O Ayurveda, também conhecido como medicina indiana ou medicina ayurvédica, é uma grande fonte de integração de todos os níveis da nossa existência humana (Sens, 2006).
A medicina ayurvédica é um sistema baseado nos milenares Vedas e na antiga tradição védica, que oferece conhecimentos práticos de como ter uma vida saudável e significativa. A sabedoria védica é atemporal, ilimitada e, portanto, de grande importância nesta época (Frawley, 1996). Os primeiros documentos históricos relativos ao Ayurveda foram encontrados no Rig Veda e no Atharva Veda, dois dos quatro vedas principais da antiga Índia. A palavra “veda” significa literalmente conhecimento (Verma, 1995).
O Rig Veda faz referências às artes médicas e de cura, enquanto que o Atharva Veda contém os ensinamentos básicos do Ayurveda, fornecendo instruções para impedir as doenças e as calamidades. Não é um tratado exclusivo sobre medicina, mas também aborda outros aspectos da vida como o material, social, político, etc. O Atharva Veda infere sobre os seguintes aspectos da saúde:
• alimentos e digestão;
• modos de ampliar o intelecto;
• modos para se livrar das enfermidades e o conhecimento sobre plantas medicinais;
• modos para manter a boa saúde e a longevidade
• instruções para se livrar das más características e adquirir caráter e personalidade agradáveis.
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O Atharva Veda é fortemente orientado para o uso do poder do “Ser” (atman), utilizando-o como auto-sugestão e cura. Os sábios acreditavam que o uso do poder interno, aliado a medidas de precaução e remédios, auxiliaria no processo de cura pessoal (Verma, l.c.).
Apesar de o Ayurveda ter sido desenvolvido há aproximadamente 5000 anos, ele só começou a ser formalizado entre 2500-500 a.C. (Sens, l.c.). O texto mais completo e detalhado que possuímos sobre este sistema médico tradicional é o Caraka Samhita que foi escrito pelo menos mil anos depois do Atharva Veda. Diz-se que os conceitos básicos do Caraka Samhita foram originalmente formulados pelo sábio Atreya que viveu em torno do século VII a.C.. Acredita-se que esses conhecimentos ayurvédicos lhe foram enviados pelos deuses (Verma, 1995).
O Caraka Samhita é importante e revolucionário porque ele se livra das crenças e superstições dos tempos antigos no que diz respeito à causa e cura dos distúrbios, e desenvolve uma atitude racional em relação a estes problemas. Ele enfatiza o processo da investigação que é essencial para se chegar até as verdades científicas (Verma, l.c.).
Existem outros textos ayurvédicos que são de grande importância e valor. O Sushruta Samhita foi escrito por Sushruta, provavelmente contemporâneo de Atreya. Este livro é de grande valor pois além de informações sobre a medicina clínica, contém descrições de técnicas cirúrgicas. Outro texto importante sobre a medicina ayurvédica é o Ashtanga Samgraha, de Vagbhata. Ele resumiu as visões de Atreya e Sushruta e acrescentou dados científicos e originais ligados ao tratamento das doenças.
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Apesar de ser uma ciência antiga, o Ayurveda não é estático, sendo constantemente enriquecido pela adição de novos conhecimentos. Com a visita de Alexandre, o Grande, à Índia no século III a.C., novas plantas e métodos de tratamento foram incorporados a este sistema. Na verdade, alguns antigos métodos de tratamento greco-arábicos sobreviveram na Índia embora tenham se perdido em seus países de origem. Da mesma forma, durante os últimos duzentos anos a pesquisa científica moderna ajudou na obtenção da composição química de plantas medicinais e o fundamento lógico por trás das terapias ayurvédicas (Verma, l.c.).
A estruturação científica do Ayurveda acontece especialmente na Índia, onde ele é ensinado nas universidades nos cursos de medicina, em conjunto com os conhecimentos da medicina ocidental contemporânea. Em 1978 foi criado pelo governo da Índia o Conselho Central para Pesquisa em Ayurveda e Siddha, visando à validação científica das práticas médicas tradicionais. Com a integração do Ayurveda ao sistema político e científico oficial, as universidades abriram espaço para estudos, pesquisas e ensino acadêmico dessa ciência, vindo a confirmar as suas bases teóricas através de experimentos cientificamente reconhecidos (Sens, 2006).
O Tridosha: Os Três Princípios Vitais
Segundo os Vedas, a natureza (Prakriti) é de uma substância heterogênea com ações variadas. Ela é composta de três gunas (ou qualidades primárias): a) sattva (equilíbrio e inteligência); b) rajas (ação e energia) e c) tamas (inércia ou materialidade), e de suas interações infinitas. As gunas são as forças primordiais por trás da evolução cósmica. Somente no nível de puro sattva (a claridade da mente mais elevada) podemos alcançar um acesso permanente ao Eu superior (Purusha) e à saúde plena e total. Por essa razão, tanto o Yoga como o Ayurveda ressaltam a importância do cultivo da guna sattva (Lele, et al., 2005).
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Da combinação das três gunas surgem os cinco elementos (Pancha Mahabhutas): Terra, Água, Fogo, Ar e Éter, correspondendo, respectivamente, as formas sólida, líquida, radiante, gasosa e etérica da matéria, que são os pontos centrais dos pensamentos ióguicos e ayurvédicos. A partir de sattva (equilíbrio e inteligência) surge o Éter. A partir de rajas (ação e energia) surge o Fogo. A partir de tamas (inércia ou materialidade) surge o elemento Terra. Da interação de sattva com rajas resulta o elemento Ar, móvel e sutil. E da interação de rajas com tamas surge o elemento Água, combinando mobilidade e inércia (Frawley & Lad, 2004). Os elementos sutis do Ar e do Éter controlam os elementos brutos da Terra, da Água e do Fogo.
Todas as substâncias orgânicas e inorgânicas são derivadas desses cinco elementos básicos. O elemento Éter é espaço, energia nuclear e a primeira expressão da consciência. O elemento Ar é o princípio do movimento e governa todos os movimentos sensoriais e motores. O elemento Água é um solvente químico universal e no corpo humano está presente no plasma, citoplasma, fluido cérebroespinal, humor vítreo, secreções glandulares, saliva, secreção pleural, secreções mucosas gástricas, suor e urina. O elemento Terra é representado pelos minerais e pelas estruturas rígidas do corpo. O elemento Fogo é agni, energia radiante, e se manifesta no calor corporal, nas enzimas digestivas, nos aminoácidos e em todas as atividades metabólicas do organismo (Lad, 2002).
Os elementos mostram que todo o universo é formado por diferentes freqüências ou vibrações da mesma substância fundamental (Prakriti), assim como a água pode ser encontrada nos estados sólido, líquido e gasoso. Desses cinco grandes elementos surgem os três estados de espírito biológicos ou doshas, que são os pontos centrais do Ayurveda. Todas as funções físicas e mentais do corpo são governadas pelos três princípios vitais ou tridosha: Vata, Pitta e Kapha. Eles representam os cinco elementos imbuídos pela força da vida (prana). Cada dosha é composto de dois dos cinco elementos básicos, além de uma porção das três gunas (Lele, et. al, 2005).
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Os três doshas são os elementos mais importantes por trás da saúde e da doença. Para que possamos entendê-los com mais facilidade, podemos compará-los às três forças em funcionamento na atmosfera – o vento, como Vata; o calor (principalmente a força do Sol) como Pitta; e a umidade (tanto na terra como na atmosfera), como Kapha. O vento, o calor e a umidade e suas interações criam todos os padrões climáticos no planeta. Eles são responsáveis por todas as mudanças de temperatura e clima, conforme flutuam ao longo das estações do ano. Da mesma forma, os três doshas agem sobre nosso clima ou atmosfera interna através das interações infinitas de Vata (movimento), Pitta (calor) e Kapha (umidade), por meio dos ritmos de tempo e do processo de envelhecimento (Lele, et. al, l.c.).
I) Dosha Vata: O Princípio do Movimento
• O Vata representa tudo aquilo que move ou transporta coisas. Ele é formado pelos elementos Éter e Ar, que são respectivamente as condições de repouso e de movimento deste dosha.
• Assim como os elementos que o compõe, Vata é frio, seco, leve, móvel, áspero, duro, sutil, mutável e irregular. Vata governa todo o movimento e carrega tanto Pitta quanto Kapha (Frawley & Lad, 2004).
• O Vata é responsável por todas as percepções do corpo. É a força principal que rege o transporte de fluidos, a descarga de secreções e a eliminação de materiais residuais. Os distúrbios físicos principais causados pelo desequilíbrio de Vata são a depleção de tecidos, a fraqueza, a desidratação e as perturbações na mente e do sistema nervoso.
• O Vata controla a mente e os sentidos, que operam por meio de sua força bioelétrica, garantindo o funcionamento rápido e equilibrado do organismo. Ele proporciona agilidade, adaptabilidade e habilidade para a mente. Emocionalmente, os principais distúrbios do Vata são o medo e a ansiedade, causando desequilíbrio e instabilidade quando não está em boas condições ou em excesso. • A forma dominante ou sutil do Vata é o prana ou a força da vida, a energia vital básica por trás de tudo aquilo que fazemos. O prana é responsável por nosso equilíbrio orgânico, secreções hormonais, crescimento, cura, criatividade e rejuvenescimento. É a força dominante em todos os nossos estados e condições do corpo e da mente.
• O principal local do Vata no sistema digestivo é o intestino grosso, se acumulando na forma de gás residual. Desse ponto ele é transportado por meio do sistema circulatório para locais debilitados no corpo, onde ele causa diversas doenças de Vata, como artrite, perda de peso, insônia, agitação da mente e distúrbios no sistema nervoso (Lele, et. al, 2005).
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II) Dosha Pitta: O Princípio da Digestão ou Termogênese
• O Pitta representa tudo aquilo que altera ou transforma coisas. Ele é formado pelos elementos Fogo e Água.
• Assim como os elementos que o compõe, Pitta é quente, levemente úmido, fluido, sutil, suave, leve, claro e cheira forte (Frawley & Lad, 2004).
• O Pitta é responsável pela conversão do alimento em calor, tecidos e materiais residuais. Ele controla a digestão e o metabolismo a partir do nível celular até o nível dos tecidos, envolvendo o corpo como um todo. Seus principais distúrbios são: febre, infecções, inflamações e sangramentos.
• No nível mental, o Pitta é responsável pela percepção, pelo julgamento e pela determinação, e garante clareza e discernimento para a mente. Emocionalmente, o Pitta cria propulsão e paixão e seu principal destemperamento é a raiva, que nada mais é do que uma espécie de calor ou fogo emocional.
• A forma dominante ou sutil do Pitta é chamada de tejas, que proporciona um calor positivo, radiação e discernimento. O tejas nos dá vigor sexual, coragem e a capacidade de lutar contra doenças e resistir ao frio.
• O principal local do Pitta no corpo fica no intestino delgado, onde ele se acumula na forma de ácido e calor. Dali é transportado pelo sistema circulatório para locais debilitados no corpo e causa diversas doenças de Pitta como úlceras, infecções e inflamações de vários tipos, principalmente problemas sangüíneos (Lele, et. al, 2005).
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III) Dosha Kapha: O Princípio da Umidade
• O Kapha representa tudo aquilo que junta ou une as coisas. Ele é formado pelos elementos Água (estado de movimento) e Terra (estado de repouso).
• Assim como os elementos que o compõe, o Kapha é frio, úmido, pesado, lento, estático, denso, liso e nebuloso. Ele mantém a substância, o peso e a coerência do corpo (Frawley & Lad, 2004).
• O Kapha é responsável pela formação de novos tecidos, pela hidratação, lubrificação e proteção do corpo contra o calor, vento, deterioração e ruptura. O corpo como um todo é composto principalmente de Kapha (Terra e Água). Os principais distúrbios físicos deste dosha são os acúmulos de saliva, água ou excesso de desenvolvimento de tecido, especialmente gordura ou tecido adiposo. • Psicologicamente, o Kapha é a base dos sentimentos e emoções, amor e carinho. Ele transmite estabilidade, calma e contentamento à mente. Emocionalmente, seu principal problema é o apego ou sentimento de fixação, que resulta do excesso de sensações na mente.
• A forma dominante ou sutil do Kapha é chamada de ojas, que é a essência de todos os tecidos do corpo. O ojas é responsável pela resistência a doenças, durabilidade, força, paciência, fertilidade e longevidade. O ojas nos garante as bases de uma boa saúde, felicidade emocional e paz de espírito.
• O principal local do Kapha do corpo fica no estômago, onde ele se acumula na forma de muco ou fleuma. Dali ele é transportado através do sistema circulatório para locais debilitados no corpo e causa diversas doenças de Kapha, como asma, diabetes, edema, doenças cardíacas e obesidade (Lele, et. al, 2005).
A saúde consiste no desenvolvimento preciso e na interação harmoniosa dos três doshas. A doença é causada por seus desequilíbrios, excessos e movimentos inadequados (Lele, et al., l.c.). Na tabela 1 são apresentados uma síntese dos doshas e seus respectivos elementos, assim como os aspectos físicos e as funções psicológicas que cada um confere ao organismo.
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Os Três Doshas e o Tratamento das Doenças
No Ayurveda, os pacientes são tratados de acordo com suas constituições. O tratamento não é sintomático, mas vai à raiz fisiológica e psicológica do indivíduo. A proposta do Ayurveda não é curar uma doença em particular, mas conduzir cada indivíduo a sua própria harmonia natural. Ele vai ao ponto central de todas as doenças que estão se manifestando no indivíduo. Para a compreensão holística do Ayurveda, tratando-se pontualmente da doença a cura é apenas superficial (Frawley & Lad, 2004).
O conhecimento da constituição individual é a chave para um cuidado holístico e integral da saúde, a verdadeira base para qualquer medicina preventiva. Através dos elementos e dos doshas, determina-se a natureza básica dos diferentes indivíduos e se estabelece uma linha única de tratamento para cada pessoa (Sens, 2006). Na diferenciação de doenças de acordo com a constituição, nós compreendemos porque diferentes ervas tratam a mesma doença ou porque certas ervas tratam muitas doenças (Frawley & Lad, l.c.).
Isso não significa que o Ayurveda catalogue as pessoas em três estereótipos básicos. A partir dessas três constituições (Vata, Pitta e Kapha), ocorrem combinações, gerando inúmeras possibilidades. Cada pessoa possui uma proporção única dos três doshas no corpo determinada já no nascimento. A essa proporção imutável dá-se o nome de prakrutti, e de acordo com ela, as características físicas, psíquicas e espirituais do indivíduo se manifestam (Sens, l.c.).
Porém, em conformidade com a rotina, hábito, alimentação, clima, entre outros fatores, a constituição dos doshas pode se distanciar do equilíbrio da prakrutti do indivíduo e adquirir uma constituição momentânea diferente, denominada de vikrutti (Verma, 1995). A saúde acontece quando a vikrutti coincide com a prakrutti, e esse é o objetivo de qualquer tratamento ayurvédico (Lad, 2007).
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No Ayurveda, o indivíduo é tratado equilibrando-se o seu dosha predominante pelo uso de ervas e por terapias de naturezas opostas às daquele dosha. Terapias aquecedoras e secantes são usadas para indivíduos de constituições Kapha, os quais tendem a acumular frio e umidade. Terapias aquecedoras e umidificantes são usadas para indivíduos Vata, que tendem acumular frio e secura; e tratamentos resfriantes e secantes são usados para indivíduos Pitta, os quais expressam as propriedades do calor e da umidade. Para se usar as ervas, ou para se aplicar qualquer forma terapêutica, é necessário saber a constituição dóshica de cada indivíduo, assim como a natureza específica da doença (Frawley & Lad, 2004).
Entretanto, uma vez que uma determinada erva possa elevar um dosha em particular, não significa que ela nunca possa ser utilizada para tratar o mesmo dosha. Ela pode ser útil para um uso a curto prazo ou se o seu uso for equilibrado por outras ervas com propriedades opostas mais fortes às daquele dosha dominante.
Uma mesma doença pode ocorrer em pessoas com diferentes constituições, e por isso ela deve ser tratada diferentemente. A asma, por exemplo, pode ocorrer devido a um desarranjo de Kapha, ocasionada por uma quantidade excessiva de água nos pulmões; por um desarranjo de Vata, devido a uma hiperatividade nervosa dos pulmões; ou devido a um desarranjo de Pitta, ocasionado por um acúmulo de calor e umidade nos pulmões. Uma mesma terapia não funcionará eficientemente para tratar a asma de cada um dos casos. Meramente saber que uma determinada erva “funciona” para tratar certa doença, não significa ser ela eficiente em todos os casos, uma vez que depende da especificidade do dosha (Frawley & Lad, l.c.).
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Por outro lado, o mesmo problema constitucional ou o mesmo dosha agravado podem ocasionar várias doenças. E todas elas podem ser tratadas da mesma forma, trazendo o dosha agravado de volta ao seu equilíbrio. Vata elevado, por exemplo, pode se manifestar como dor ciática, artrite, constipação, dores de cabeça, pele seca, gases e indigestão, sendo todas estas enfermidades aliviadas por uma linha única de tratamento.
A constituição individual geralmente representa uma propensão de adoecimento para o indivíduo. Por exemplo, uma pessoa Kapha tende a sofrer de doenças típicas de Kapha como perdas de calor e desordens congestivas. Entretanto, um indivíduo também pode sofrer de doenças de naturezas diferentes da sua própria constituição, como, por exemplo, uma queda de temperatura gerada por uma agravação de Kapha sofrida por uma pessoa de Pitta. Assim, nós não podemos considerar somente a natureza do indivíduo, mas também devemos notar aquela da doença, e assim tratarmos ambas.
O conhecimento específico da doença e das ervas medicinais nos fornece uma linha de referência. O conhecimento da constituição específica sobre a qual as ervas funcionam também é outra linha de referência. Associando ambas, é muito mais fácil identificar um tratamento realmente eficaz para a cura (Frawley & Lad, l.c.).
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Fisiologia Ayurvédica
De acordo com a fisiologia ayurvédica, os três doshas são responsáveis pelos processos vitais que sustentam o funcionamento do corpo. O Ayurveda explica que cada dosha dispõe de estruturas físicas, elementos funcionais e mecanismos fisiológicos próprios para comandar as funções orgânicas pelas quais cada dosha é responsável (Carneiro, 2007).
Vata, o dosha responsável pelos processos de circulação, movimento e percepção de sensações, realiza suas funções através de um completo sistema de canais que permeiam todo o corpo e que recebem o nome sânscrito de srotamsi (D’Angelo & Côrtes, 2008).
O dosha Pitta, responsável pelos processos de transformação e metabolismo do corpo, governa suas funções através de um complexo sistema de enzimas que entram em todos os processos metabólicos ocorridos no organismo humano, desde a digestão, que se dá na boca e no trato gastrintestinal, passando pelo sangue e pelas células, até o metabolismo dos cinco elementos dentro do corpo (Mahabhutas). Esse comando inclui tanto a formação dos nutrientes (anabolismo) quanto à produção dos restos ou dejetos (catabolismo) (Lad, 2002).
Kapha, o dosha responsável pela estrutura física, forma material e coesão das diversas substâncias do corpo, governa suas funções por meio de um sistema de tecidos orgânicos (dhatus), materiais de excreção (malas) e secreções fisiológicas, que são todos eles elementos e substâncias concretas do nosso organismo (Carneiro, l.c.).
Excerto do trabalho apresentado à Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil, como requisito para a conclusão do Curso de graduação em Ciências Biológicas e reproduzido com a permissão do autor (André Manfrini) para www.YogaVaidika.com. Imagem de topo propriedade de Himalayan Academy, usada sob licença Creative Commons.
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