A sua escolha como representante de Portugal levou-a à final do concurso "Miss Mundo 2008", em Joanesburgo. Foi uma boa experiência?
A viagem à África do Sul foi uma das melhores experiências da minha vida. Por isso quero que outras manequins tenham a mesma oportunidade no futuro. Aprendi imenso. As profundas lacunas da organização portuguesa do concurso ficaram em evidência. Lembro-me de que a concorrente mexicana, por exemplo, quando chegou já tinha a roupa escolhida para todos os dias de provas. Sabia exactamente o que ia usar - os sapatos, as calças, os brincos. Estava tudo pensado ao pormenor por um estilista ou responsável de imagem. Até a maquilhagem estava programada para combinar. Eu não levava nem um terço da preparação delas e percebi que em Portugal ninguém fazia ideia do trabalho que tudo isto envolve. Por isso resolvi dedicar-me à representação da marca "Miss Mundo" no nosso país, aplicando a experiência que já adquiri. Isso consiste em organizar o "Miss Mundo/Portugal 2009"?
Sim, mas não apenas isso. A minha ideia é que não seja um evento isolado. Quero assegurar que o concurso aconteça todos os anos, fazendo de Portugal um concorrente habitual. É que a assiduidade é muito importante para que um país consiga chegar às finais e alcançar lugares de topo.Trata-se, no fundo, de recuperar o velho concurso "Miss Portugal"...
O único concurso semelhante que havia entre nós era, de facto, o "Miss Portugal". Mas acabou por ficar obsoleto, com todas aquelas categorias que já não se vêem em lado nenhum, como a ‘Miss Simpatia' ou a ‘Miss Fotogenia'. As pessoas desinteressaram-se e deixaram que este tipo de concursos perdesse expressão no nosso país. É essa tendência que eu quero contrariar. Como está a correr a organização do "Miss Mundo Portugal 2009"?
Nesta fase, estamos a angariar patrocínios. O que estava previsto era começarmos agora a escolher as candidatas, mas indicações vindas da organização internacional do "Miss Mundo" fizeram-nos adiar o evento para Outubro. Isto tem relação, antes de mais, com questões económicas relacionadas com a conjuntura actual (que, aliás, não podem deixar de afectar os próprios patrocínios). Mas tem também relação com o facto de as miúdas estarem quase todas em exames. A grande maioria das candidatas, ao contrário do que muitas pessoas pensam, tem uma vida escolar e académica intensa.
Já há alguma coisa definida para Outubro?
O formato ainda não está decidido. Em breve definiremos se será um formato televisivo ou um formato com outro tipo de visibilidade. Claro que esta definição terá uma influência muito grande sobre inúmeros aspectos, entre eles o dos patrocínios. Por isso, mal tenhamos uma decisão, divulgaremos. Definida está já a instituição de solidariedade à qual o "Miss Mundo Portugal" se vai aliar: é a associação SOL. Nos aspectos técnicos, em principio trabalharemos com a L'Agence, que nos vai ajudar a escolher as meninas. A edição deste ano, provavelmente, ainda vai ser fraquinha, por ser a primeira. Mas o que é preciso é que aconteça. Será o princípio de algo que queremos que cresça e que tenha continuidade. Como será o processo de selecção?
Depois de escolhidas 15 meninas através de ‘casting', vamos submetê-las durante cinco dias a um curso intensivo, em que aprenderão o essencial sobre técnicas de desfile, maquilhagem e moda. Destas 15, apenas três sairão vencedoras. Todo este processo terá lugar a partir de Setembro.Só a primeira classificada participará na final mundial?
Sim, essa é a norma. Mas a minha intenção é começar a canalizar os segundos e terceiros lugares para outras competições de beleza à escala internacional, como a ‘Miss Biquini', por exemplo. É um título menos vistoso, mas serve para não limitar a experiência de ir lá fora à 1ª classificada. Quero também apostar em iniciativas que renovem a imagem que se tem deste tipo de concursos. Quando se fala de uma Miss, as pessoas pensam logo numa miúda burra. Ora, um prémio que fosse, por exemplo, uma licenciatura, um mestrado ou um doutoramento poderia alterar muito as perspectivas.Haverá mais novidades?
Vai haver uma grande surpresa relacionada com a participação de homens, mas até isso estar confirmado prefiro não dizer nada. Tenho ainda o sonho de organizar a final do concurso "Miss Universo 2012" cá em Portugal, mas aí estamos a falar de uma estrutura que exige milhões de euros e que vai necessitar do investimento do Turismo de Portugal e outras entidades institucionais. Veremos...Tem conseguido conciliar a sua actividade na Moda com esta nova vertente empresarial?
Até agora tem sido possível. O pior vai ser mais para a frente. O meu namorado tem-me apoiado imenso e eu estou confiante em que vai correr bem.
(Entrevista de Maria Ana Figueira)
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