Há mais uma portuguesa a fazer sucesso nos Estados Unidos da América. Carmen Isidoro, natural de Portalegre, está atualmente no elenco da peça «Happily whatever after», em Hollywood, onde interpreta o papel da Bela Adormecida, em versão reciclada e contemporânea. «Muito bem poderia ser um filme de Quentin Tarantino, mas é uma comédia negra americana, onde a Bela Adormecida deixou de viver nos contos de fadas para passar a habitar a realidade de hoje tal e qual como a conhecemos e decide vingar-se pelo tempo de vida que lhe foi roubado, transformando-se numa mulher de armas», explica a atriz.

Uma mulher de armas «determinada a enfrentar os desafios que a sociedade lhe apresenta, familiarizando-se com a ação em cenas de luta de kung-fu, facas e pistolas e o que demais faz parte da semiótica duma lutadora que se apostou em vencer», descreve ainda. «É um papel de relevo, não só por espelhar a problemática que nos é bastante querida, a da condição feminina e da igualdade de género», refere a atriz, que passou dos meios artísticos nacionais e tradicionalmente pouco abrangentes para os universais da capital do cinema americano e mundial.

Alentejana e portalegrense, o seu trajeto, embora peculiar, foi bastante comum aos homens e mulheres das novas gerações. Depois de ter tirado o curso de biologia na Universidade de Coimbra, foi estudar interpretação para cinema na escola espanhola Centre d’ Estudis Cinematografics de Catalunya (CECC), em Barcelona. Antes, já tinha passado pelo Grupo de Teatro da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde foi dirigida por Costa Ávila. Esteve ainda no Espaço Evoe, In Impetus, onde se aperfeiçoou com a ajuda de professores como Pedro Barão, Rita Calçada Bastos, Ronaldo Bonacchi e Sofia Cabritas.

O percurso internacional de Carmen Isidoro 

Em 2011, passou pelo palco da Comedia del Arte com o projeto «Avenida a rasca 193», em Braço de Prata, em Lisboa, com o diretor italiano Luigi Abbondanza, interpretando a Senhora Gerfonzoni, uma dona de casa aborrecida. O seu percurso artístico levou-a ainda ao Teatro do Absurdo, com a peça «Nós», que esteve em cena no Teatro A Comuna, em Lisboa, onde interpretou o papel de uma jovem mulher numa instituição psiquiátrica. «Um papel exigente e intenso, ingredientes que talvez o tenham  tornado, por isso mesmo, apaixonante», como o classificou, em 2013.

Embora se tenha estreado com uma performance, com uma instalação/montagem da artista coreana Yung Yoo, em 2012, onde foi também intérprete e co-criadora, explorando a história numa fusão de várias artes (pintura, dança/movimento e literatura/texto) foi, contudo, depois de se ter aventurado por Londres, onde participou numa peça de teatro fringe, em Camden, dirigida pelo director russo Victor Sobchak, que o seu talento e empenho melhor se vieram a confirmar.

Foi lá que, em 2013, subiu ao palco com uma peça que tratava dos direitos das mulheres no Médio Oriente, representando Shafira, uma mulher afegã. Além de ter trabalhado como modelo em Portugal e em Espanha, também interpretou papéis em curtas-metragens e em telediscos. Na televisão, deu corpo a personagens nas telenovelas «Vingança», «Fascínios», «Laços de sangue» e «Perfeito coração» e a séries como «Maternidade» e «Velhos amigos».