Só o título já diz (quase) tudo! «A catástrofe dos coches de Lisboa», pode ler-se numa publicação no blogue Architecture Here and There, que cita Malcolm Millais, engenheiro conceituado e autor do livro «Exploding the myths of modern Architecture», publicado em 2009. «O deslumbrante e elegante museu dos coches de Lisboa, durante muito tempo o mais popular, estava perfeitamente instalado num impecável edifício de linhagem real. Agora foi transferido para uma abominação típica da arquitetura moderna», escreve David Brussat, autor do blogue, defensor acérrimo da arquitetura clássica e da arquitetura tradicional.

«O Malcolm diz que não sabe porque é que ocorreu esta mudança mas tanto ele como eu podemos especular com alguma segurança. Os líderes de Lisboa queriam apanhar o comboio da tendência atual de recorrer a arquitetos célebres», opina o bloguer. «Eu imagino que este museu seja popular porque as pessoas que hoje possuem carros ficam, provavelmente, fascinadas com os tipos de transporte que eram usados pelas celebridades da história de Portugal, incluindo monarcas e aristocratas», escreve ainda. Esta não foi, contudo, a primeira vez que o consultor de arquitetura, criticou o projeto.

«Escrevi uma publicação no blogue em 2013 sobre a multiplicidade de idiotices envolvida na traição do museu dos coches. Malcolm diz que o diretor [da altura] se opôs à mudança mas, aparentemente, não o suficiente ao ponto de se demitir, uma vez que continua a ser diretor», critica. «Eu gostava de republicar essa publicação mas o Journal, depois de me ter despedido o ano passado, recusou-se a dar-me acesso», justifica o bloguer. O novo Museu Nacional dos Coches, projetado pelo arquiteto brasileiro Paulo Mendes da Rocha e pelo português Ricardo Bak Gordon, abriu a 23 de maio de 2015. Nas redes sociais, as novas instalações também têm sido criticadas.

Texto: Luis Batista Gonçalves