Ano após ano, logo a partir dos primeiros dias de junho, as celebrações dos santos populares enchem os bairros típicos de Lisboa de arraiais, para surpresa de muitos turistas que, muitas das vezes, sem o esperar, se veem de repente no meio daquela que é uma das mais animadas festas da cidade. "Não temos nada que se assemelhe a isto na Escócia", sublinha Gareth Law, jornalista, um dos muitos que viveram os festejos.
A movimentação que se gera na véspera de santo António, que se comemora anualmente a 13 de junho, fascina os milhares que se encontram de visita à capital portuguesa. Muitos não apreciam sardinhas nem sequer se entusiasmam com a música que se ouve nos arraiais mas não resistem à animação e à simpatia dos portugueses. "Gostei muito do ambiente. É muito familiar", elogia María José Cayuela, espanhola.
"É uma festa muito grande", descreve, surpreendida, a milanesa e cosmopolita Amalia Zordan, que ficou fascinada com a profusão de manjericos. "O que comem é parecido com o que se come nas festividades semelhantes que temos em pequenas aldeias nalgumas das muitas regiões de Itália", acrescenta ainda esta apaixonada por arte e arquitetura que, durante a estadia em Portugal, tem tido muito para onde olhar.
A tradição de comer sardinhas assadas com pão é, todavia, uma das tradições que mais surpreende muitos dos que desconheciam esta predileção gastronómica dos portugueses. "Nunca pensei que se comessem tantas, para ser sincera. São muito boas, com o pão e com aquele molho que escorre, além do sal. Ainda para mais, as minhas eram das grandes", regozija-se a inglesa Anna Wright, que vai muito a Espanha.
"Nem sequer tive problemas com as espinhas. E até os caracóis que comi estavam bons", garante a britânica. Asya Klyushnikova, mais esquisita, não arriscou. "Acho a comida típica um bocadinho estranha. É muito diferente da russa", assegura. "Mas as festas são muito divertidas, sobretudo por causa das pessoas", elogia a jovem moscovita. Amalia Zordan também aponta esse como sendo um dos grandes fatores diferenciadores.
"Fiquei surpreendida, confesso, porque encontrei um Portugal muito autêntico e até inocente, de certa forma", afirma a italiana, corroborando a declaração, incompreendida e muito criticada, que a cantora americana Madonna fez nas últimas semanas ao afirmar que Lisboa é "bastante medieval e um sítio onde o tempo, de certa maneira, parou". Uma genuinidade que surpreende os milhares de turistas que a visitam.
Comentários