O processo foi lançado em 2019 e contou com o apoio técnico do Instituto de Planeamento e Desenvolvimento do Turismo que sustenta o caráter “altamente diferenciador” da embarcação na cultura ribeirinha a nível internacional.
A ser aprovada a candidatura, com a qual a CIRA espera conquistar fluxos turísticos, será o primeiro “selo UNESCO” na região, aumentando a sua notoriedade.
“Temos uma boa candidatura e, feita a apresentação formal, agora segue-se um conjunto de diligências com as Nações Unidas para a sua análise e esperamos que a sua aprovação se possa concretizar bem e o mais breve possível para termos essa classificação”, disse Ribau Esteves, presidente da CIRA.
O autarca sublinha que a candidatura associa ao barco moliceiro “a carpintaria naval das várias embarcações da Ria de Aveiro”.
Um dos aspetos singulares dos barcos moliceiros são as pinturas da popa e da ré: “a proa é a parte monumental do moliceiro, em que figuras, desenhos e legendas são exclusivos, sem igual em qualquer tipo de navegação conhecido”, escreveu Jaime Vilar, em livro dedicado àquela embarcação.
Nesse trabalho classifica as legendas da proa em “satíricas, humorísticas e eróticas”, “religiosas”, “românticas, brejeiras e pícaras”, “profissionais, morais e históricas”.
O mesmo autor, baseando-se em dados colhidos junto dos artífices, descreve que um moliceiro mede, em média 15 metros de comprimento (…), desloca cerca de cinco toneladas e tem o fundo plano e de pouco calado, pormenor que lhe permite navegar por onde barcos de quilha não passam”.
Na década de 70 do século XX estavam registados três mil barcos moliceiros a operar na Ria de Aveiro, sendo que subsistem apenas 50 embarcações, metade das quais afetas à exploração turística nos canais urbanos da Ria.
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