A luz é um elemento primordial da vida. O nosso bem-estar depende, em grande medida, da qualidade e da intensidade da luz sob a qual vivemos e trabalhamos. Um projeto de iluminação de interiores para a sua casa pode ser uma boa opção.

É a luz que regula o ritmo de sono e vigília no homem e, sem nos darmos conta, é a luz que nos estimula e nos dá vitalidade, ou que, pelo contrário, induz o nosso corpo a um estado de sonolência ou de relaxamento.

É fundamental que a luz seja pensada com critério e cuidado. A luz é também responsável pela criação de atmosferas, transmitindo sensações que podem preencher um leque tão vasto de experiências como calor ou frio, excitação ou tranquilidade, intimidade ou sofisticação, essencialidade ou deslumbramento. É por isso um dos mais valiosos “materiais” para a criação de espaços capazes de provocar experiências únicas.

A iluminação deficiente é globalmente prejudicial, incluindo os custos de consumo de eletricidade a ela associados. A maioria das pessoas poderia reduzir o consumo de eletricidade para iluminação entre 15 a 20%, sem prejuízo de usufruir dos benefícios de uma luz de melhor qualidade. É tudo uma questão de ter a luz certa, no local certo e no momento certo.

Escolher as fontes de luz adequadas
Os diversos espaços de uma casa terão de ter um sistema de luz adaptado a cada uma das suas funções. Deverá ser estudado um conceito geral, tendo em conta as potencialidades do espaço e as possibilidades do uso de luz natural.

As modernas tecnologias de iluminação oferecem muitas soluções que podem constituir alternativas interessantes. No entanto, há um conjunto de fatores a ter em conta:

• A combinação adequada de luz, que se traduz na conjugação de diferentes tipos de lâmpadas, permitirá criar várias zonas de iluminação com um efeito muito agradável.
• As lâmpadas devem ser escolhidas de forma cuidadosa, tendo em consideração o local onde se pretendem instalar, garantindo que proporcionam luz suficiente sem provocarem encandeamento.
• Existe uma grande diferença entre a iluminação geral de uma sala e uma específica destinada à secretária do computador ou às escadas. Esta varia de acordo com a função da cada espaço.

Luz natural
A luz do dia tem grande influência no nosso bem-estar. A luz natural faz-nos ficar de bom-humor e torna o espaço que nos envolve mais inspirador e atrativo. Nos espaços de trabalho, a utilização de luz natural deverá ter um sistema de regulação, que poderá conseguir-se a partir de estores, telas, cortinas, toldos ou outro tipo de sombreamentos ou filtros, tanto exteriores como interiores. A presença de árvores ou de vegetação poderá também provocar o sombreamento. Isso possibilitará que, em caso de luz solar intensa e perigosa, esta possa ser diminuída para níveis mais convenientes.

É possível, por exemplo, reduzir as radiações infravermelhas e ultravioletas através de películas de filtro solar aplicadas sobre os vidros. Um sistema mais sofisticado utilizando um luxímetro eletrónico poderá reconhecer os níveis de iluminação natural e fazer, por exemplo, uma compensação com luz artificial no caso do nível de intensidade de luz baixar mais do que o desejado.

Ou seja, a luz artificial acende automaticamente logo que se verifiquem níveis de luz insuficientes. Este processo poderá também ser manual, através da instalação de reóstatos ou reguladores de fluxo luminoso.

- Orientação solar
A luz natural variará também consoante a orientação solar. Uma fachada ou abertura voltada a sul terá luz solar direta, geralmente de tons mais quentes, e mais inconstante ao longo do dia. Uma abertura voltada a norte terá uma luz mais constante e indireta, sendo esta a luz indicada para os ateliês de artistas, por permitir um reconhecimento mais constante da cor ao longo do dia.

- Como conseguir uma boa iluminação natural?
A quantidade de luz natural que recebemos será tanto maior, quanto mais descoberto estiver o céu. A entrada de luz natural, através de uma superfície envidraçada, é tanto mais restringida, quanto maior for a área ocupada pela respetiva caixilharia.
- Caixilharias de cores claras ou brancas e paredes de cores claras junto às janelas permitem otimizar e aproveitar a luz natural.
- A luz proveniente de uma claraboia proporciona uma maior iluminação natural.

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Luz artificial
O sistema de iluminação deve ser planeado cuidadosamente. Antes de comprar lâmpadas e luminárias, pense bem onde irá colocá-las e para que funções se destinam.
Existem três aspetos cruciais a ter em consideração: escolher a lâmpada, a luminária e o seu correto posicionamento.

A quantidade de luz necessária depende do que se pretende ver. Os pequenos detalhes e contrastes requerem mais luz do que os maiores. Quanto ao correto reconhecimento de cores, a luz artificial pode ser escolhida de acordo com esta função.

Chama-se à capacidade que a luz tem de nos permitir reconhecer a cor com fidelidade restituição cromática, sendo medida em IRC (Índice de Restituição de Cor). Lâmpadas com IRC igual a 100 apresentam as cores com total fidelidade e precisão. Quanto mais baixo o índice, mais deficiente é a reprodução das cores.

Em zonas em que seja fundamental este reconhecimento fidedigno de cor será aconselhável a utilização de lâmpadas com boa restituição de cor, preferencialmente de luz branca fria, que se aproxima da luz solar. Para dar um exemplo que certamente todos reconhecerão, a luz de sódio que ilumina muitas das nossas vias nas cidades ou estradas, uma luz amarela forte, tem uma fraca restituição cromática. Sob essa luz todas as cores são semelhantes, não se distinguindo um azul de um vermelho.

- Luz e cores
As cores de uma sala têm grande influência na iluminação. Paredes, tetos, pavimento e mobiliário de cores claras proporcionam uma boa reflexão da luz. Adicionalmente, são suavizadas as sombras e reduzidos os contrastes, ao mesmo tempo que as luminárias tendem a provocar menos encandeamento. Quanto mais escuras forem as cores escolhidas, menos luz é refletida e maior é a necessidade de iluminação.

Escritório
O escritório, para além de ser funcional, deve desfrutar de um ambiente acolhedor. Um candeeiro de mesa eficiente deverá permitir uma fácil leitura dos ficheiros no ecrã e de documentos impressos, enquanto pequenos candeeiros de prateleira criam uma atmosfera agradável no espaço.

O posicionamento do computador a uma certa distância da janela proporciona boas condições de leitura. Se existir uma grande diferença entre a iluminação do computador e a iluminação ambiente, tal poderá ser muito cansativo para os olhos.

Dicas – Período diurno
- Quando se permanece várias horas por dia em frente ao computador convém que exista iluminação natural e vista para o exterior. Contudo, é importante que se esteja posicionado paralelamente à janela, e a uma certa distância desta, pois assim será evitada a luz em excesso e os reflexos incómodos no ecrã.
- Quando a luz do dia é muito intensa, poderá ser necessário correr as cortinas ou os estores para que se possa ler no ecrã.

Dicas – Período noturno
- Um candeeiro de mesa deverá assegurar uma boa iluminação para ler os documentos impressos e para ver o teclado.
- A iluminação geral deve ser uniforme mas não demasiado forte, e o ecrã deve ser deslocado até que não hajam reflexos.

Sala
A sala acolhe diversas atividades e é utilizada diariamente durante muitas horas. Daqui advém a necessidade de diferentes tipos de iluminação. O mobiliário deverá ser colocado de forma a otimizar o aproveitamento da luz natural. O ideal será dispor de várias luminárias para dar resposta às diferentes situações e ter a opção de regular a intensidade da luz.

A iluminação natural, proveniente de claraboias, proporciona luz suficiente para a leitura durante a maior parte do dia. Um estore/persiana exterior, assegura proteção contra a luz solar, sem restringir a visão exterior.

Dicas – Período diurno
- Opte pela luz natural em vez da artificial, tanto para iluminação geral como para luz de trabalho.
- Os vidros coloridos, paredes escuras e carpetes absorvem muita luz, por isso deve optar-se por cortinados de cor clara e persianas/estores que possam ser completamente abertos.
- Deve ainda optar-se por cores claras para a caixilharia das janelas, bem como para as paredes, já que é nelas que a iluminação natural incide e se reflete.

Dicas – Período noturno
- Luminárias com difusor opalino espalham bem a luz, evitando cantos escuros.
- Os candeeiros de pé, de mesa e de parede são os ideais para a leitura.
- A iluminação específica para realçar objetos dá vida à sala.

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Zonas de passagem
Em corredores ou zonas de passagem é necessário assegurar uma iluminação adequada e que ofereça segurança. Será aconselhável a utilização de lâmpadas cujo tempo de arranque seja rápido, uma vez que poderá ser necessário acendê-la e apagá-la diversas vezes.

É importante também pensar na questão da segurança, sinalizando degraus ou escadas com luzes de presença. Uma outra solução possível será a instalação no teto de lâmpadas fluorescentes compactas.

Dicas – Período diurno
- A iluminação natural dá vida às zonas de passagem (átrios, corredores e escadas). Para além disso, evita que estes espaços tenham um aspeto sombrio e confinado.
- Os espaços interiores podem receber a iluminação natural através de paredes ou portas de vidro de uma sala contígua.

Dicas – Período noturno
- Um ou mais pontos de luz no teto são suficientes para a circulação de pessoas. As luminárias devem fazer chegar a luz a todos os sítios sem provocar encandeamento.
- Caso o espaço seja utilizado por curtos períodos de tempo, a solução pode passar pela instalação de um detetor de movimento, que ligue ou desligue as luzes, sempre que alguém entre ou saia do espaço em questão.

Casas de banho
A iluminação na casa de banho deve permitir uma visão natural dos contornos e das cores. Frequentemente, as casas de banho são espaços em que se despreza a iluminação natural, apesar da sua indiscutível qualidade.

LED brancos junto aos espelhos proporcionam uma boa iluminação na área dos lavatórios. A iluminação natural possui um ótimo índice de restituição de cores que permite distinguir pequenas diferenças de tonalidade. No espelho, com iluminação natural, podemos ver exatamente como somos e como as outras pessoas nos veem ao longo do dia.

A colocação de uma luminária em cada um dos lados do espelho proporciona uma visualização excelente. Pelo contrário, a colocação de iluminação sobre o espelho apenas aumenta a quantidade de luz sem beneficiar a visão.

Dicas – Período diurno
- A iluminação natural faz com que a casa de banho seja um espaço agradável e acolhedor. A cor da pele e os contornos do corpo e da face são reproduzidos de forma natural e suave.
- As paredes e o teto devem ser de cores claras para que a luz seja refletida de forma eficiente.

Dicas – Período noturno
- Uma luminária no teto espalha a luz e facilita os trabalhos de limpeza e a deteção de água ou objetos no chão.
- É importante ter uma iluminação com boa restituição de cor, sobretudo junto ao espelho. Todas as luminárias e lâmpadas devem ser certificadas como adequadas para utilização em ambientes húmidos.

Espaços exteriores
Em casas com zonas exteriores, como por exemplo pequenos jardins, a iluminação exterior deve permitir ver claramente as escadas e os caminhos, transmitir segurança e ser agradável à vista. Candeeiros colocados no chão e candeeiros verticais ao longo do caminho, assim como focos de luz com LED na relva, aumentam a sensação de segurança.

A iluminação de jardim cria uma atmosfera atrativa. Ao mesmo tempo, faz desaparecer a sensação de escuridão no exterior. No entanto, deverá ser adotado um tipo de iluminação de eficiência energética superior.

Dicas – Período diurno
- Todas as luzes devem ser desligadas, ou através de comando por relógio ou através de células fotoelétricas.

Dicas – Período noturno
- A instalação de luminárias ao longo dos espaços exteriores permite a circulação em segurança. Além disso, um sistema de iluminação bem concebido permite criar uma envolvência nestes espaços.
- A iluminação exterior não deve provocar encandeamento, mas sim iluminar o que deve ser visível, como por exemplo as escadas e os caminhos.

Eficiência energética
A eficiência energética é também muito importante. Por uma questão ecológica, que se prende com a diminuição do desperdício de energia, até 2016 deveremos deixar de utilizar todos os outros tipos de lâmpadas só sendo permitidas as lâmpadas fluorescentes compactas, os LED e as halogéneas de classe energética B.

Por isso é importante ir adaptando as soluções a este tipo de lâmpadas, que agora encontram assinaladas em todas as embalagens as suas diversas características – etiqueta energética, tempo de arranque, tonalidade, fluxo luminoso e o número de vezes que poderá ser ligada e desligada. As escolhas podem, desta forma, tornar-se mais conscientes.

Numa ótica de eficiência energética é urgente integrar os princípios de racionalização de energia. Ao fazer a combinação correta de diferentes tipos de lâmpadas, poderá obter uma iluminação mais eficiente e apelativa com menor consumo de eletricidade. Para tal, é necessário que escolha com cuidado as suas luminárias e lâmpadas e que não se esqueça de desligar as luzes, sempre que não haja controlo automático.

Consulte um profissional
A luz não tem influência apenas no campo particular e privado. Na maioria dos casos, tem relação direta com a produtividade económica do indivíduo e com os efeitos do seu trabalho para a empresa onde presta serviços.

Um projeto de iluminação de interiores para a sua casa pode ser uma opção a tomar. Para além de contribuir para o conforto das pessoas que utilizam o espaço, contribui para aumentar a produtividade e diminuir o stress profissional.

Atualmente, existem diversos profissionais que se dedicam a este tipo de trabalho – light designers, arquitetos e engenheiros eletrotécnicos são alguns dos profissionais que poderão, em articulação com o projeto de arquitetura, ajudar a desenvolver as melhores soluções para a criação de espaços de grande qualidade.

Edição: Patrícia Velez Filipe
Fotografia: Ouro Vivo
Agradecimentos: Ministério da Economia, da Inovação e do Desenvolvimento; OSRAM Portugal