O dia era normal como todos os demais. Estávamos à porta da associação espírita local, para mais uma actividade de atendimento ao público, como semanalmente acontece. Entretanto, apercebemo-nos de umas 4 crianças que ao passarem pela montra da associação espírita e, ao lerem a identificação da mesma, comentavam que “aqueles” (os espíritas) eram maus, porque não acreditavam em Deus. Falámos com elas, ali na rua, explicando que isso não era verdade e elas acabaram por informar que tinha sido uma amiga que lhes dissera isso. Provavelmente, a amiga, de tão tenra idade, deve ter ouvido de algum adulto. E ficámos a pensar, porque será que nós seres humanos ainda agimos assim tão levianamente... No dia seguinte, em conversa com uma outra pessoa, esta perguntava-nos, afinal o que é que o espiritismo defendia, já que “dessas coisas” só tinha ouvido falar de uns médiuns em Peniche, mas que esse levavam dinheiro às pessoas e como tal não seriam de confiança.

Curiosamente, numa época onde a informação nos entra em casa através da Internet, já não se justifica tanto desconhecimento assim. Mas, também temos de ponderar que afinal nem todas as pessoas se sentem atraídas por esta matéria ao ponto de buscarem a vastíssima informação que existe.

Daí a eterna pergunta: «Mas, afinal, quem são os espíritas?»

O espiritismo é algo de muito sério, ligado à cultura, e que nada tem a ver com charlatanice, superstição, crendices, bruxarias, magias.

Comecemos por informar que os espíritas são pessoas perfeitamente normais, com os seus empregos, famílias, e que, nas suas horas livres, se dedicam, GRATUITAMENTE, ao estudo, prática e divulgação do espiritismo. Nesse sentido, não são espíritas aqueles que lucram, exploram ou enganam em nome do Espiritismo, os que se ocupam de cartomancia, sortilégios ou adivinhações, para iludir os seus semelhantes, os que mistificam ou se atribuem falsas faculdades em cujo fundo está o absurdo, fanatismo ou interesse, os que recebem, directa ou indirectamente qualquer remuneração pela assistência que prestam ao seu semelhante, os que colocam anúncios em jornais publicitando os seus dotes e prometendo curas e resolução de problemas.

Veja na próxima página a continuação do artigo..

O espiritismo ou doutrina espírita, surge em meados do século XIX, através da pesquisa, da experiência, da observação, comparação e repetição dos factos, utilizando o método experimental e método indutivo. Dessa componente científica, aparece toda uma filosofia nova, revolucionária, que veio abalar o mundo mergulhado no preconceito e no fanatismo religioso. Essa filosofia vem dizer-nos, muito sucintamente, que existe um criador do universo, a quem chamamos Deus, vem dizer-nos que ninguém morre, que somos Espíritos imortais temporariamente num corpo de carne e que a vida desdobra-se em dois planos, ora no mundo terreno ora no mundo espiritual; vem provar-nos a imortalidade da alma, através da mediunidade ou percepção extrasensorial, onde através dos médiuns, aqueles que nos precederam na grande viagem vêm dizer que estão tão vivos como nós, vêm contar as suas alegrias ou tristezas, vêm dar provas irrefutáveis da imortalidade da alma. Essa filosofia vem dizer-nos que a reencarnação é uma realidade, que já vivemos antes desta existência terrestre e que cá voltaremos mais vezes dentro das nossas necessidades evolutivas, vem dizer-nos que de um modo geral todos os planetas são habitados pelos Espíritos, com corpos diferentes, de acordo com a organização física de cada planeta. Dessa filosofia que emana da experiência, da ciência, advém uma componente moral, que nos deixa os ensinamentos de Jesus de Nazaré como um roteiro seguro a seguir, explicando os Espíritos que Jesus foi o ser mais perfeito que já esteve à face da Terra.

O espiritismo não sendo mais uma seita, mais uma religião, é uma doutrina assente nos princípios cristãos, procurando com os seus conceitos lógicos auxiliar a humanidade a ser mais feliz.

O espiritismo, não é mais uma religião, não é mais uma seita, mas sim uma doutrina universalista que procura através da prática dos ensinamentos morais de Jesus, auxiliar a melhorar o mundo, tornando-o mais fraterno, mais pacífico, mais tolerante, explicando às pessoas do porquê da vida, de onde vêm e para onde vão, das causas dos seus sofrimentos e alegrias, mostrando o sentido que a vida tem dentro deste conceitos que estão bem expostos em cinco livros, que são obrigatórios para quem quiser conhecer o espiritismo: «O Livro dos Espíritos», «O Evangelho segundo o Espiritismo», «O Livro dos Médiuns», «A Génese» e «O Céu e o Inferno», todos eles de Allan Kardec.

De tal modo os seus conceitos são universais que qualquer pessoa, seja católica, budista ou ateu, em qualquer parte do mundo, pode estudar espiritismo e pode chegar às mesmas conclusões se puser em prática os ensinamentos práticos contidos em «O Livro dos Médiuns». Como que a corroborar isto que afirmamos temos o conhecido jogo do copo que (erradamente) os estudantes vêm praticando, com resultados, mesmo sem conhecerem o espiritismo.

Para os mais interessados existem até cursos básicos de espiritismo na Internet, gratuitos, na página da Associação de Divulgadores de Espiritismo de Portugal (ADEP), www.adeportugal.org

José Lucas

    José Lucas, 47 anos, casado, 2 filhos, militar, membro do Centro de Cultura Espírita (Caldas da Rainha) e da Associação de Divulgadores de Espiritismo de Portugal (ADEP), colaborador de vários jornais com artigos espíritas.

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