
Foi no dia 4 de setembro de 1911 que nasceu o pai de Júlio Isidro, um dia especial que o apresentador fez questão de recordar no Facebook.
No passado sábado, o apresentador partilhou uma fotografia antiga onde aparece ao colo do pai e recordou-o com muitos elogios e admiração numa carinhosa mensagem.
"[...] Tão culto, tão talentoso, tão dotado, tão conformado com a sua condição de anónimo voluntário. Quando partiu, andava a ensaiar a língua chinesa, ele que já em miúdo me dizia que o domínio do mundo um dia viria dali. Ainda , ainda não aconteceu... Tinha dois cursos superiores, Filologia clássica e histórico filosóficas que utilizou para uso caseiro e pouco mais", começou por lembrar, afirmando que "foi com ele que aprendeu muito do que sabe hoje, mormente uma forma límpida de exercer a língua portuguesa".
"O que eu aprendi de etimologia latina e grega para saber o porquê do que digo e escrevo. Jogava tão bem bilhar, sempre mais de 50 carambolas seguidas, ténis de mesa ágil e esquerdino, tocava piano, viola, guitarra, sem saber uma nota de música, foi afinador de pianos e ganhava bem com esse passatempo, dançava muito bem, adorava gravatas, vestia bem mesmo com fatos virados em tempo de crise, nadava milhas nas águas frias da Figueira da Foz e era do Sporting... como se vê na foto anexa com o bebé Julinho ao colo", acrescentou.
"Lia muito e falava pouco porque seguia o princípio de S. Francisco de Sales: 'O bem não faz barulho e o barulho não faz bem'. Escrevia uma coluna de humor sobre desporto o pseudónimo de Quasi-mudo e deixou de escrever quando um fanático futeboleiro lhe mandou uma carta anónima a chamar-lhe nomes.
O conflito era o seu inimigo e a paz a sua utopia. Adorava a minha mãe, as minhas manas e tratava-me por rapaz", continuou, falando depois do dia em que viu partir o pai.
"Esperou por mim duas semanas para em cinco minutos de silêncio me dar a mão e partir. Que dignidade ...quero eu assumir no meu momento derradeiro", contou.
"[...] A cultura, a educação, a herança genética e contraditória, o culto da palavra e o desejo de uma sociedade, solidária e fraterna, nos princípios ainda imutáveis da revolução francesa, tudo isso que me atribuem, devo ao senhor que nunca deixou que o tratassem por 'Dótor', José Mantero Sesinando da Silva Isidro do Carmo. É em nome do bebé que nasceu hoje [4 de setembro] há 110 anos que vos agradeço. Papá agradeço-lhe a gentileza que teve em ser meu pai", rematou.
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