem que não abranda. É sempre estranho sentir que deixamos de ter o colinho. A minha mãe lá partiu, como foi a sua vida, muito digna e serena sem se queixar nunca", escreve na sua página de Instagram. .

"Esteve rodeada de filhos e netos como quando alguém faz uma viagem e nós vamos despedir. Estivemos todos lá com ela que ontem nos olhava como quem conversa. Quis agarrar a mão de todos um a um, netos, namoradas, filhos genro e nora, a todos ela apertava com uma mão frágil até adormecer num respirar ofegante.

Achamos que iria dormir assim, boa pulsação igual aos outros dias, por isso decidimos ir todos dormir quase às duas da manhã, a Margarida a minha irmã com nome de flor resistente, ficaria a dormir lá em casa. Todos foram embora. Por minutos ela apanhou-se sozinha e partiu. Tranquila, como sempre foi nos silêncios e como gostava de estar, escapuliu-se depois de a todos ter apertado a mão e nos ter olhado com o seu tranquilo olho azul", continua.

"Estamos bem, conhecemos o sentimento de outras vezes, mas nunca deixa de ser aquela sensação de um furacão emocional a atravessar um buraco de agulha", confessa ainda.

"Que nunca nos falte a memória. As mães merecem a eternidade, mesmo quando a memória delas se apaga, sentimos que esvoaça nas coisas soltas das vivências diárias. Carinhosamente os seis netos chamam-lhe dona Laura ou Laurinha. Será desde hoje a nossa recordação mais viva, as histórias que queremos contar até um dia qualquer", completa.

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