Pó. Esse transtorno que nos faz limpar a casa vezes sem conta e que se multiplica sem percebermos muito bem como. Mas aquilo que parece ser um mal necessário muda completamente de perspetiva quando temos a oportunidade de fazer uma visita à sede da Dyson e perceber de que forma aquele grupo de engenheiros trabalha nos equipamentos que apresenta, ao mesmo tempo que estuda o pó. Com a possibilidade de ver ácaros no microscópio também - o que nos coloca à beira de um ataque de nervos.

Quando pensamos em Dyson a associação natural é a aspiradores, apesar de a empresa ter ainda outro tipo de aparelhos como os purificadores e produtos de hair care e beleza como os famosos Supersonic (secador) e Airwrap (modelador), do qual já falámos aqui, e que não recorrem a calor extremo, fruto de uma tecnologia específica da marca.

Além disso a empresa lançou também recentemente os Dyson Zone, uns auscultadores que, além do cancelamento de ruído, também têm um dispositivo que se ajusta ao nosso nariz e que purifica o ar.

Mas focando novamente no mundo dos aspiradores, ou não fosse também por isso que James Dyson ficou conhecido (entre outras inovações, ele foi o criador do primeiro modelo de aspirador sem saco, em 1993), quando percebemos melhor o pó, aquilo que encontramos é um inimigo silencioso que está mesmo ali para nos prejudicar no dia a dia.

“Duas em cada três pessoas não sabem que os vírus estão no pó. E que também podemos encontrar bactérias. O pó é muito mais complexo do que achamos”, explica-nos Stuart Thompson, engenheiro da área de aspiradores, numa visita à sede da Dyson, em Malmesbury, Reino Unido.

“Quanto melhor percebermos o pó, melhor conseguiremos fazer com que ele seja removido das nossas casas”, acrescenta a engenheira Lizzie Dyson, numa das apresentações feita aos jornalistas.

Pó, o inimigo silencioso que a Dyson quer combater
Antes de lançar qualquer produto, o mesmo é testado nas instalações da Dyson, o que de acordo com os engenheiros permite fazer as alterações necessárias muito rapidamente. créditos: Divulgação

Prova desse esforço é o lançamento anual do Global Dust Study, promovido pela empresa, e que no ano de 2023 contou com perto de 34 mil inquiridos de 39 países. De acordo com o estudo, 60% das pessoas admitem agora que só limpam quando veem pó ou sujidade visível, um número que aumentou 20% em relação ao ano anterior, o que nos indica aqui uma mudança de hábitos no pós-pandemia.

Se focarmos em Portugal, o número desce para 37% de pessoas que admitiram que só se sentem motivadas a limpar quando detetam sujidade ou pó visíveis no chão, o que, ainda assim, é um número alto. O estudo indica ainda que três em cada 10 portugueses confessa não limpar regularmente debaixo da cama, atrás das loiças da casa de banho ou a cama do seu animal de estimação. Menos de metade dos inquiridos a nível nacional (41%) afirmaram ter conhecimento de que o pólen pode residir no nosso pó. E apenas 21% sabiam da possível presença de ácaros.

“É verdade que aspirar é uma tarefa, mas é algo que também pode melhorar o espaço em que vivemos. Assim uma das nossas propostas é purificar o ar ao mesmo tempo que estamos a aspirar”, explica-nos Stuart Thompson.

A esse objetivo juntou-se outra questão: como limpar superfícies duras e lisas e carpetes com o mesmo aparelho? Foi desta forma que os engenheiros da Dyson começaram a desenvolver os seus mais recentes aspiradores como a série V15, lançada em março de 2021, ou o mais recente Gen5detect, considerado até agora, o aspirador sem fios mais potente de sempre, e com um PVP de 999€.

Pó, o inimigo silencioso que a Dyson quer combater
O Gen5detect é um dos mais recentes lançamentos da marca no segmento aspiradores. créditos: Divulgação

De acordo com os seus estudos, os engenheiros da Dyson estimam que uma pessoa passe 25 minutos a aspirar a casa, o que multiplicando essa ação em três vezes por semana, chegamos a cerca de 65 horas de aspiração por ano. E se conseguirmos que essa aspiração seja mais eficaz melhor. Uma coisa é garantida: é um trabalho que nunca acaba. Ou vai acabar.

Na visita à Dyson ouvimos falar em microns, medidas tão pequenas que servem de guia para conseguirem que os produtos que desenvolvem sejam mesmo eficazes naquilo a que se propõem. Assim como do filtro HEPA (High Efficiency Particulate Air), denominado pelo departamento de energia dos Estados Unidos, um tipo de filtro que teoricamente remove 99,97% de elementos poluentes, entre eles pó, pólen, mofo, bactérias, com um tamanho de 0,3 microns.

Pó, o inimigo silencioso que a Dyson quer combater
Durante a visita ao laboratório, tivemos a oportunidade de ver in loco um conjunto de ácaros, através de um microscópio. créditos: Divulgação

A par dos aspiradores, os purificadores de ar são outra grande aposta da marca. Mas como convencer os consumidores em geral que adquirir um purificador é um bom investimento a longo prazo? “A próxima grande preocupação vai ser a qualidade do ar em ambiente interior”, assegura-nos Ian Brough, do departamento de purificadores. Esta afirmação vem na sequência do estudo que realizaram (a Dyson tem parcerias com universidades) que revela que passamos 90% do nosso tempo em ambientes fechados.

“Há dois problemas-chave aqui. Por um lado, as pessoas não têm noção de quão mal é a qualidade do ar que respiramos e não veem isso como um problema que tem de ser resolvido”, continua Ian Brough. O engenheiro faz a nota de que as pessoas se preocupam cada vez mais com a qualidade do ar exterior, mas negligenciam a qualidade do ar interior. De acordo com o trabalho que foram fazendo, a equipa concluiu que muitas vezes a qualidade do ar destes ambientes é pior por todos os fatores externos que levamos para dentro de casa que ficam a “cozinhar” dentro de paredes, sem nenhum tipo de filtro.

Pó, o inimigo silencioso que a Dyson quer combater
Sala de demonstração onde é possível ver o purificador Big+Quiet Formaldeído. créditos: Daniela Costa

“Por outro lado, a maioria dos purificadores presentes no mercado não funciona em condições e estão apenas a passar ar poluído de um lado para o outro”, conclui Ian Brough, o que na sua opinião dificulta a aprendizagem e o tomar de consciência para a utilidade deste tipo de produtos. “Um purificador de ar é bom se conseguir detetar poluição para poder atuar”, diz-nos ainda.

Questionamos Ian: se tivesse de enumerar três razões para levar alguém a investir num purificador, que argumentos considera mais relevantes? Para o engenheiro é importante que as pessoas percebam o impacto que um purificador pode ter no quotidiano de uma pessoa e no seu lifestyle e de que forma pode melhorar a sua qualidade de vida – incluindo, por exemplo, a qualidade do sono -, ser um produto inteligente que consiga identificar a poluição e que atue, e que nos transmita uma sensação de limpeza e ar puro.

Pó, o inimigo silencioso que a Dyson quer combater
O purificador de ar Big+Quiet Formaldeído (PVP 999€) e o aspirador robot em exposição. créditos: Daniela Costa

Um dos lançamentos que promete fazer furor em 2024 é o upgrade do aspirador robot da marca, que já foi lançado na Austrália.

Uma das premissas que James Dyson passou à sua equipa de engenheiros em relação a este produto em particular é que não se deviam esquecer que iam desenvolver um aspirador e não um robot que aspira. “Um aspirador robot tem de ser bom a aspirar. Isso é o básico e aquilo em que acreditamos”, assegura-nos Stuart Thompon, ideia corroborada pelos engenheiros do departamento de robótica que tivemos oportunidade de conhecer.

A título de curiosidade, a sede da Dyson tem a sua própria formação em forma de curso superior. O programa de estudos está aberto a poucos estudantes anualmente, mas de acordo com quem o experimentou, parece ser uma oportunidade de uma vida. Quem nos assegura isso é Alex Taylor, estudante de 21 anos do DIET (Dyson Institute of Engineering and Technology), que seguiu os passos da irmã e que se mostra entusiasmada em partilhar a sua experiência. Os alunos têm todas as despesas pagas e direito a alojamento.

Mais uma vez, a marca quer destacar-se e isso nota-se pela evolução do próprio produto. O primeiro lançamento aconteceu em 2004, mas a sua atualização só aconteceu em 2015. A prova de que esta tecnologia tem muito que se lhe diga e o próximo lançamento pretende uma vez mais distinguir-se das demais no mercado.

Até porque seguindo as palavras do próprio James Dyson percebemos o que faz dele um visionário. “Se fizermos tudo como os outros fizerem seremos apenas mais uns. Por isso é que comecei a fazer todas as coisas mal e aquilo que não era suposto”.

O SAPO Lifestyle visitou a Dyson a convite da marca.