Madalena Sá Fernandes é uma jovem escritora de 31 anos que nasceu em Lisboa em 1993.

Licenciada em Línguas, Literaturas e Culturas pela Universidade Nova de Lisboa, ficou conhecida do público e dos leitores ao escrever 'Leme' e 'Deriva'.

O primeiro é um livro denso, que aborda o assunto sensível da violência doméstica e das relações abusivas.

As obras de Madalena foram um dos temas do videocast 'Quinteto Literário: Conversas na Livraria Martins', disponibilizado no YouTube, onde João Pedro George, escritor e sociólogo, decidiu dar opinião.

George aponta incoerências que, para ele, não fazem sentido. No seu ponto de vista, o facto da autora escrever sobre violência doméstica não combina com o tipo de imagens que partilha, por exemplo, no Instagram.

"Comecei a ver o Instagram dela e depois a imagem não combinava com o tema.[...] Não estava à espera de encontrar uma pessoa seminua deitada numa banheira com o livro na mão [...] Ela muito florida, com um corpo muito exuberante, com roupas que põem à mostra os atributos" referiu.

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Posteriormente, Madalena decidiu colocar um excerto deste vídeo nas redes sociais e acusou o escritor de ser "machista".

"É só mais um homem triste e incomodado porque eu sorrio. Porque tenho fotografias de calções ou de macacão com flores (?). Um homem triste. Nunca rebateria uma crítica literária. Mas aqui inaugura-se a crítica às fotografias de Instagram, à vida pessoal, e a extraordinária crítica ao sorriso de quem sofreu.

A analisar o meu corpo e a pedir pareceres. E depois perguntam porque é que as mulheres insistem em escrever sobre o que vivem. É porque ainda há muito caminho [...] Aqui temos misoginia e machismo sem a menor vergonha", escreveu a escritora nas redes sociais.

Foram várias as figuras públicas que reagiram publicamente a esta opinião. Bruno Nogueira foi um dos primeiros ao referir:

"Isto são dois homens lindos a verem o Instagram de uma mulher para criticarem as fotografias dela e o trabalho dela. Como faz qualquer amante de literatura. É por estas e por outras que às vezes era importante uma p****** antes de dar entrevistas".

Mas Bruno Nogueira não foi o único. Seguiram-se Inês Aires Pereira, Filipa Gomes que apontou "o ego masculino ferido" e Capicua que não perdoou nas palavras.

"Fez bingo no cartão do macho ultrapassado. Duvidar do mérito sempre, dizer que deve ser cunha, pedir o recato e a cabeça baixa das vítimas, tudo para não ter de lidar com o talento de uma mulher bem sucedida".

"Tristes, ressabiados, invejosos e misóginos", disse Iva Domingues.