O movimento O MAIOR SORRISO DO MUNDO nasce em 2013 para reforçar esta mensagem e representa alegria, amor, saúde e bem-estar.

Figuras públicas e empreendedores aderiram à causa e partilharam os seus testemunhos. Leia a história de Luís Segadães.

O que o faz sorrir?
Luís Segadães: Sorrio muito ao longo do dia. Não tenho essa dificuldade, mas as pessoas com um bom coração fazem-me sorrir.

Já passou por alguma adversidade?
Luís Segadães: Na realidade passei por muitas… mas existiu uma situação “limite” na minha vida, que por acaso acaba com um grande sorriso. Perdi-me no deserto do Sahara, no dia 30 de dezembro de 1999. Fiquei sozinho, a minha mota avariou. Quando caiu a noite decidi seguir um trilho a pé, à procura de encontrar alguma coisa.

Quantas horas caminhou?
Luís Segadães: 6 ou 7 horas. Encontrei uma luz que passou a ser a minha “orientação”, percebi depois que era uma aldeia. Estava com receio, quando lá cheguei entrei numa casa que tipo uma mercearia, onde estavam alguns homens a conversar. Contei o que se passou e prontamente me ajudaram a recuperar a mota, o que achei fantástico. Momentos antes nem sabia se conseguia encontrar alguém e sair de lá. Não fazia mesmo ideia do meu destino.

Sentiu que tinha a vida em risco?
Luís Segadães: Sim. Quando abandonei a mota e fui a pé, fui para o desconhecido.

Passou pela cabeça o pensamento “posso morrer aqui”?
Luís Segadães: As horas em que estive a andar no escuro não foram realizadas com pensamentos positivos, apesar de ter o objetivo de sair de lá. Cheguei de rastos à aldeia. As pessoas que estavam nesse local foram comigo procurar a mota. Quando ouço a carrinha deles a arrancar, aí pensei que conseguia ir buscar a mota e voltar a procurar o meu grupo do qual me perdi. Ainda consegui reunir-me com os meus amigos no dia 31 de dezembro, para a passagem de ano. Estava tudo em pânico à minha procura, passaram a noite em buscas no deserto e quando me viram foi uma emoção!
Mas tive outra situação dramática. Estive à beira da morte quando subi o Kilimanjaro, tive “mal da montanha” na última noite. Faltava uma hora para chegar ao cume e não conseguia mexer-me. A subir e descer demora no mínimo 7 dias. Isto foi em 2001. Pensando bem…foram anos dramáticos como aventureiro, uma vez que foi um ano depois da situação no Sahara.

Como conseguiu sobreviver?
Luís Segadães: Tive de descansar até conseguir continuar. Tentei recuperar durante 2 horas. Estava mesmo muito fraco. Preparei-me durante 2 anos para esta aventura e era impensável descer sem chegar ao cume. Houve um grupo que continuou a subida, apanharam-me na descida e disseram que tínhamos de descer. Eu recusei, ainda tive uma discussão com um guia Masai. Aí tive uma força vinda não sei de onde e lá consegui ir. O guia Masai que foi comigo, meio contrariado, foi a cantarolar, fomos passo a passo, literalmente. E aí tive um dos maiores sorrisos da minha vida quando encontrei no cume o Francisco Mendonça que foi o organizador da expedição. Agarrámo-nos um ao outro, os dois a chorar e a rir ao mesmo tempo. Tenho uma foto mítica da minha chegada ao cume, estava debilitado como nunca estive na vida e mesmo assim não desisti e consegui cumprir o objetivo. E que sorriso gigante isso provocou!

Que conselho tem para um empreendedor que tenha perdido o sorriso?
Luís Segadães: Abrir a primeira porta que ache que lhe vai arrancar uma gargalhada. Perder o sorriso é uma situação muito má. Tem de arranjar uma solução rápida para sorrir, assistir a um espetáculo com um humorista deve funcionar de certeza! O sorriso é absolutamente vital na nossa existência.

Entrevista: Mafalda Agante