É sem dúvida a mais bela das metrópoles que o grande rio banha, sendo que aqui o curso de água assume um papel ainda mais nevrálgico porque faz, como em poucas cidades do Mundo, parte dela mesma. Quem vê o copo meio vazio dirá que o Danúbio divide Budapeste em Buda e Peste, mas na verdade o que o rio faz é unir as duas margens numa só, permitindo que a água preserve a identidade de cada meio corpo da cidade, afinal uma boa parte da sua riqueza.

A história da cidade remonta aos Celtas, tendo sido capital da Baixa Panónia com os Romanos, e do Reino da Hungria a partir do século XIV. A sua localização geográfica e a riqueza mercante que o Danúbio permitia, fez com que ao longo dos tempos fosse sendo cobiçada e atacada por povos vindos de longe. Os Otomanos chegaram a ocupá-la por 150 anos, na altura em que apenas existia Buda, até que no final do século XVII a Liga Santa a reconquistou, colocando-a passado umas décadas nas mãos dos Habsburgos e mais tarde dando-lhe a dupla coroa do Império Austro-Húngaro, até que chegou a independência da Hungria em 1918 e a cidade voltou a adquirir o seu merecido estatuto de capital una e singular.

A afluência de Budapeste fez com que a cidade fosse sendo ornada por palácios e outras construções de grande imponência. Ainda que a sua “vizinha” Viena possa ter uma maior monumentalidade, a capital dos Húngaros ganha em intimismo e calor, o que faz dela uma cidade mais humana e agradável de se visitar. A prova da sua riqueza patrimonial está nos diversos monumentos e sítios históricos classificados como Património da Humanidade da UNESCO. Entre eles destacam-se o bairro do Castelo de Buda, as margens do Danúbio e o segundo mais antigo sistema de metropolitano do Mundo.

Sejam monumentos de projeção mundial ou não, Budapeste tem uma inifinidade de locais construídos para visitar. Alguns dos mais interessantes estão ligados à água que é o elemento natural mais central na vida dos Húngaros. A cidade tem uma milenar tradição termal, devendo uma boa parte da sua existência ao facto de os Romanos, e mais tarde os Otomanos, aqui se terem estabelecido para aproveitar as nascentes termais. Ao longo dos séculos os locais foram aprimorando a sua utilização, criando uma cultura de experiência termal única no Mundo. Ainda hoje a ida aos “spas” da cidade é faz parte do quotidiano dos seus habitantes. São em geral spas comunais, com grandes piscinas interiores e exteriores aquecidas, algumas com águas com propriedades medicinais. Os mais emblemáticos são os Banhos Széchenyi, uma estrutura anacrónica mas que possui um charme único e faz parte dos pontos a não perder numa visita à cidade.

Para completar a experiência de estadia em Budapeste é essencial percorrer a cidade a pé, descobrindo-a a cada passo e deixando que ela nos conquiste com as suas vistas e encantos. Um passeio a não perder seria descer do castelo de Buda e atravessar o Danúbio para aterrar na baixa de Peste, percorrendo depois a marginal do rio e depois a Avenida Andrássy, também ela Património da Humanidade. Mas a cidade é mais do que vistas e monumentos. Budapeste tem para oferecer o melhor do povo Húngaro, gentes com carácter e alegria, nascidos dos cruzamentos de raças que a cidade foi tendo. Os genes fortes dos seus antepassados criaram um dos povos esteticamente mais bonito do planeta, que aliam a beleza natural a uma vibrante vida, que se liberta ainda mais nos meses temperados e quentes. Isso faz com que Budapeste seja uma cidade para se conhecer de dia mas também de noite, quando os seus habitantes tomam conta das ruas e das praças, cantando e rindo na mais fascinante tradição Magiar. Também por isso Budapeste é uma das cidades mais interessantes da Europa.

Miguel Júdice