Está feliz com o seu regresso à televisão?
Ao fim de 11 anos de jejum, até tenho medo duma indigestão. Mas respondendo a sério, sim, dá para sentir o que há muito não sentia, ainda que por breves instantes e sem o prazer da responsabilidade completa pelo espectáculo.
Essas breves aparições semanais no "Praça da Alegria" preenchem-no profissionalmente? Não gostaria de ter um programa concebido e apresentado por si? Que tipo de programa?
Concerteza que sim. Sempre apresentei o que produzi e editei. Isto é uma gracinha, como as crianças fazem aos adultos que lhes pedem. Não posso ser preenchido por isto, mas é melhor do que nada.
Não se considera demasiado velho para um regresso em grande ao pequeno ecrã?
De maneira nenhuma. A ABC, a CBS, a NBC e, na Europa, a Sky e a BBC, a TVE, a Antena 3, a TF1, a TV5 têm gente mais velha e pesada do que eu.Sempre assim foi. Os noticiários da Aljazeera, que têm uma grande qualidade, têm um homem mais velho do que eu e uma moça de 30 anos lindíssima e grande profissional. Também não quereria fazer mais nada do que apresentar um programa de conversa  depois das 23 e 30 (late,late night show)ou, em alternativa, um telejornal. O Dan Rather reformou-se há pouco, aos 73 anos. Eu tenho 64, como os Beatles...   
O que pensa sobre a comunicação social portuguesa? Os jornais estão condenados?
Vai perdendo interesse. Os jornais de referência escolhem ser tablóides disfarçados e os tablóides gostavam de ser jornais de referência. Infelizmente, penso que os jornais, tais como os conhecemos, não vão durar mais de 10 anos. O futuro vai ser online e a cores, no "glossy paper". As revistas têm futuro.
E sobre o jornalismo que por cá se vai fazendo? Há ou não censura ou, pelo menos, autocensura?
O jornalismo é mau. Creio que nos últimos 10 anos se perdeu a qualidade que existiu até aos anos 90. Claro que há controlo do que se escreve e a precariedade da profissão de jornalista mete medo a todos, especialmente aos mais novos, instalando um clima de autocensura. Não são só os professores que perdem o emprego se dizem umas piadas... então as entidades são para quê?
Como é o seu dia-a-dia? O que faz? Onde vive? Com quem? Hobbies?
Vivo a 22 km da Praça de Espanha, na Verdizela, junto ao pinhal da Aroeira, na orla da herdade da Apostiça. Às segundas e quintas tenho que dar aulas em Lisboa e em Aveiro, respectivamente. À sexta, agora, tenho de ir ao Porto à Praça da Alegria. De resto, fico em casa, onde leio, escrevo e convivo com a minha mulher Berta, o meu filho mais novo Miguel e três cães e uma gata, que formam a minha família. Hobbies: sempre que possivel, viajar com a minha mulher, estar com amigos na América do Sul, Londres e Espanha.