A necessidade de reconhecimento e de validação da identidade faz parte da natureza humana e da sua sobrevivência desde o primeiro instante, e vai tomando formas diferentes ao longo da vida, mas nunca desaparece totalmente. Vai-se recriando e sublimando à medida que é aceite e preenchida; da mesma maneira que se vai distorcendo e impondo de forma inconsciente à medida que é negada ou rejeitada e não preenchida.
Ser visto, aceite e reconhecido é fundamental desde o primeiro minuto de vida; isso garante que temos uma existência no mundo, que somos aceites e amados e por isso mesmo protegidos, enquanto não podemos fazê-lo por nós próprios.
Chame-se a esta a necessidade de reconhecimento, significância ou simplesmente de atenção, é evidente desde o nascimento que precisamos ser amados e vistos pelos outros seres humanos, termos a nossa a identidade validada, sentirmo-nos amados, importantes, únicos, significativos e especiais.
Para o recém-nascido, sentir-se o centro das atenções e incondicionalmente amado pelos seus pais ou cuidadores é vital – para saber que existe, que é visto, que é importante, que tem valor, que a sua sobrevivência está assegurada a partir do momento em que a sua importância para o Outro está assegurada.
Por isso, é absolutamente natural, correcto, e vital satisfazer, de forma assumida e declarada, este necessidade de reconhecimento, atenção, importância pessoal. Não o fazer é que se torna perigoso. Não é aquilo de que tenho consciência, mas aquilo de que não tenho consciência, que se torna perigoso e me fecha as opções.
Existem geralmente duas grandes “linhas estratégicas” possíveis, seguidas pelos humanos, para satisfazer as necessidades de reconhecimento, atenção, brilho, amor e admiração: uma que funciona, e outra que não.
Veja na próxima página a continuação do artigo
A primeira, a que funciona, é ser criativo e autêntico, enfrentando a dúvida e a vergonha e correndo o risco de se expôr, honrando a verdade de quem se é, mesmo que isso arrisque perder o amor ou admiração daqueles a quem queremos impressionar ou agradar. Se me exponho completamente, nu na minha autenticidade e transparente na minha verdade interior, corro o risco de não gostarem de mim – especialmente se eu não recebi, na altura devida, o encorajamento e o amor necessários para aprender a aceitar-me no que sou e confiar assim que o que trago dentro é absolutamente digno de valor.
A segunda linha estratégica - a mais comum -, e que geralmente decorre de uma experiência insatisfatória em termos de receber o amor suficiente na altura devida, mas que a longo prazo acaba por não funcionar, é tentar ser o que não se é, ficando refém da necessidade de impressionar ou agradar ou pelo menos de não desagradar, e criar um falso “eu” destinado a conquistar o amor dos outros em detrimento do próprio auto-respeito – criando um ciclo vicioso no qual quanto mais me desrespeito mais dependo de que os outros me amem e façam sentir digno, procurando tornar-me o que eles esperam que eu seja, desrespeitando-me portanto na minha autenticidade e no meu respeito por quem realmente sou, e procurando no exterior que os outros me dêem algo que eu próprio não sei ainda fazer por mim mesmo.
Em astrologuês, chamamos a essas duas estratégias as dinâmicas do Leão com sombra e a do o Leão sem sombra, isto é, daquele que vive preso da necessidade de reconhecimento (sombra) e aquele que por ser autêntico e criativo, acaba inevitavelmente por ser reconhecido e admirado precisamente pelo que é – e não, como insistem os fantasmas da vergonha, abandonado, rejeitado, criticado, envergonhado, ridicularizado.
Qual é o método (não a forma, porque existem muitas) de prover a esta necessidade de reconhecimento de uma forma autêntica e funcional?
Talvez correndo o risco da auto-expressão criativa e da exposição perante os outros, recorrendo ao armazém pessoal de memórias, à história de vida, à própria sensibilidade, e dando-lhes uma forma de auto-expressão criativa.
Mais ninguém pode criar o que eu crio, porque mais ninguém é eu! Mais ninguém tem dentro de si o mesmo que eu tenho, mais ninguém sente o que eu sinto, mais ninguém tem a mesma experiência de vida que eu, mais ninguém sorri, toca, abraça, cuida, ama como eu! Mais ninguém tem o meu sorriso, o meu tom de voz, o meu olhar, a minha alma, o meu coração. Tudo isso faz de mim absolutamente único. E “isso” precisa ser expresso à minha própria maneira, para encontrar a minha própria voz, a minha própria identidade, a minha própria dignidade e prazer em ser eu próprio no mundo.
Sem esta necessidade preenchida, sofremos com um dos dois extremos: narcisismo ou vergonha. E nenhum deles nos devolverá consciência – nem da nossa criatividade, nem da nossa identidade, nem do nosso valor.
Para honrar a energia de Leão, pergunte-se honestamente (e tome nota das suas respostas):
Veja na próxima página a continuação do artigo
- se não precisasse do reconhecimento dos outros, se não estivesse dependente de confirmação narcisica, se não procurasse admiração ou validação dos outros, se você fosse a única pessoa a quem agradar, ou impressionar, o que faria de diferente com a sua vida? O que deixaria de fazer? O que começaria a fazer? O que faria menos, mais, ou de maneira diferente? Onde é que está a trair a sua autenticidade para obter reconhecimento ou aprovação?
- onde está, e qual é, na sua vida o palco onde você pode brilhar? Receber aplausos? Ser elogiado? Encorajado? Admirado? Estar no centro das atenções? Porque esse palco existe, tenha ou não consciência dele. Pode ser que esteja a tentar obter reconhecimento do seu companheiro, ou dos seus filhos, ou do seu patrão, ou nos grupos onde se insere, e isso possivelmente não funciona. O que funcionaria seria ter um palco onde se possa expressar criativamente. Mas isso implica enfrentar o medo – e desenvolver o Dom de Carneiro.
- como é que expressa a sua criatividade? Pinta? Desenha? Dança? Escreve? Ensina? Fotografa? Declama? Compete? Onde dá, ou não dá, permissão a si mesmo para se descobrir a sua identidade e o seu valor, correndo riscos associados à auto-expressão criativa?
- reflicta nestas palavras atribuídas a Nelson Mandela:
"Nosso medo mais profundo não é o de sermos inadequados. Nosso medo mais profundo é que somos poderosos além de qualquer medida. É a nossa luz, não as nossas trevas, o que mais nos apavora."
Nós nos perguntamos: Quem sou eu para ser Brilhante, Maravilhoso, Talentoso e Fabuloso? Na realidade, quem é você para não ser? Você é filho do Universo. Fazer-se pequeno não ajuda o mundo. Não há iluminação em encolher-se, para que os outros não se sintam inseguros quando estão perto de si.
Nascemos para manifestar a glória do Universo que está dentro de nós. Não está apenas em um de nós: está em todos nós. E conforme deixamos nossa própria luz brilhar, inconscientemente damos às outras pessoas permissão para fazer o mesmo.
E conforme nos libertamos do nosso medo, nossa presença, automaticamente, libera os outros."
Agora vá, e brilhe. Com Amor.
Nuno Michaels:
Conselheiro astrológico a tempo integral, com mais de dez anos de experiência em aconselhamento e ensino. Mantém uma prática activa de acompanhamento a clientes em vários países do mundo e conduz grupos em Lisboa, Porto, Faro e Barcelona. É professor de Astrologia Psicológica e responsável pelo 5º Nível de Aprofundamento Astrológico no QUIRON – Centro Português de Astrologia.
Licenciado em Ciências da Comunicação pela Universidade Nova de Lisboa (1999) e finalista do Mestrado Integrado em Psicologia Clínica no ISPA – Instituto Superior de Psicologia Aplicada (2010), Life-Coach certificado pela ICC - International Coaching Community, Certificado em Consulting Skills for Astrologers (Denver, 2008 e Chicago, 2009) pela ISAR – International Society for Astrological Research.
Contactos:
Site: http://www.taoenchoice.com
E-mail: nunomichaels@gmail.com
TlM: 91 600 16 35
Comentários