É uma das terapias alternativas mais difundidas do mundo mas em Portugal não existem dados sobre o número de pessoas que já recorreram a este método. O seu nome deriva do grego (hómoios pathos), que significa semelhante e doença. A expressão traduz o princípio em que se baseia esta abordagem impulsionada pelo médico alemão Christian Friedrich Samuel Hahnemann há três séculos, similia similibus curantur, que pode ser traduzido como «os semelhantes curam-se pelos semelhantes».
Como explica António Hipólito de Aguiar, farmacêutico, o tratamento homeopático «fornece doses extremamente pequenas dos agentes que produzem os mesmos sintomas em pessoas saudáveis, quando expostas a quantidades maiores». Fomos perceber o que distingue esta terapia que usa substâncias ativas de origem mineral, animal ou vegetal.
«Na medicina convencional ou alopatia, o sintoma é causado pelas doenças, enquanto a homeopatia vê o sintoma como uma reação natural do organismo para curar a doença», afirma o especialista. A homeopatia defende ainda «o tratamento da pessoa como um todo, ao contrário de uma abordagem em que se tratam as doenças ou os sintomas isoladamente. Por esta razão, várias pessoas com a mesma doença podem ter de recorrer a remédios diferentes», explica o farmacêutico.
«Os remédios homeopáticos contêm quantidades muito reduzidas das substâncias originais, sendo preparadas através de diluições, a partir de uma solução-mãe. Acredita-se que essas diluições e potencializações podem aumentar o seu poder curativo e evitar os efeitos secundários», acrescenta.
As principais aplicações
Esta abordagem alternativa é aplicada em doenças mais comuns, tais como constipações, tosses, gripes, dores de garganta ou enjoos. Se recomendada por um médico, também pode ser usada para o tratamento de doenças crónicas ou recorrentes, tais como alergias, eczemas ou asma.
«Habitualmente, a homeopatia trata situações inflamatórias que surgem sem desenvolvimento anterior, com especial preponderância para as que compreendem processos agudos, embora seja também recomendada em situações crónicas», frisa António Hipólito de Aguiar. «A homeopatia pode ainda ser usada como tratamento complementar após lesões, cirurgias ou para melhorar a tolerância aos tratamentos de doenças graves», defende Gwénaël Greppo, médica de clínica geral.
A quem se destina
Estima-se que esta abordagem seja adequada para qualquer pessoa, «desde crianças (com mais de um ano de idade), adultos ou idosos. Os medicamentos homeopáticos não são tóxicos e não têm efeitos adversos conhecidos», assegura Gwénaël Greppo. Não se deve falar propriamente de benefícios específicos em cada idade, no entanto, salienta o farmacêutico, «existem hoje, cada vez mais, tratamentos em crianças de tenra idade com muito bons resultados.»
A exemplo de outras terapias, o National Center for Complementary and Alternative Medicine (NCCAM), nos Estados Unidos da América, uma entidade especializada em medicinas alternativas e complementares, recomenda informar o seu médico sobre a toma, sobretudo no caso das mulheres grávidas, a amamentar ou realiza outros tratamentos.
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Sim ou não à homeopatia?
A homeopatia é uma das práticas alternativas mais usadas no mundo, tendo sido reconhecida como especialidade médica no Brasil em 1980. É uma das seis terapêuticas não convencionais aprovadas no nosso país, contudo, a profissão de homeopata não está ainda regulamentada, nem a terapia integrada no Serviço Nacional de Saúde. A investigação científica sobre a homeopatia é difícil. Segundo o NCCAM, tal sucede «porque as substâncias altamente diluídas não podem ser facilmente medidas».
«Por outro lado, existem centenas de produtos homeopáticos para tratar diferentes sintomas», sublinha ainda esta entidade. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) indicam que a homeopatia já está amplamente difundida em países europeus, bem como na América do Norte e na Ásia. Foi também sendo integrada nos sistemas de saúde de países como a Índia, o México, o Paquistão, o Sri Lanka e o Reino Unido.
Caça aos mitos:
- A doença apenas surge se há um desequilíbrio emocional
Esta crença é falsa. A homeopatia defende que o desequilíbrio emocional pode provocar doenças, mas admite que nem sempre é este o único fator desencadedor das patologias. Há que ter em conta causas alimentares, infecciosas, ambientais (poluição), traumáticas e metabólicas.
- A homeopatia pode ser um tratamento preventivo
É verdade. Isso não significa, contudo, que a pessoa nunca mais ficará doente. O que se constata é que, com o tratamento homeopático, as crises de doenças crónicas como rinite, asma e gripes recorrentes, se tornam mais raras.
Texto: Cláudia Pinto com António Hipólito de Aguiar (farmacêutico) e Gwénaël Greppo (médica de clínica geral)
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