Faz esta quinta-feira, dia 4, 23 anos desde que Rui Pedro desapareceu. A propósito da data foi transmitida uma entrevista que Manuel Luís Goucha fez a Filomena Teixeira, mãe do menino (na altura com 11 anos) cujo paradeiro continua desconhecido.

"Foi uma montanha que se desmoronou sobre mim quando percebi que ele não estava em lado nenhum", recorda.

Filomena diz que fala todos os dias com o filho, partilhando o que vai passando e nunca o esquecendo em todos os momentos.

"Podem-me chamar louca, mas ainda não perdi a esperança de pelo menos saber o que aconteceu. Tenho dúvidas. Há alturas em que acho que está morto, mas há outras em que penso que está vivo e é isso que me alimenta, a esperança de um dia o encontrar", afirma.

Viver neste limbo ao não saber o que aconteceu, nota Filomena, tem sido uma "tortura": "É viver sempre com aquela ambivalência. Torturo-me a mim e à minha família toda. Tive quatro internamentos. No primeiro ia mais morta que viva, já nem conhecia a minha filha. Fui ao fundo do poço".

Apesar destes anos difíceis, Filomena não perde a esperança de um dia Rui Pedro, que se estiver vivo terá 34 anos, regressar a casa. "O meu coração diz-me que tenho de continuar, que não posso desistir. Se desistir vou demonstrar às outras pessoas que têm filhos desaparecidos que se desiste de um filho como se desiste de um objeto. Um filho é nosso para sempre".

"Não queria morrer sem saber dele", completou.

Note-se que Filomena Teixeira irá lançar em breve um livro com as memórias que guarda do filho.

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