O Município de Allariz, na Galiza, Espanha, inaugurou em maio de 2011
a 2ª edição do Festival Internacional de Jardins. Esta exposição temática, de carácter efémero, estará
aberta ao público até outubro.

Os jardins, oito no seu todo,
inserem-se no Parque dos Sentidos, um espaço ajardinado criado junto ao Rio Arnoia, que funciona como um autêntico corredor verde.

Este espaço representa uma importante linha dorsal de
Allariz, com vista à preservação do meio ambiente. Os temas do festival de jardins apresentam uma
forte ligação aos usos e costumes de Allariz, espelhando
as características sócio-económicas e paisagísticas da
região. Este facto justifica também o seu sucesso, pois as
propostas aparecem inseridas no contexto civilizacional da
região, e não são meros exercícios de composição.
A indústria têxtil tem uma forte tradição em Allariz e
alguns dos principais costureiros de Espanha são da região. A dar suporte a esta ligação à moda, a zona serve de cenário ao Instituto
Superior de Moda Têxtil, assim como a um, muito apreciado, museu dedicado
ao tema.

Veja a GALERIA DE IMAGENS DO FESTIVAL INTERNACIONAL DE JARDINS DE ALLARIZ


O festival deste ano pretendeu homenagear esta importante
atividade e foi também ele recompensado, pois
surgiram propostas (cerca de 30) de vários países, incluindo Portugal,
Espanha, Áustria, França, Itália e Sérvia. Foram escolhidos
pelo júri, presidido pelo paisagista português Francisco
Caldeira Cabral, sete inovadores projetos. O oitavo, é o
premiado que transita do ano anterior, permanecendo dois
anos consecutivos em exposição.
À entrada do parque, o festival faz-se anunciar. Este ano,
coube ao artista brasileiro Raúl Diniz, a criação de uma paisagem
amplificada e ordenada. Borboletas, flores gigantes,
formigas e caracóis convivem pacificamente, para nos
exigirem medidas ambientais sérias.

Veja na página seguinte: Os projetos em destaque na edição deste ano

Estes são os projetos em destaque na edição deste ano do festival:

Colorshow (Portugal)

Proposta de autores portugueses,
retrata as quatro estações
do ano que se sucedem
harmoniosamente ao longo do
jardim. As estações ou gabinetes
de prova, cujas paredes
têm riscas horizontais, com as
cores dominantes na natureza,
estão repletas de surpresas.

Dedais gigantes, carros de
linhas e agulhas esperam pelos
tecidos, para criar o que está
na moda.

Os manequins vêem-se ao espelho e os botões,
expostos em gavetas, finalizarão
todos os trabalhos. A vegetação,
sabiamente escolhida,
participa nesta festa de cor e
bom gosto.

A cor da passarelle (Galiza)

Jardim com muito glamour onde
manequins muito elegantes,
vestidos pelos criadores do
Instituto Superior de Moda
Têxtil, brotam de um jardim
e envolvem a passarelle em
madeira. A terra deu flores de
cores diversas e os vestidos
depressa imitaram a Natureza.

Fashion victim (Espanha)

Uma passadeira laranja
percorre o jardim. Os modelos
são os próprios visitantes que
a percorrem para admirar as
formas e texturas desenhadas
pela natureza, expressas nos
telões, expostos de ambos
os lados. O jardim possui um
forte impacto cromático e os
tecidos são os mesmos que
alimentam a indústria da moda
em Espanha.

The fabric of paradise (Áustria)

A fábrica e o paraíso terrestre
nem sempre conviveram bem.
Aqui, pelo contrário, metros e
metros de tecidos desenrolam-se dos enormes carretos
e orgulhosos mostram-nos
os seus mágicos padrões.
O jardim é de um suave
ondulado verde.

Dodola Garden (Sérvia)

A concepção deste jardim
baseia-se num antigo costume
sérvio, em que dodolas
dançam para invocar a chuva.
O grupo é representado por
4 a 7 bailarinas, cujas vestes
são decoradas com elementos
vegetais.
Neste jardim, as dodolas
não dançam mas das saias
nascem flores variadas e tiras
de relva, sendo que a cabeça e os braços
são espelhados, refletindo a
nossa admiração.

Veja na página seguinte: A boneca que tem medo do sol

Jardin prêt-a-porter (Itália)

A passadeira vermelha
impõe-se num universo
branco e puro. Sobre esta,
os vestidos metálicos, estão
prontos a serem usados,
ao gosto de cada visitante.
As plantas envolvem-nos e
criarão a textura desejada.
O jogo, a ironia, a surpresa,
a frivolidade são alguns dos
ingredientes deste jardim,
segundo os seus autores.

A Boneca (França)

A proposta francesa impõe-se
pela originalidade e equilíbrio
de formas. Boneca gigante,
metáfora do corpo humano,
com uma saia às riscas, tronco
e pernas metálicas e cabelo
cor verde natural.
A estrutura/escultura,
também chapéu de sol, cobre
uma agradável zona de estar,
à qual se acede por um
caminho, que serpenteia
no jardim envolvente.

Texto: Elsa Severino
Fotos: Francisco Caldeira Cabral