Quando nasceram, tanto Vitória como Isabel tinham poucas probabilidades de herdar a coroa.
As duas mulheres, no entanto, aceitaram o papel que foi atribuído e tornaram-se matriarcas nacionais muito queridas.
O estilo monárquico de Isabel foi diretamente inspirado no da sua ilustre tetravó.
Tanto Isabel como Vitória eram "mulheres excepcionalmente conscienciosas e de mente forte, determinadas a atuar da maneira mais correta possível", disse o escritor Andrew Gimson à AFP.
No funeral de Estado de Isabel II, na segunda-feira, o caixão foi transportado pela mesma carruagem utilizada no funeral de Vitória.
Isabel II reinou durante 70 anos e 214 dias, a primeira soberana britânica a celebrar um jubileu de platina. O reinado de Vitória durou 63 anos e 216 dias, um recorde superado apenas por Isabel II a 9 de setembro de 2015.
A rainha não celebrou a data, limitando-se a participar na inauguração de uma linha ferroviária na Escócia, mas utilizando um broche de diamantes que pertenceu à sua tetravó.
Expansão e contração britânica
Vitória subiu ao trono em 1837, pouco depois de completar 18 anos, e reinou à até sua morte, aos 81 anos, em 1901. Isabel nasceu em 1926. Ela reinou a partir de 1952, quando tinha apenas 25 anos, e morreu aos 96. "O trono que Isabel assumiu continuava a ser reconhecidamente a instituição imperial que se tinha tornado nas últimas décadas do reinado de Vitória", escreveu no sábado David Cannadine no jornal The Guardian.
Mas os temas do reinado de Isabel "foram a 'desvictorianização' da Grã-Bretanha e a redução do seu império", completou.
Vitória emprestou o seu nome a uma época de invenções e descobertas, bem como a uma visão moralista da vida. A Era Vitoriana viu a Grã-Bretanha no auge, com grandes avanços industriais, científicos, culturais e imperiais.
Em comparação, o reinado da sua tetraneta é descrito como uma segunda Era Elizabetana, marcada pela transformação da Grã-Bretanha das cinzas da Segunda Guerra Mundial numa nação diversa e menos deferente, que perdeu o seu império em grande parte pacificamente.
A "retidão moral" de Vitória
Filha única do príncipe Edward, quarto filho do rei George III, Vitória era a quinta na linha de sucessão quando nasceu.
Mas os sucessores do seu avô, os tios George IV e William IV, morreram sem filhos legítimos e, órfão do seu pai Edward, Vitória herdou a coroa.
A jovem rainha trabalhou para mudar o funcionamento da monarquia. "Vitória integrou-se na nova moralidade da classe média, a retidão moral da década de 1830", disse Gimson.
Quando se tornou rainha, foi assessorada pelo primeiro-ministro, William Lamb, o visconde Melbourne. Em 1840 casou-se com o primo alemão, o príncipe Albert de Saxe-Coburgo e Gotha.
Quando Albert faleceu em 1861, a rainha iniciou o luto e desapareceu da vida pública por muitos anos. Cidades, regiões, montanhas, lagos, ruas, praças, edifícios e monumentos em todo o mundo têm o seu nome.
Isabel e um estilo "sem pretensões"
O tio de Isabel, Edward VIII, sem filhos, tornou-se rei em 1936, mas foi obrigado a abdicar no mesmo ano para ser autorizado a casar com a americana Wallis Simpson, duas vezes divorciada.
O pai de Isabel tornou-se o rei George VI e ela a sua herdeira. Após uma juventude relativamente reclusa, Isabel casou-se com o príncipe Filipe, seu primo em terceiro grau.
Winston Churchill - que entrou para o Parlamento em 1900 - foi o primeiro dos 15 primeiros-ministros que conheceu e seu mentor.
Isabel II e Vitória partilhavam uma "fé cristã realista e liberal", escreveu Richard Chartres, ex-bispo de Londres, na revista Spectator desta semana.
Após a morte do príncipe Filipe em 2021, a saúde de Isabel deteriorou-se e ela fez poucas aparições públicas.
Vastas áreas da Antártida foram batizadas com o nome de Isabel, uma linha de metro em Londres, ilhas no Canadá e o maior navio de guerra britânico da história.
As torres dos extremos do Parlamento têm os nomes de Isabel e Vitória.
Assim como Vitória, Isabel será enterrada em Windsor, a oeste de Londres.
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