Este símbolo encerra em si a ideia que toda a vida contém forças yang positivas e poderes yin negativos, que embora sejam opostos também são complementares um em relação ao outro e são dois aspetos de uma unidade.
Yang representa a positividade, a luz, ação, energia masculina e yin representa a negatividade, a escuridão, gentileza, força feminina. A vida não pode existir sem a oposição e complementaridade destes dois componentes. Yang flui continuamente até se tornar yin e vice-versa.
O termo Tai Chi significa literalmente “Princípio Infinito” e figurativamente “O Cosmo”. Segundo o grande mestre Wang Zong Yue, o Tai Chi nasce do vazio. Origina o movimento e o repouso e é a origem do yin e do yang.
O Tai Chi Chuan (ou Taijiquan, em chinês românico) usa esta ideia de fluxo yin-yang para formar uma arte marcial interna do mais alto nível. Embora a ideia geral seja que esta magnífica arte se assemelha ao yoga ou uma dança, ela é na sua essência um sistema independente de kung fu. O yin-yang manifesta-se em todos os quatro aspectos ou dimensões do Tai Chi Chuan, nomeadamente na postura, no treino da força, na aplicação e na teoria.
Reza a lenda que a origem do Tai Chi Chuan se deveu a Zhang San Feng, um sacerdote taoista, que durante a dinastia Yuan, aprendeu artes marciais no templo de Shaolin. Um dia, enquanto pensava na aparente incompatibilidade entre a força e respiração pesada da arte marcial e a sua prática taoista, sentou-se e observou como um grou e uma serpente de confrontavam num combate mortal. Observou que ambos os animais ora eram suaves, ora sólidos, mas sempre harmoniosos.
Desta observação Zhang San Feng desenvolveu o Tai Chi Chuan e engenhosamente em vez de treinar Kung Fu, Chi Kung e meditação, ele unificou estas componentes numa única arte.
Outra versão da origem desta arte interna reporta à família Chen da aldeia Chen no norte da China, por volta do fim da dinastia Sung e princípio da dinastia Yuan. Ao certo nunca saberemos a exacta origem do Tai Chi Chuan, mas sabemos que os vários sistemas actuais tiveram origem nessa forma proveniente da aldeia Chen. O estilo Chen contém técnicas duras e suaves, assemelhando-se ao Kung Fu.
Mais tarde, Yang Lu Chan aprendeu a forma Chen do Tai Chi com Chen Chang Shing e ensinou-a ao seu neto Yang Cheng Fu. Este reviu e adaptou os movimentos do estilo Chen, que continha pontapés e movimentos de execução difícil, e adaptou-os para uma forma mais suave para que todos pudessem praticar e beneficiar. Estava criado o estilo Yang, assim designado em homenagem ao seu criador. Este estilo caracteriza-se por ter movimentos circulares e largos e as técnicas são relativamente fáceis de visualizar e executar.
Wu Chuan You, um artista marcial, que anteriormente tinha praticado Shuai-jao (luta chinesa), estudou o estilo Chen com Yang Ban Ho, o filho de Yang Lu Chan. Wu, acrescentou o seu toque pessoal, nomeadamente mais projeções e chaves, ao estilo Chen e desenvolveu o estilo Wu, que usa círculos pequenos, projeções e empurrões.
Existe ainda o estilo Sun, criado por Sun Lu Tang, mestre de Hsing-i e Pa Kwa, que juntou vários movimentos e técnicas destes estilos de Kung Fu.
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Em 1989, foi criada, pela Comissão Chinesa de Desporto, a forma dos 42 movimentos, usada em competições, que combina técnicas dos estilos Chen, Yang, Wu e Sun. Esta forma contém uma rica mistura de estilos e técnicas tendo, no entanto, uma vida própria que se vê na sequência de posturas e técnicas. É indicada tanto para iniciados como para praticantes avançados.
No Tai Chi Chuan desenvolvemos força interior com especial ênfase no poder da mente e no fluxo intrínseco de energia. Durante a prática a força obtida é versátil e pode ser usada de várias maneiras. Quem aumenta o poder da mente com a meditação e a energia intrínseca desenvolve a lucidez mental necessária para observar calmamente os movimentos do oponente e canalizar a energia para as mãos e pernas e desferir golpes poderosos.
Além disso, o seu aspecto meditativo e a sua ênfase nos movimentos relaxados contribuem para a serenidade da mente e a clareza dos pensamentos.
O principiante encontrará uma primeira fase de treino mais suave mas um praticante avançado poderá combinar um poder duro, rápido com uma força suave e fluida. Este é o verdadeiro segredo do Tai Chi Chuan, o segredo da vida em si, ser sólido como uma montanha e fluir como um rio.
Esta arte é exigente e para tal devemos ter em consideração alguns conselhos fundamentais, mesmo que alguns possam soar algo estranhos ou pouco familiares só uma prática diligente trará as respostas tornando-se claro como a água:
- o Shen, ou espírito, deve-se elevar até ao topo
- recolher o peito para o chi descer para o Dan tian
- soltar a cintura e estabilizar a postura
- diferenciar entre “aparente” e “real”
- baixar e relaxar os ombros e deixar cair os cotovelos
- usar a vontade (mente) e não a força
- coordenar as partes superior e inferior do corpo
- unir o interior e o exterior, ou seja, deixar a mente comandar o corpo
- fluir em continuidade sem interrupção
- permanecer calmo e relaxado procurando a quietude no movimento
- quanto mais lento for o movimento, melhor.
Existem 13 técnicas fundamentais no Tai Chi Chuan que compreendem oito movimentos básicos de mãos e cinco movimentos básicos de pernas. Os oito movimentos de mãos são: peng (bloquear com as mãos, aparar), lu (rebater), qi (pressionar), an (empurrar), lie (estender), cai (agarrar), zhou (dar uma cotovelada), e kao (inclinar). Os cinco movimentos de pernas incluem: jin (avançar), tui (recuar), ku (para a esquerda), pan (para a direita) e ding (permanecer no centro).
Os oito movimentos de mãos e os cinco das pernas são inspirados no conceito dos oito trigramas, ou ba-gua (pakua) e nos cinco processos elementares, ou wuxing (wu hsing), respectivamente. Ambos provêm da filosofia taoista e são alicerçados no princípio yin-yang.
O Tai Chi Chuan é uma eficiente arte de combate, mas também aprimora a concentração mental e a clareza de pensamento e facilita o fluxo harmonioso de energia para proporcionar mais saúde física e emocional. É, por isso, eficaz na cura e na prevenção de doenças, tanto do foro físico, como do foro psicológico, muitas das quais a medicina convencional considera incuráveis.
Tai Chi Chuan é distinto do Chi Kung. Enquanto que o primeiro é uma arte marcial o segundo destina-se a promover a saúde através potenciação do fluxo de energia no organismo. No entanto, para atingirmos níveis avançados no Tai Chi Chuan, seja com o intuito de combate ou promoção da saúde, é necessária uma prática contínua de Chi Kung, pois sem o adequado treino do Chi será impossível desenvolver força interna, a mesma que confere ao Tai Chi Chuan os benefícios em termos de saúde e a sua excelência enquanto arte marcial.
A prática de Tai Chi Chuan, embora complexa, é aliciante. A evolução é gradual mas transporta-nos, de certeza, para patamares cada vez mais elevados do nosso auto-conhecimento permitindo que alcancemos uma maior harmonia com o Cosmo.
Sendo uma arte taoista, a sua filosofia e prática derivam de Tao Te King. No legado de Lao Tsé encontramos um pensamento que descreve a verdadeira essência do Tai Chi Chuan:
A coisa mais flexível do mundo
Vence a mais rígida
O que não existe penetra até mesmo
No que não tem frestas.
Hugo Catanho
Brahmi
Av. dos Plátanos, 51 – Loja C | Jardins da Parede
2775-352 Parede
www.brahmi.pt
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