As plantas indicadoras são as que nascem espontaneamente na natureza, sem serem plantadas ou semeadas, apresentando grande adaptação e vantagens de crescimento e desenvolvimento em relação às outras plantas cultivadas. Estas variedades botânicas podem, no entanto, indicar o tipo de ambiente, de clima e/ou solo onde crescem, uma vez que tendem a desenvolver-se nessas condições especificas. As chamadas ervas daninhas são, por norma, indesejadas por crescerem em locais onde não as queremos.
De qualquer modo, essas plantas nascem espontaneamente em ambientes muito favoráveis ao seu desenvolvimento. Embora muitas ervas daninhas possam aparecer em solos variados, a maioria expressa um verdadeiro diagnóstico das condições do solo e do clima, revelando informações importantes. Ao olhar para as plantas que crescem, no terreno, podemos fazer um diagnóstico da zona e ter informações precisas sobre as culturas que poderemos instalar e o que poderá ser modificado para melhorar o solo.
As plantas chamadas indicadoras podem então dar-nos informações sobre aspetos como a textura do solo. Permitem revelar a percentagem de areia, de limo ou de argila. Também informam quanto à humidade do solo. A fertilidade do terreno pode ser denunciada por muitas plantas que gostam de determinados elementos minerais ou, pelo contrário, adaptam-se a terrenos pobres. A compactação do solo é outra das informação que presta, permitindo identificar a percentagem de ar no solo. Existem plantas que se adaptam melhor a solos compactos e outras a solos mais soltos. Também permite estimar o pH. Muitas plantas só aparecem em solos ácidos, alcalinos ou neutros. O mesmo sucede com a matéria orgânica.
Determinadas plantas só se dão bem em terrenos com muita matéria orgânica e algumas indiciam a presença de terrenos salinos, com um nível elevado de cloreto de sódio. O lírio cor de rosa, por exemplo, tem tendência a aparecer muito nesses terrenos. Em Portugal, muitas destas plantas, que são consideradas invasoras ou daninhas, têm utilidade como alimento, medicinal ou outra utilização benéfica. A compactação do solo pode dever-se à utilização excessiva de máquinas ou ao constante pisoteio humano ou animal.
Quando aparecem plantas adaptadas a esse tipo de solo, esse pode ser um sinal de alerta para intervir de uma maneira mais sustentável e biológica. Para descompactar o solo, a plantação de adubos verdes pode ser uma solução a ter em conta, pois muitas plantas possuem raízes que rompem essa camada compactada e reestabelecem a infiltração de água e a oxigenação, aumentam a matéria orgânica e consequentemente a vida no solo. Existem plantas que, devido às suas raízes longas, conseguem amolecer o terreno.
Com isso, conseguem trazer das camadas mais profundas elementos nutritivos que se conservam no solo, não sendo por isso arrastados ou lixiviados. O taráxaco, por exemplo, transporta cálcio e o saramago potássio. Podemos, através de uma análise biológica, apenas das plantas espontâneas, identificar e conhecer muitos aspetos importantes que nos dão indicações precisas do tipo de culturas que devemos instalar num determinado local. Descubra, de seguida, cinco plantas indicadoras e saiba o que revelam.
1. Azeda
Também conhecida como Rumex acetosa, a azeda, uma planta de utilização medicinal, indicia a presença de solos argilosos, argilo-siliciosos ou limosos, por norma ácidos, ricos em ferro, húmidos e compactos. Este exemplar botânico destrói, muitas vezes, o complexo argilo-húmico dos terrenos.
2. Papoila
Logo a partir do final do inverno começa a encher os campos de cor. A Papaver spp é uma planta medicinal. As pétalas e as folhas são usadas em infusões e as sementes podem ser adicionadas aos pratos culinários, em substituição do sésamo. Tende a indiciar a existência de excesso de calcário no solo, o que significa que estamos perante solos calcários.
3. Dente-de-leão
Comestível e medicinal, a Taraxum officinalis, designação científica desta variedade botânica, atrai algumas minhocas, pois é uma planta que se decompõe, fornecendo húmus neutro. Avisa da presença de boro e de solos férteis, argilosos e ligeiramente compactos. É bom para a maioria dos legumes, favorecendo o seu desenvolvimento.
4. Cavalinha
Equisetum spp. foi o nome científico que os botânicos lhe deram quando a registaram. Esta planta medicinal pode ser toxica para os humanos se ingerida numa dose alta. A maioria dos animais também pode ter problemas. Indicia que os solos onde cresce são pesados, argilosos, húmidos e ácidos, com pouco oxigénio.
5. Beldroega
A Portulaca olerácea, que muitos portugueses conhecem como beldroega, é usada na gastronomia portuguesa, nalgumas regiões, para confecionar sopas ou para armazenar como comida para o gado. Revela que estamos perantes solos bem estruturados, férteis, com um bom nível de humidade. Não prejudica as restantes culturas.
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