Surpreendias com o convite da SIC?
Flávia: Fiquei muito feliz até porque agora estou aqui com a sensação de férias. Sei que minha novela é um sucesso aqui em Portugal e é para mim uma honra entregar um prémio como este. Depois porque é um privilégio estar nesta terra de novo.A Thaís foi recentemente condecorada pelo presidente Lula, pela excelência do seu trabalho. Está feliz?
Thaís: Muito e fiz questão de ir lá pessoalmente receber a distinção. Foi ainda no meio das gravações. Fui a correr para Brasília e, no mesmo dia, quando voltei, ainda fui gravar a novela. A Grã-Cruz da Ordem do Rio Branco é uma comenda que tem muito valor no Brasil.Que balanço é que faz da Helena de "Viver a Vida"?
Thaís: Não consigo fazer nada agora. Faz uma semana que terminei a novela. Acabámos de gravar na sexta-feira e no domingo embarquei para Portugal. Ainda estou muito embalada pela novela e não tenho condições de fazer balanços da personagem. Posso dizer apenas que aprendi muito com a Helena. O elenco era muito divertido e foi fácil trabalhar com aquela equipa. Ganhei vínculos de amizade muito fortes porque passávamos muito tempo juntos.Qual foi o maior ensinamento que leva da Helena?
Thaís: Como actriz é fundamental ler bem o texto e fazer o melhor. Foi uma grande aprendizagem e todos nós ajudávamo-nos mutuamente. Eu tinha excelentes companheiros de trabalho e todos nós tínhamos o sentido de equipa. Esta novela só trouxe coisas boas para mim. A Helena não foi muito consensual no Brasil?
Thaís: Houve muitas críticas iniciais e muitos elogios, depois do acidente da Luciana. Esta era uma personagem de transição. O Maneco (Manoel Carlos) foi muito corajoso ao convidar uma actriz negra para fazer de protagonista. Não tocou na questão do preconceito em um só momento. A história fala de deficiência e teve uma função social gigantesca para o país inteiro e para nós elenco que aprendemos a não olhar o outro com pena. O que é que o público português lhe diz?
Thaís: As pessoas gostam muito da Helena e principalmente das roupas que ela usa (risos). Falam do sofrimento de Helena, do acidente da Luciana e do Marcos. Aqui odeiam o Marcos com todas as forças e adoram o Bruno. As mulheres portuguesas estão muito revoltadas com a personagem do Marcos (risos). Helena e Luciana são um grande exemplo...
Thaís: A novela fala de superação. Quem mais tem a superar nesta história? A Helena, que não tinha problemas nenhuns, era uma mulher resolvida, independente e bem sucedida, ou a personagem da Alinne Moraes que sofre um acidente e fica tetraplégica? A sinopse era esta e nós sabíamos isso desde o início. Todos os outros problemas eram menores, aqui a mensagem principal era aprender a viver com a limitação de Luciana. A Alinne fez um trabalho lindo. Flávia, no seu caso a novela é outra. O público português gosta da Dafne?
Flávia: A minha personagem é cheia de vontades. O Walcyr Carrasco conseguiu escrever uma novela que semanalmente dá uma reviravolta nas personagens. Aqui a história ainda está no início e posso dizer que a Dafne ainda vai passar por muita coisa. As audiências no Brasil foram muito boas e a novela foi esticada duas vezes.Trabalhar com o macaco Xico foi fácil?
Flávia: O macaco na verdade é uma macaca, a Kate (risos), e é um verdadeiro sucesso. Nós gravávamos com ela mas não podíamos ter contacto com ela. Só o Marcos Pasquim é que podia estar com a macaca. Ela é um animal selvagem como todos os macacos. Conseguiu chegar perto dela?
Flávia: Eu tenho duas imagens da Kate durante a novela toda. Uma era quando ela passava pelos corredores e nós tínhamos que nos esconder e fazer silêncio para não ficar stressada antes de entrar no estúdio. A Kate era realmente uma estrela (risos). Tinha uma gaiola gigante e o lanche, com frutas e iogurtes, era servido a toda a hora. Houve algum percalço?
Flávia: A novela estava para acabar e a Kate apaixonou-se pelo actor Jorge Fernando, que segundo o tratador, era o macho do terreno dela na floresta. O Jorginho chegava ao estúdio falava com ela, dava-lhe carinhos e no último dia, quando foi despedir-se, a macaca pegou na mão dele e soltou uma mordidela. Ela é uma fofa mas é um animal selvagem.Sabemos que tem família portuguesa...
Flávia: Estou muito feliz porque antes de vir para cá recebi a minha carta de cidadã portuguesa e tenho agora dupla nacionalidade. Fiquei muito orgulhosa mas foi um processo complicado. O meu avô é de uma cidade perto de Coimbra e através da certidão de baptismo consegui a comprovação. Já tenho a possibilidade de vir morar para Portugal e de trabalhar aqui. E a Thaís gostava de trabalhar em Portugal?
Thaís: Gostava porque adoro conhecer outras culturas. Se eu viesse para cá tinha que trazer o meu marido (o actor Lázaro Ramos). As portuguesas gostam muito do seu marido...
Flávia: É melhor então deixar o marido no Brasil (risos)!
Thaís: Não há problema. Eu sei como lidar com a mulher portuguesa (risos).O Rodrigo Hilbert e a Bárbara Paz não resistiram aos pastéis de Belém. Já provaram?
Thaís: Eu sei! Alguém me disse que a Bárbara comia 10 pastéis de Belém por dia. Eu estou com medo que o vestido, que vou usar nos Globos de Ouro, não me sirva. Estou a comer imenso. Já fui a Óbidos, a Sintra e antes de vir para aqui, fui ao Mosteiro dos Jerónimos e dali fui comer um pastel de Belém. Cada dia que passa vou a um restaurante diferente e como tudo mergulhado em azeite. Flávia, como está a correr esta gravidez?
Flávia: Sou uma grávida muito bem comportada. Tenho sono e uns enjoos, que já estão a passar. A menina já tem nome?
Flávia: Ainda não. Só agora, que estou de férias, é que vamos ter tempo para pensar nos nomes.(Entrevista: Joana Côrte-Real)
(Fotos: Bruno Raposo/SapoFama)
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