Para os japoneses, a montagem de um arranjo floral ikebana é um ato de amor ao universo, à simplicidade e à beleza. Deve pois ser realizado serenamente, como se estivesse a meditar de olhos abertos. Nele será espelhado o seu estado de espírito quando escolhe o vaso ou jarra, a base, as plantas e realiza o arranjo. A escola Ohara foi fundada no Japão em 1912 por Unshin Ohara, que viveu entre 1864 e 1916 e que já em 1897 tinha criado o estilo moribana.

Em japonês, a palavra significa flor do monte. Unshin Ohara estudou minuciosamente as flores campestres transpondo para vasos rasos toda a sua simplicidade, movimento, força, harmonia e beleza. As variações deste estilo são imensas pois Unshin Ohara criou desde miniaturas, apelidadas de shohinka-kei, até complexas paisagens.

A escola adotou também o Nageire, criação da escola Ikenobo, mas com regras diferentes. O moribana vertical Ohara é composto por oito linhas, sendo três principais representando o céu, o homem e a terra. As cinco secundárias podem representar montanhas, nuvens ou outros elementos da natureza. Os espaços vazios entre as diferentes linhas representam o silêncio.

Conselhos para corte das plantas

A missão do artista floral ikebana é a de um cirurgião das flores. Quando cortamos uma planta fazemos no caule uma ferida pela qual se escapa a seiva que ainda possui de reserva. O corte da flor, ramo ou galho deve ser feito dentro de água para que o ar seja impedido de entrar e esta penetre com mais facilidade na planta. Os vasos devem ser muito bem lavados com água e sabão, os pica-flores desinfetados com um jorro de água fervente antes de serem utilizados.

Materiais necessários para o arranjo:

- Três galhos de cameleira (ou outro arbusto) para as linhas principais
- Cinco pés de raivas (ou outras flores de verão) para as linhas secundárias
- Um pedacinho de carvão vegetal
- Pequenas pedras verdes

Ferramentas e utensílios necessários:

- Tesoura de poda em aço inoxidável
- Pulverizador para borrifar as plantas
- Furador para darmos entrada inicial num galho que seja mais duro, a fim de que possamos fixá-lo no pica-flores
- Bacia plástica ou inox para colocarmos água fria dentro da qual serão cortados os galhos, as flores e/ou as plantas a usar
- Pica-flores médio
- Vaso raso de cerâmica médio quadrado ou retângular
- Base (pode ser de madeira, laca, charão, esteirinha ou bambu)
- Arame de florista
- Avental ou toalha turca
- Base de plástico para prepararmos o arranjo

Aprenda a criar uma moribana vertical

Como se processa a montagem do arranjo

1. Coloque o pica-flores já desinfetado no canto inferior esquerdo do vaso já com água límpida até dois terços da altura do mesmo.

2. Faça a fixação dos galhos ou flores no pica-flores. Trace um triângulo isósceles imaginário (ABC) no pica-flores.

3. Coloque o pedacinho de carvão vegetal na água.

4. Corte pedaços de dois centímetros do caule que sobrou e cubra cada um dos picos do pica-flores à medida que vai colocando os galhos pois isso ajuda a fixá-los.

5. Coloque as pedras na base do arranjo e borrife-o delicadamente.

6. Por fim, com todo o cuidado, coloque o arranjo em cima duma base no local escolhido para ser alindado.

7. De dois em dois dias, reponha a água em falta no vaso e borrife o arranjo delicadamente.

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Texto: Maria Isabel Pereira