Cem anos depois da morte de D. Carlos, em 1 de Fevereiro de 1908, quatro dezenas de lisboetas percorreram ontem as ruas da Baixa da capital e reviveram, no terreno, os acontecimentos do dia em que o Rei de Portugal e o príncipe herdeiro, D. Luís Filipe, foram assassinados.
O roteiro, promovido pela editora Zéfiro, foi conduzido pelo jornalista e investigador Jorge Morais, que recentemente editou o livro "Regicídio - a contagem decrescente".
O percurso foi repartido por onze curtas etapas em locais que ficam na história por estarem directamente ligados ao regicídio. Por exemplo, as armas usadas contra o Rei estiveram escondidas no edifício que alberga hoje a Casa do Alentejo, perto do Coliseu dos Recreios; foi no Café Gelo que dois dos autores do atentado, Manuel Buiça e Alfredo Costa, se encontraram antes e depois do crime; e foi no edifício do Arsenal que se confirmaram as mortes do rei e do seu filho, depois de alvejados, uns metros antes, no Terreiro do Paço.
No local do atentado, Jorge Morais descreveu os minutos fatais em pormenor. Era um dia de Inverno, sábado à tarde, com poucas pessoas a passearem no Terreiro do Paço. O cortejo real incluía várias carruagens. De repente, "Buiça coloca um joelho em terra, tira a carabina de dentro do capote e atinge o rei na base do pescoço, tendo tido morte imediata". Buiça, "o mestre do tiro" estava no Terreiro do Paço, enquanto o seu correlegionário Alfredo Costa se encontrava debaixo das arcadas, tendo disparado também contra o rei.
O regicídio "foi uma questão de segundos", num ambiente de grande confusão. Registaram-se várias trocas de tiros, com disparos também do próprio príncipe Luís Filipe. A Rainha D. Amélia foi vista a arremessar um ramo de flores e os dois regicidas foram mortos de imediato, no local, pelos guardas municipais.
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