Já há quem lhe chame «a cidade do vício». Pattaya, na Tailândia, é apontada como a nova capital sexual do mundo. «A Sodoma e Gomorra dos tempos modernos», como também a descreve o tabloide britânico The Sun, comparando-a com a cidade descrita pela Bíblica como o reino da luxúria e do pecado. Cerca de 27.000 prostitutas, muitas delas contratadas por bordéis ilegais, prestam serviços sexuais a mais de um milhão de turistas.
A maioria são ocidentais caucasianos que deambulam pelas várias centenas de bares de strip, go-go clubs e boates em busca de prazer e de mulheres. Muitas delas são originárias do norte, uma das zonas mais pobres do país. Vendem o corpo na tentativa de fugir à miséria. Algumas chegam a ganhar cerca de 133 € por noite, quase 20 vezes mais do que o ordenado mínimo tailandês, pouco acima dos 8 €.
«Pattaya parece uma cidade do faroeste há várias centenas de anos», assegura o jornalista Luke Williams, um dos muitos repórteres internacionais que já por lá passou em trabalho. Nas lojas, há mesmo t-shirts à venda com a inscrição «Good guys go to heaven, bad guys go to Pattaya», «Os rapazes bons vão para o céu, os maus vêm para Pattaya» em português. «Eu prefiro as mulheres tailandesas», confessou-lhe um cliente europeu.
«Eu sei que elas só querem o dinheiro e eu não vou propriamente à procura de amor», disse-lhe ainda. «Elas são subservientes e tratam-nos bem», confidenciou-lhe outro. Apesar da prostituição ser ilegal na Tailândia, até agora as autoridades faziam vista grossa. A escolha de Kobkarn Wattanavrangkul para liderar o ministério do turismo local, a primeira mulher nesse cargo, promete, contudo, alterar a situação.
A nova governante já assumiu publicamente a intenção de limpar a (má) imagem do país enquanto destino de turismo sexual. Muitos agentes do setor temem que o encerramento dos bordéis ilegais possa ser devastador para a economia local. «Os turistas não vêm cá para isso [sexo]. Vêm pela nossa bela cultura. Queremos que a Tailândia seja associada a um turismo de qualidade. Queremos acabar com a indústria do sexo», diz a governante.
Texto: Luis Batista Gonçalves
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