"A Cristina de sempre" esteve esta sexta-feira à conversa com Manuel Luís Goucha. A diretora de ficção e entretenimento da TVI respondeu a todas as polémicas e fez revelações únicas dias antes da estreia de 'Cristina ComVida' - o seu novo programa.

Cristina não tem dúvidas de que está a ser feita uma espécie de campanha contra si, mas a todas as polémicas a apresentadora responde com "honestidade".

"Tenho de ser muito dura, tenho de tomar uma decisão a cada cinco minutos da minha vida", explica a diretora de ficção e entretenimento da TVI, assumindo que o que mais lhe custa é não conseguir colocar em antena todos os profissionais que querem e precisam de trabalhar.

"Isso dói-me muito porque eu estive no lugar dessas pessoas. Quando tenho um apresentador que vem ter comigo e me diz que precisa de trabalhar, eu sei o que isso é. Eu estive lá", acrescenta.

Sobre a relação com os seus colaboradores, Cristina confessa: "Não esperem de mim a líder que está constantemente a dar palmadinhas nas costas, eu não sou assim".

"Ambiciosa" e "gananciosa"? Cristina responde

"Há quantos diretores neste país? Aliás, a nível televisivo são quase todos homens. Diz-me até hoje quantas capas foram feitas com rostos masculinos cujas palavras ambiciosa, gananciosa, quer é poder, foram aplicadas a esses mesmos homens?", começa por referir a apresentadora, dando conta de que o seu trabalho é "muito mais difícil" por ser mulher.

"O Daniel [Oliveira] entrou para a televisão com 17 anos a querer conquistar este lugar. Chegou lá. Tu viste alguma vez alguém dizer que ele queria isto na vida? Que é ganancioso? Que quer é poder? Não viste, pois não?", questiona Cristina, convicta de que as críticas de que é alvo são infundadas e até sexistas.

"Se eu quiser ter poder, se eu sou ambiciosa por chegar até aqui, qual é o problema?", reforça, assumindo que sempre quis chegar a este ponto da sua carreira e que se chegou foi "por mérito" e "trabalho".

"E não te deitaste com ninguém", acrescentou Goucha.

A campanha de "assassinato de carácter" que não a vai derrubar

"Fica-me mal dizer isto, mas qualquer pessoa inteligente e que veja percebe perfeitamente que há uma campanha", atira.

"Qualquer pessoa inteligente sabe de onde vem. Basta ter um bocadinho de noção do que aconteceu neste processo de compra da TVI. O mais complicado de tudo foi que eu vim mexer um bocadinho com alguns poderes instalados, com algumas coisas que estavam muito certas. Eu sou só a filha do António", acrescenta.

A diretora de ficção e entretenimento da TVI acredita que é esta "campanha" que tem motivado as críticas a que está sujeita nas redes sociais, mas nem os comentários mais negativos a deitam abaixo.

"Eu própria às vezes não sei como aguento. Tenho dias que acho triste, tenho dias que tenho pena", diz, dando contra de que conseguiu ao longo dos anos construir "uma capa" protetora.

Cristina só dá trabalho aos amigos?

Cristina Ferreira revela que tanto Ruben Rua como Maria Cerqueira Gomes "estavam de saída" da TVI e que ela apenas decidiu apostar neles.

Acusada de só dar trabalho aos amigos, a apresentadora responde: "Estamos a falar de que amigos? Estamos a falar de profissionais de televisão. A única pessoa que não fazia parte da televisão chama-se Helena Coelho, que foi uma pessoa que achei e continuo a achar que está bem no lugar onde está".

Quanto a arrependimentos desde que se mudou para a TVI em julho de 2020, a comunicadora revela: "Já falhei por decisões que não foram minhas e estou num ponto de viragem. Prefiro falhar porque fui eu que decidi do que falhar porque ouvi a opinião dos outros".

O fim de 'Dia de Cristina' e a polémica viagem ao Dubai

O programa 'Dia de Cristina', que marcou o regresso de Cristina à TVI, está longe de ser um dos arrependimentos da apresentadora. O objetivo, garante, era que o formato durasse apenas até à chegada dos novos programas da tarde e da manhã, ainda assim: "aquele cenário chegou um bocadinho antes do tempo", admite.

A viagem recente de Cristina Ferreira ao Dubai tem sido outra das polémicas que mais tem dado que falar... e Cristina não deixou de reagir ao que tem sido dito.

"Sei que não estava a incumprir com nada", diz, garantindo que viajou com todas as medidas de segurança e ainda que não foi ao Dubai para ser vacinada contra a Covid-19.

A quem a acusa de ostentar, Cristina diz apenas: "É meu, é fruto do meu trabalho".

Como lida o filho da apresentadora com as críticas?

"Só tive perceção do quão bem tinha educado o meu filho nestes últimos tempos. Ele está-se a borrifar para aquilo que dizem, vê as notícias todas, às vezes ainda goza com essas mesmas coisas", conta, orgulhosa de Tiago - de 12 anos.

"Para a minha mãe e para o meu pai é mais duro", confessa.

A guerra com a SIC

"Não sou escrava de nada, sou aquilo que quero ser. São as minhas escolhas, eu não fiz nada que não pudesse ter feito", afirma Cristina Ferreira ao voltar a falar publicamente sobre a sua saída da SIC para a TVI.

"Se nós não tivéssemos alíneas que nos permitissem sair de alguma forma, vivíamos numa escravatura. Tinha chegado ao fim do meu caminho daquele lado. Fui muito feliz, mas surgiu-me uma oportunidade e eu queria esta oportunidade. Porque é que eu tenho de ser condenada por isso?", lamenta Cristina Ferreira.

Quanto à indemnização que poderá ter de vir a pagar à SIC, que a colocou em tribunal após esta ter decidido não terminar o contrato de trabalho que tinha com a estação, a diretora de ficção e entretenimento da TVI mostra-se tranquila e sem peso na consciência.

"Se tiver de pagar, pago. Sei das consequências. Fico triste porque as pessoas com quem trabalhei do outro lado sabem o que é que eu dei ao outro lado, sabem o que é que eu contribui", reforça

"E não é do outro lado que vem parte da guerra?", questiona Manuel Luís Goucha. "Estás tu a dizer", respondeu Cristina, de sorriso no rosto.

"Percebo que é difícil, foi de um momento para o outro, era uma pessoa com quem estavam a contar, era uma pessoa que estava a dar um grande contributo à estação, mas gostava que o tivessem feito de outra forma - que era: Há alguma coisa que possamos fazer, obrigada, sabemos o quanto foste importante para nós, temos muita pena que te vás embora. Vamos olhar aqui para aquilo que temos de cláusulas, vamos cumpri-las e boa sorte. Nós queremos continuar a ganhar", diz, dando conta de que não terá sido esta a atitude do canal.

"Dói-me esta necessidade de me matar. E quando eu digo matar é matar. Há uma intenção clara", responde Cristina ao ser questionada sobre o que mais a magoa neste processo.

A resposta à guerra de audiências

A TVI tem sido notícia por continuar a perder no que às audiências televisivas diz respeito, mas uma vez mais Cristina dá conta de que estas informações são passadas ao público de forma errada. Apesar de continuar a perder, a estação já recuperou e muito os números de outros tempos.

A SIC recuperou três pontos em seis meses desde que Cristina se mudou para o canal, mas a TVI já recuperou quatro pontos e meio desde que a apresentadora voltou.

"Podemos nunca ganhar, mas sei que trabalhei com honestidade e fiz tudo para ganharmos", garante.

O novo programa de Cristina é uma cópia do formato da SIC?

Está a chegar o programa 'Cristina ComVida', com estreia marcada já para a próxima segunda-feira. O formato vai para o ar diariamente, às 19h00, e é a tal ideia há muito guardada na gaveta.

Este programa tinha sido apresentado na TVI pela apresentadora ainda antes de esta ter ido para a SIC, tendo sido depois aplicado na estação rival no 'Programa da Cristina'. Porém, apesar de ter algumas semelhanças, 'Cristina ComVida' é a ideia original e não a cópia do formato da SIC.

"Ele não esteve do outro lado, ele só teve laivos [vestígios] do outro lado", diz. "Aliás, ainda lá está um bocadinho daquilo que eu lá deixei", acrescenta, referindo-se ao programa 'Casa Feliz', que é feito no mesmo cenário e com muitas das ideias de 'Programa da Cristina'.

"Se fosses diretora farias o mesmo? Não sei... Eu gosto muito de ganhar com o que é meu", acrescenta ainda Cristina Ferreira, sem medo de lançar novas farpas à estação rival.

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