Atriz desde 1997, com múltiplas e variadas participações em novelas e séries televisivas, Márcia Leal, de 35 anos, mantém os seus dois filhos longe do televisor. Uma decisão que tomou há dois anos, em conjunto com o marido, Guilherme Frazão, e que ela explica neste entrevista.
A Márcia é mãe de dois filhos, Camila, de 6 anos, e Lourenço, de 3. Como é relacionamento deles com as novas tecnologias?
A Camila tem um telemóvel oferecido por uma marca, mas não o tem a funcionar. Sabe que é para tirar fotografias. Penso que seis anos é muito cedo. Não sei qual será a idade ideal, penso que dependerá da necessidade, mas, enquanto eles estiverem sempre com alguém que esteja contactável, não têm necessidade absolutamente nenhuma. Existem tantas coisas para eles se entreterem que eu prefiro tirar-lhes as tecnologias.
E a televisão?
Neste momento nem sequer tenho. Tenho a moldura, porque o meu filho mais novo partiu o televisor que havia lá em casa. Foi um alívio para mim a partir desse momento. Não existe, ninguém vê e acho que não nos faz falta nenhuma.
Porquê essa opção de não ver TV?
Nunca fui muito ligada à televisão. Sempre fui uma pessoa que chegava a casa e ligava a música. Também há muito que não tenho tempo para me sentar e fazer “zapping”, o cansaço já é muito.
Se quiser ver um programa específico recorro à televisão minúscula que tenho na cozinha. Normalmente ligo-a para ver algum trabalho meu ou dos meus colegas. Mas não gosto de a ter ligada porque há sempre coisas que não quero ver, como os noticiários. Deixei de vê-los, agora seleciono as notícias que quero ler por completo e sou muito mais feliz.
Como são as vossas rotinas sem televisão?
Chego a casa e ponho música. Se os meus filhos estão em casa, vou alternando as minhas músicas com as deles e eles adoram. Não sentem falta do televisor.
E a Márcia não se sente excluída em algumas conversas?
Sinto (risos). Com as redes sociais é o mesmo. Agora tenho estado a dar aulas a adolescentes e são eles que me põem a par das últimas novidades. Mesmo com a tecnologia do telemóvel, não sou pessoa para estar uma noite toda a descobrir. Gosto de ir aprendendo e os amigos vão-me ensinando quando preciso de saber mais.
Há quanto tempo vive nesta “paz”?
Há muito tempo. Mesmo antes de ter filhos nunca ligava a televisão. Depois, quando o Lourenço partiu o televisor novo, há cerca de dois anos, acabou-se mesmo.
Aconselha toda a gente a fazer esta pausa?
Não posso aconselhar. Acho apenas que o consumo deve ser mesmo muito doseado, sobretudo, no que concerne às crianças. Nós, adultos, ainda vemos o que queremos, podemos ligar ou desligar, mas as crianças não tanto.
E nós, adultos, é que damos o exemplo. Eu não consigo chegar a casa e ligar a televisão. O barulho da televisão é uma coisa que me incomoda. Não vou aconselhar as pessoas a não terem televisão, apenas a terem mais controlo. A maioria das vezes as pessoas nem estão a ver a televisão e acho que não é nada positivo.
E para as crianças, provavelmente, muito menos…
Muito menos! Os miúdos logicamente que mal vêem os bonecos, ficam fixados muito tempo e perdem outras coisas como, por exemplo, simples brincadeiras com as molas da roupa. Os meus filhos, por exemplo, pintam muito.
Até quando julga que irá conseguir mantê-los afastados da televisão? Provavelmente irá haver uma altura em que vão pedir para ver a “Violetta” e afins.
Essa, para mim, é outra das vantagens. É que eles agora não sabem das “Violettas”, nada … e considero isso uma mais-valia. Mas claro que eles estão integrados na sociedade e um dia, se calhar, vou ter de mudar. No entanto, na escola onde estão a filosofia é um pouco diferente e a maioria da comunidade escolar não é adepta de ligar a televisão. Há escolas que têm televisão e isso faz-me uma grande confusão. Sei que quando os meus filhos crescerem as solicitações irão ser cada vez maiores. Mas acho que vou conseguir controlar. Vou tentar que eles nunca sejam viciados. Acho que tudo o que é em demasia, não é bom.
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