Chegar a Tóquio, uma cidade com uma arquitectura futurista, é como aterrar num planeta desconhecido. Tudo é possível e a descoberta é uma constante. Mas há vida para além desta metrópole, muitas vezes numa dicotomia profunda entre o tradicional e o contemporâneo.  Uma coisa é certa. Não há qualquer hipótese de gerar um sentimento intermédio e ou se ama ou se odeia.

Moda é a palavra-chave. Apesar de ser um dos bairros mais caros de Tóquio, Ginza continua a ser uma meca de compras. A não perder as tradicionais peças de kabuki, no Kabuki-zal. Há peças todos os dias. Vale também a pena programar o despertador para as 03h00 e dar um salto ao Mercado de Peixe de Tsukiji, onde poderá observar o atum e comer um sushi único pela manhã.

Roppongi Hills é um microcosmo artificial na cidade, idealizado por Minoru Mori, que alberga o Edifício Mori (uma imponente construção de 54 andares) e o Museu Mori de Arte Contemporânea, entre outras atrações que nem sequer figuram em muitos dos roteiros mais clássicos. É um dos locais de excelência para sair à noite.

Desfile na rua

Marcas internacionais como Chloé, Prada, Dior ou Louis Vuitton oferecem uma arquitetura única com as suas lojas, tornando a Omote-sando uma das ruas mais trendy de Tóquio, indo desde a entrada do Santuário Meji até Aoyama-dori. Aqui também podem ser encontradas a fantástica loja de brinquedos Kiddyland, a Laforet ou o restaurante orgânico Crayon House.

A sul da Omote-sando, encontra-se o ponto mais vibrante de Harajuku, a Takeshita Dori e as suas ruas paralelas, que atraem adolescentes de todo o lado. É também aqui que se encontra um dos maiores templos de Tóquio, o Meji Jingu.

Absorver experiências

Entrar na Itoya é como entrar numa loja de doces, só que aqui trata-se de material de papelaria. Para uma injeção visual de novos conceitos e produtos visite a Tokyo Hands. Diferentes padrões e texturas tornam a porcelana apetecível e uma ideia é aproveitar os mercados em segunda mão, que acontecem nos templos ao domingo, um pouco por todo o lado. Não se esqueça de entrar numa casa de jogo (pachinko) ou de comprar um chá quente numa das máquinas automáticas.

Perdidos e achados

O Olho de Shinjuku, uma instalação de arte da artista Miyashita Yoshiko, está na saída oeste da estação. No entanto, encontrá-la pode não ser assim tão simples, pois a estação de Shinjuku é uma das maiores do mundo, possuindo uma rede de túneis, que fazem lembrar um labirinto.

Não se admire se lhe pedirem para não falar ao telemóvel ou para tirar a mochila das costas pois pode incomodar alguém. Mesmo que não se perca aqui, siga o filme «Lost in Translation» e vá beber um copo ao Park Hyatt de Tóquio, gozando de uma vista única da cidade e sentindo na pele aquilo que o filme tão bem consegue exprimir.

Tóquio é tão diferente de tudo o que conhecemos, que nos sentimos mesmo sozinhos. Se mesmo assim ainda tem coragem, então siga para Ebisu, onde poderá provar aquele que é o melhor ramen de sempre, no restaurante Ippudo, que entretanto abriu também em Nova Iorque. Não estranhe se ficarem a olhar para si fixamente. Estão apenas a tentar perceber se está a gostar.

A metrópole que se assemelha a um planeta desconhecido

Veja na página seguinte: O passeio ao longo do rio que deve fazer

Romance no ar

Situada entre Kyoto e Nara, Uji é famosa pela sua produção de chá e por ser o palco do clássico da literatura japonesa «O Romance de Genji», considerada o primeiro romance literário da História. Depois de visitar o complexo de templos de Byodoin, dê um passeio ao longo do rio Uji, aproveitando duas das pontes que são para uso exclusivos dos peões, a Ponte de Tachibana e a Ponte de Asagiri. Um passeio pela rua Sawarabi toda rodeada por árvores também é uma experiência.

Em estado puro

Hakone faz parte do Parque Nacional de Fuji-Hakone-Izu. É famoso pelas termas e também pela possibilidade de avistar o Monte Fuji. Adoramos a viagem de comboio pela montanha, assim como o Museu ao Ar Livre, o Lago Ashinoko ou o templo. Nikko pode também orgulhar- se de ter três famosos templos Toshogu, Futarasan-jinja e Rinnoji. Em Toshogu encontra a escultura dos três macacos, que simboliza os ensinamentos budistas, através das poses de «não vejo o mal, não oiço o mal, não falo o mal».

Viagem no tempo

Ir a Quioto é como viajar no tempo. A cerca de três horas de Shinkansen, em comboio-bala, de Tóquio, Quioto foi destruída sucessivas vezes por guerras e fogos. É o ex-libris para templos, santuários e jardins. O mercado de Nishiki é único e o templo de Kinkakuji, também conhecido como Pavilhão Dourado, imperdível. Um dos mais famosos jardins de musgo do Japão é conhecido como Kokedera e faz parte do Templo Zen Budista Saiho-ji, sendo considerado Património Mundial da UNESCO.

Dicas para a sua estadia no Japão

A maior parte das pessoas não falará inglês. Leve consigo um livro com imagens ou as palavras essenciais escritas num papel. Uma boa opção pode ser adquirir um livro como o «Japan – The Original Point and Speak Book», disponível em sites como o Amazon. com.

O Japan Rail Pass é ideal para descobrir o Japão por comboio. Económico e simples de usar, é bastante mais barato do que se comprar bilhetes comboio a avulso. Tenha em atenção que tem de o comprar antes de entrar no país (online ou através de uma agência de viagem), pois é só para turistas.

Leituras para antes e durante a viagem

Vai para um país em que não domina a língua e por isso o nosso conselho é que se prepare. Wescelau de Moraes oferece uma perspetiva interessante sobre a cultura do país mas existem outras a ter em conta:

- «O Culto do Chá» de Wenceslau de Moraes, publicado pela editora Relógio d'Água

- «Japão», o famoso guia da Lonely Planet

- «Japan -The Original Point and Speak», à venda em Amazon. co.uk

Texto: Ana Ferreira