Com apenas 19 anos, Mikaela Lupu soma e segue na representação, já conseguiu o seu primeiro papel de vilã numa novela e vai dar grandes dores de cabeça ao elenco de “Jardins Proibidos”. De ascendência moldava, a jovem atriz atribui parte do seu sucesso aos pais, que lhe deram “uma educação mais rígida”, como é prática nos países do Leste da Europa.

A Mikaela entra na reta final de “Jardins Proibidos” com um papel marcante…
É verdade. Já apanhei a novela a um ritmo alucinante. Desde o início que fiquei muito curiosa e com muita vontade de gravar por causa da personagem. Já sabia que ia ser uma rapariga falsa e interesseira e nunca tinha feito uma personagem assim. No fundo, fui a vilã do final da história, nunca tinha feito nenhuma e, por isso, foi uma experiência muito marcante.

Como foi a interação com os restantes atores?
Tive a sorte de voltar a trabalhar com um ator fantástico, o Diogo Infante, assim como com a Mafalda Vilhena. Divertimo-nos imenso juntas e toda a gente diz que nós, em dupla, funcionamos cinco estrelas. Foi uma correria mas deu para aproveitar. Soube a pouco…

Foi muito difícil fazer de vilã?
É um “bombom” para qualquer ator, mas é difícil. Temos que pensar uma coisa e mostrar outra. Mas do leque de personagens, a vilã tem outro sabor e dá sempre gozo fazer. E esta, em especial, porque todos acham que ela muda e fica boazinha, mas é mentira…

Tem tido “feedback” sobre a sua personagem?
Já recebemos os parabéns dos autores, as pessoas na rua também dizem que gostam imenso. Apesar de eu a Mafalda Vilhena sermos más, dizem que adoram ver-nos e acham mesmo que estamos a ficar boazinhas… Coitadinhas, não sabem!... (risos).

Era o que esperava ou tinha receio de reações menos boas na rua?
Há de tudo. Há quem goste muito, mas também há quem diga: “Sua malvada, eu nem a posso ver à frente!”. Há pessoas que levam a história demasiado a sério, mas isso também tem piada.

A Mikaela é de origem moldava. O seu ar mais exótico tem ajudado ou limitado a sua carreira?
Facilita, porque uma cultura diferente, neste caso uma educação mais rígida, ajuda-nos a ter outro ponto de vista. Por outro lado, nunca se sabe se um dia não poderei fazer uma personagem de Leste. Ser modalva não me dificulta nada, antes pelo contrário. As pessoas na rua até me dizem que, quando descobrem, acham muita piada, porque acham que o meu ar não é português, mas não se nota a falar.

Consegue falar na perfeição a língua materna?
Sim. Em casa falamos em moldavo. No que se refere à língua portuguesa, eu e as minhas irmãs não temos sotaque, porque estudámos cá, mas os meus pais têm um bocadinho.

Há pouco disse que teve “uma educação mais rígida”. Sente que foi educada de forma diferente das crianças portuguesas?
Completamente. Por exemplo, sempre olhei para a escola como um privilégio e não como uma obrigação. Com os meus colegas portugueses já não era assim. Os pais quase tinham que pedir por favor para eles fazerem os trabalhos de casa. Por exemplo, para a educação de Leste, é impensável um pai pagar explicações quando temos aulas. Se há quem aprenda nas aulas por que não podemos nós aprender? Nesse aspeto a minha educação é diferente. Sempre gostei muito de estudar, sempre valorizei muito a escola.

Portanto, em casa não há desculpa para as más notas…
Exatamente. Consegui manter sempre boas notas e era excelente aluna a Ciências. Dei um grande desgosto à minha diretora de turma quando saí… (risos).

Como faz esta saída para a representação?
Olhei para esta saída como uma oportunidade. Como as oportunidades não surgem sempre, quando aparecem é de as agarrarmos. Para as Ciências ou para qualquer outra área que queira seguir tenho sempre a porta aberta para voltar. Ainda bem que aceitei esta oportunidade porque, de certeza, que ia arrepender-me se não o fizesse.

Deixou completamente de estudar?
Deixei de estudar a área em que estava para começar a estudar teatro em Cascais. Agora estou na ACT (Escola de Atores) em regime pós-laboral, o que é ótimo porque dá para conciliar com as gravações. Tem sido muito bom porque a experiência ajuda-nos imenso, mas nada como conhecermos a técnica e estudarmos tudo o que envolve esta área.

Perdeu-se definitivamente uma aluna de Ciências ou um dia ainda vai voltar a esta área?
Julgo que volto. Penso muito nisso, ficou sempre um vazio por preencher no que toca às Ciências. Ia seguir Ciências da Nutrição e se outros atores e apresentadores conseguem fazer outros cursos, eu também vou conseguir.

É também uma forma de ter um plano B para a vida?
Sim e uma pessoa tem que aproveitar agora porque, mais tarde, pode já não haver a mesma motivação.

Já existem mais projetos para depois de “Jardins de Proibidos”?
Já existem mais projetos em televisão, ainda não sei o que se pode confirmar, mas, à partida, será no mesmo canal.

Em “Morangos com Açúcar” interpretou uma jovem com anorexia. Foi um papel muito marcante?
Foi sem dúvida a personagem mais marcante. Era muito abordada na rua e nas redes sociais por raparigas com o mesmo problema. Mesmo tendo lido e estudado sobre a doença ficava sempre sem saber como havia de agir perante os pedidos de ajuda. A parte boa era quando me diziam que, por terem visto o meu exemplo, também tinham conseguido superar a doença. Era muito gratificante. É um retorno diferente do habitual.

Ainda hoje lhe falam sobre o assunto?
Já não. Entretanto também mudei imenso e acho que as pessoas já não me reconhecem. Já na altura também não me conheciam muito, porque estava muito caraterizada.

Agora que já fez de vilã, o que há para fazer mais?
Pergunta difícil… ainda não tinha pensado nisso. Há sempre imensas personagens que podemos fazer. Algumas até não damos nada por elas no início e depois acontece qualquer coisa que muda a história toda. Vamos ver o que futuro me reserva…

Neste futuro imediato, vai de férias?
Vou porque apesar de terem sido só três meses de gravações, foram duros. Mas será por cá, porque o meu pai está em Portugal agora, pois ele trabalha na Alemanha. Mas vou de férias porque, em breve, devo voltar a gravar o próximo projeto e tenho de aproveitar este intervalo.

Nunca mais voltou à Moldávia?
A última vez foi em 2007 mas, depois, com o trabalho tem sido mais complicado reunir a família toda para viajar.

Tem algum destino de férias de sonho?
O Brasil. E não seria só para passear, aproveitaria também para fazer um mini-curso lá. Tenho uma paixão pelo Brasil, não sei porquê, e hei-de ir em breve.